Capítulo 12 - Motivos para reagir

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1997

Não podíamos aparatar. Com tantos machucados o risco de eu estrunchar era real. Pelas lareiras também não era muito seguro, então o jeito foi apelar para o trem em Hogsmeade que nos levaria até Kings Cross onde mamãe nos pegaria de carro e levaria até a casa dos pais de Tonks.

Não sei como seria viver lá. Cinco pessoas em uma casa com dois quartos parecia um pouco tumultuado, mas se aquela havia sido a decisão deles, ao invés de abrigar todos na nova casa de papai e Dora, deveria haver um motivo.

Para sair da escola foi outra preocupação, mas tanto a professora Minerva McGonagall quanto Madame Pomfrey nos garantiram que caso o porquê da nossa partida fosse questionado elas testemunhariam a favor afirmando que se permanecesse na escola sem receber cuidados exclusivos acabaria morrendo.

Eu havia emagrecido e a febre ainda persistia. Deixei Hogwarts nos braços de papai e a professora nos acompanhou até os portões. Por sorte, minha saída sequer foi questionada.

Chegamos a Kings Cross à noite. Mamãe já estava nos esperando. Papai mandara um bilhete para ela por uma coruja apenas com o horário que chegaríamos sem especificar nenhum local no papel.

- Filha - ela correu para me abraçar, mas assim como tinha feito quando a vi logo após ser resgatada de um sequestro em Junho de 1996, me escondi atrás de papai. - Está machucada? - mamãe entendeu meu gesto.

Balancei com a cabeça indicando que sim. Ela sorriu e me puxou pela mão com carinho segurando meu rosto e beijando minha bochecha.

- Você está com febre - anunciou ela.

- Tem ido e voltado - explicou papai. - O machucado nas costas está infeccionado e está causando isso. Mas não podemos ficar parados aqui - papai olhava para alguns Comensais que circulavam pelo local.

Rapidamente deixamos a estação e quando já estávamos longe da visão de qualquer bruxo seguimos para o carro. Ela dirigiu com as indicações de papai. O tempo todo mamãe olhava para mim deitada sobre o colo dele no banco de trás.

Quando chegamos à casa de Andrômeda mais uma vez tive que me esconder de abraços apertados. Papai foi quem explicou para Tonks e a mãe o motivo. Ambas então me cumprimentaram como mamãe havia feito.

- Eu concordei com seu pai que é melhor você ficar aqui filha porque como Wesley e eu ainda estamos trabalhando, você passaria muito tempo sozinha. Tudo bem para você?

Concordei com um aceno com a cabeça.

- Vocês estão seguros? - perguntei.

- Sim meu doce. Além de ter protegido a casa, aparentemente o fato de eu viver como trouxa há tanto tempo está me ajudando a passar despercebida - ela sorriu.

- Cuidado.

- Vamos ter filha.

Mamãe me deu um beijo na cabeça.

- Depois vou colocar suas roupas em uma mala e mandar para cá, tudo bem? - ela olhou para todos os presentes e não houve objeção a sua ideia.

- Minerva deve ter mandado o malão da Lana para a sua casa - comentou papai.

- Então assim que chegar lá eu separo algumas coisas e mando. Se você precisar de mais é só me mandar uma mensagem.

Mamãe aceitou meu silêncio como um acordo.

- Fica bem, tá? - ela beijou minha bochecha direita aflita por ter que se separar de mim. - Muito obrigada por cuidar da minha filha - ela agradeceu a Andrômeda e Tonks.

- Não precisa agradecer, sua filha faz parte da nossa família - respondeu Andrômeda enquanto Dora acenava com a cabeça em acordo.

- Anne, a estrada vai desaparecer à medida que você for andando nela, tudo bem?

- Claro Remus. Imaginei que aconteceria algo assim. Uma estrada trazendo direto para cá chamaria uma atenção desnecessária.

Mamãe ainda demorou um pouco se despedindo. Senti que ela não queria ir embora, principalmente comigo naquele estado tão abatido, mas eu não conseguia parecer menos mal. Por fim ela entrou no carro e se foi. Fiquei parada no mesmo local fazendo força para não chorar.

- Quer se deitar filha? - perguntou papai.

Acenei que sim com a cabeça.

- Estávamos ampliando a casa - segui de mãos dadas com ele pelo corredor. - Ted e eu construímos um quarto para o bebê e íamos construir um para você também, mas não tivemos tempo.

- O que aconteceu?

- Papai teve que sair de casa - respondeu Tonks que vinha logo atrás de nós. - Está sendo caçado por ser nascido trouxa.

- Sinto muito - disse a ela que apenas concordou com um aceno de cabeça e voltou para a cozinha onde Andrômeda havia ficado.

- Não é muito grande, mas você vai ficar confortável. Se precisar de mim estou logo aqui do lado. Eu e Tonks estamos no quarto de casal no final do corredor. Andrômeda ficou com o quarto da filha.

Abracei papai.

- Preferia um milhão de vezes estar sofrendo no seu lugar só para você não ficar assim.

- Não diga isso pai...

Entramos no quarto. Havia um berço à esquerda da porta e um pequeno guarda-roupa branco na parede oposta a ele. No fundo do cômodo, embaixo de uma janela estava a cama de solteiro e ao lado dela, perto da cabeceira, uma poltrona de tecido claro com babadinhos na parte de baixo.

Sentei sobre a cama e comecei a desatar as fivelas dos meus sapatos. Papai terminou de tirá-los para mim.

- Assim que sua mãe mandar as roupas eu trago para você está bem? - ele falava da forma mais doce e mansa que conseguia.

Estiquei os braços em sua direção e ele entendendo a mensagem sentou ao meu lado e me puxou para seu colo. Definitivamente eu estava um pouco grande para caber ali, mas ainda era meu porto seguro.

- Você ainda está febril, vou trazer uma poção pra você tomar - comentou papai. - Quer que eu traga algo para você comer? O que você quiser.

Neguei com um aceno de cabeça.

- Lana, você precisa comer - papai pegou um embrulho no bolso do paletó. - Quer chocolate? - me ofereceu.

- Não...

Desci do colo dele e me deitei na cama virada de costas com o corpo encolhido. Ouvi papai lamentar com um suspiro e aquilo doeu em mim, mas não tinha forças.

- Se precisar de qualquer coisa pode me chamar - senti um cobertor sendo colocado sobre meu corpo e depois fiquei sozinha.

Naquele momento desejei ter ficado em Hogwarts. Tudo o que estava acontecendo já estava ruim demais para piorar com o sofrimento de papai me vendo daquele jeito. Mas eu não tinha a mínima vontade de continuar vivendo. Apesar de amar muito minha família, não estava encontrando motivos para querer reagir.

***
Eu também não consigo conter as lágrimas escrevendo ou revisando essa história. Quando Lana me encontrou pela primeira vez não tinha ideia de que havia fatos tão tristes na vida dela, mas prometi ir até o fim e espero que vocês venham comigo. Não esqueçam de deixar seu comentário e o seu voto no capítulo!

Gostaria de aproveitar e falar aqui para quem ainda não sabe que eu tenho mais dois perfis no Wattpad. helainaideas, com histórias autorais e magifanfic com histórias dos Marotos e de Animais Fantásticos. Venham ler!

Livro 5 - O Último InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora