Capítulo 22 - Paz inútil...

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Esses fatos ainda são a continuação do que estava na carta que recebi de papai...

1998

Mamãe me encontrou em Hogwarts. Ela não brigou comigo por eu ter sumido no meio da noite da casa da vovó e ter me arriscado daquele jeito.

Ela entendeu na hora a dor que eu estava sentindo sem precisarmos trocar nenhuma palavra.

Eu não queria sair de perto de papai e Tonks, então permaneci abraçada a mamãe sentada entre os dois.

Um tempo depois acabei deixando que ela me levasse para casa. Com o fim da guerra podíamos aparatar livremente. O perigo havia acabado, e toda minha esperança em ter uma vida feliz também.

Quando me vi na cozinha de casa lembrei do dia que papai trouxera minha carta de Hogwarts e o desespero tomou conta de mim novamente.

Sem força nem vontade de me manter em pé, cai de joelhos no chão escondendo meu rosto e chorando alto.

Wesley veio correndo da sala ver o que acontecia e encontrou mamãe me segurando com força quando comecei a me debater socando o piso frio da cozinha.

- O que aconteceu Anne? - o ouvi perguntar e só pela voz notei que ele estava assustado.

- Houve uma batalha entre os bruxos, o pai dela e a esposa não sobreviveram.

Ouvir mamãe dizendo aquilo doeu ainda mais. Eu queria acreditar que estava tendo um pesadelo e logo acordaria, mas aparentemente tudo era verdade.

- Lana, filha, se acalme - senti Wesley acariciando meus cabelos, coisa que ele nunca fizera e tentei me afastar voltando a me debater chutando as cadeiras da mesa próximas a mim.

Percebi que os dois ficaram bastante preocupados com minha agitação, mas eu não conseguia, nem queria me controlar.

- Você tem alguma coisa que possamos dar para ela? - ouvi mamãe perguntando.

- Acho que tenho.

Wesley se afastou e voltou logo depois.

- Isso aqui não é muito forte, mas vai acalmá-la - olhei para ele pelo canto do olho e o vi preparando uma seringa.

Eu gritei, mas não com medo da agulhada e sim porque não queria que me tirassem os sentidos.

Queria gritar e chorar até papai voltar para mim, ou até eu me juntar a ele. O que acontecesse primeiro. Péssima hora para morar na casa de um médico.

- Tenha calma, meu anjo é para o seu próprio bem - falou mamãe de forma carinhosa.

Tentei resistir e me afastar, mas ela me segurou com firmeza e senti a picada no meu braço direito.

A princípio só ardeu e então aos poucos percebi um formigamento se espalhar pelo meu corpo. Eu ainda conseguia gritar, mas não tão alto.

As lágrimas saíam sem controle e meu coração ainda batia acelerado, mas meus músculos foram relaxando.

Tentei resistir, mas acabei me rendendo no colo de mamãe com o olhar perdido chorando em silêncio.

*
- Filha - ouvi a voz de mamãe me chamando sentada na beirada da minha cama.

Será que tudo aquilo não havia sido um grande pesadelo afinal?

- Vão fazer um funeral em Hogwarts em homenagem a todos que morreram na guerra. Você quer ir?

Então era verdade. Senti como se meu peito afundasse. Não havia mais coração ali.

Acenei com a cabeça em resposta afirmativa.

Livro 5 - O Último InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora