Capítulo 23 - A volta de um antigo costume

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Os pergaminhos que recebi de papai foram escritos de forma extensa e detalhada. Serão muitos capítulos com a história contida neles. Mas fiquem tranquilos que quando eu voltar a escrever a história de que realmente me lembro, direi à vocês.

1998

Perdi a conta dos dias. Tudo o que eu fazia era ficar deitada na minha cama ocasionalmente recebendo alguma comida líquida dada por mamãe ou Wesley.

Ele inclusive estava sendo o pai que não fora durante anos. Será que por papai ter morrido se achava na obrigação de tomar o lugar dele? Pois nunca conseguiria.

Andrômeda veio me ver algumas vezes, mas ela não podia demorar muito por causa do Teddy. Como ele era muito novo para aparatar, vovó o deixava na casa da senhora Weasley.

Apesar de Molly adorar cuidar do meu irmão com a ajuda dos filhos, Hermione e Harry, Andrômeda assumiu toda a responsabilidade na criação do neto e ninguém iria tirar isso dela.

Não conversávamos muito até o dia que ela me fez um convite.

- Lana, vai ter uma reunião na casa do senhor Weasley no próximo Sábado e eles gostariam muito que você fosse.

Olhei para ela contrariada.

- Não é uma festa - ela se apressou em dizer. - É um projeto da Ordem da Fênix.

Virei na cama ficando de costas para vovó.

- Vai fazer bem pra você filha. Você vai estar entre amigos - ouvi mamãe dizer sentada aos pés da cama.

- Eu mesma te levo - Andrômeda sugeriu.

- Aceita - insistiu mamãe.

Respirei fundo e olhei para as duas. Lembrei-me das palavras que Andrômeda havia me dito meses antes enquanto eu estava de luto pela morte de Jimmy sobre deixar as pessoas fazerem as coisas por mim quando eu mesma não conseguir fazê-las.

- Tudo bem. Pode vir me buscar - respondi puxando os cobertores mais para cima do corpo até quase cobrir minha cabeça.

- Obrigada - ouvi mamãe sussurrando para Andrômeda.

Antes de sair senti vovó se despedindo com um beijo.

*
Apesar de não ser uma festa havia muita comida, bebida e gente falando alto na Toca. Fiquei um pouco incomodada com aquela movimentação e passei o tempo todo ao lado de vovó.

Como havia prometido, no início da tarde ela passou na casa de mamãe para me buscar e aparatamos próximo à casa do senhor e senhora Weasley.

Eles foram muito atenciosos comigo e tentaram me fazer sentir confortável. Principalmente Molly que passou um bom tempo tentando me convencer a comer alguma coisa. Mas eu rejeitei tudo da forma mais educada que pude.

Quando todos os que haviam sido convidados chegaram, Harry pediu a atenção para ele e começou a falar.

- Desde o dia 2 de Maio que não consigo parar de pensar em uma frase que uma pessoa me disse: "Estive tentando construir um mundo em que eles pudessem viver uma vida mais feliz". E acho que depois de toda nossa luta não deveríamos deixar uma lição como essa morrer. Chegamos à conclusão que é preciso espalhar essa mensagem. Inclusive entre os trouxas e pedi à Hermione que pesquisasse uma forma de fazer isso sem nos expor.

Ele olhou para a amiga, que imediatamente corou.

- Ela descobriu que no passado era comum os bruxos contarem acontecimentos significativos como esse para os trouxas com a intenção de fazer a mensagem se propagar ao maior número de pessoas possível - Harry andava de um lado para o outro. - Eles faziam isso através de livros, que acabavam classificados como fantasia nas estantes trouxas. Por mais que tenham lições valiosas, eles tem uma dificuldade enorme em acreditar na existência da magia.

Ouvi alguns risinhos e sussurros por parte dos presentes.

- Nosso projeto então é: encontrar uma escritora, ou escritor para contar o que aconteceu com a gente tornando-os mais capazes de escolher entre o que é fácil e o que é certo.

Muitos ali ficaram receosos.

- Tem certeza que devemos mesmo levar nossa história ao conhecimento dos trouxas? - perguntou um bruxo que eu nunca tinha visto.

- Estou seguro de que trará mais benefícios do que malefícios - respondeu Harry.

- Mas não há perigo deles entrarem em pânico ao saberem da existência da magia?

- Não se encontrarmos a pessoa certa para contar a história - disse Hermione.

Parecia uma ideia boa. Talvez assim mais pessoas soubessem a consequência de uma guerra e passassem a evitá-las a todo custo. Só não havia entendido o motivo da minha presença ali.

Aos poucos as pessoas foram se dispersando e passaram a debater sobre o tema. A maioria parecia de pleno acordo.

- Lana - ouvi uma voz masculina me chamando.

Virei para ver quem era e fiquei de frente a Harry.

- Obrigado por ter vindo. Eu queria que você ouvisse todo o plano - ele deu um pequeno sorriso e continuou. - Quem me disse aquela frase me fazendo pensar em espalhar a mensagem foi seu pai.

- Vocês se encontraram no castelo durante a batalha?

- Bom, sim, foi durante a batalha, mas ele não estava mais vivo.

- E como ele falou com você?

Harry me contou toda a história sobre a Pedra da Ressurreição e de como havia encontrado os pais, Sirius e meu pai antes de ir enfrentar Voldemort. Lembrei na hora do conto dos Três Irmãos e sobre como aquela pedra funcionava. Infelizmente ela não podia trazer papai e Tonks de volta. Do mesmo jeito que o impulso de procurar pela pedra na Floresta Proibida apareceu, foi embora.

- Sua ideia é realmente muito boa, - comentei. - Mas eu posso te pedir uma coisa?

- Claro Lana - Harry sorriu com mais vontade.

- Me deixa fora da história.

- Como assim?

- Não conte a essa pessoa sobre mim. Não vai fazer nenhuma diferença e sei que você consegue contar como papai era um bom homem sem precisar que eu esteja lá. Só vai trazer mais tristeza para quem ler. Meu sofrimento vai deixar as pessoas sem esperança, e a mensagem deve ser exatamente o contrário.

- Mas você é importante, precisa estar lá.

- Não Harry... Por favor - comecei a ficar aflita e com os olhos cheios de lágrimas que logo desceriam pelo meu rosto. - Já vai ter o Teddy lá, e a Tonks... Todos vão ver como papai foi corajoso, honrado e amou com todas as suas forças.

- Tem certeza?

- Absoluta.

- Se é assim que você prefere... - ele ficou um pouco decepcionado. - Mas se mudar de ideia, me mande uma coruja.

- Tudo bem. Obrigada - dei um sorriso sem muito ânimo enquanto limpava as lágrimas. - Mas não espere por isso.

Harry concordou com um aceno de cabeça e se afastou para atender um grupo com quatro bruxos que o chamava.

Fiquei um tempo pensando se todos os contos de fadas que eu havia lido até aquele dia haviam sido escritos da mesma forma. Era incrível imaginar que tudo poderia ser real.

Estava com vontade de perguntar Hermione sobre suas pesquisas, mas acabei desanimando com tanta gente falando, rindo e comendo.

Na primeira oportunidade que tive, pedi vovó que me levasse para casa.

***
Bom, acho que isso explica o motivo de eu não aparecer nos livros da JK Rowling, não é? Eu nunca poderia imaginar o impacto que nossa história causaria em alguns leitores e por isso depois de tanto tempo resolvi pedir a ajuda de uma outra escritora (a que está transportando minhas memórias para o papel) para contar o que realmente aconteceu. Espero que vocês não estejam se perdendo na história! Qualquer coisa é só perguntar! E não se esqueçam de votar e comentar!

Livro 5 - O Último InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora