Capítulo 9 - Confinados

304 29 22
                                    

1997

Nas semanas que se seguiram eu me senti uma sombra pelos corredores da escola. Não conseguia conversar com ninguém nem comer direito. A notícia da morte de Jimmy logo se espalhou pelos alunos e os antigos professores, mas minha apatia foi interpretada pelos irmãos Carrow como aceitação do novo regime o que me manteve longe de detenções mesmo sendo pouco participativa nas aulas.

Até aquele dia.

- Hogwarts não é sua casa para você espalhar seu material pelo chão - ouvi a voz de um jovem bruxo enquanto ia em direção à sala de aula voltando do banheiro.

- Mas eu não fiz de propósito, eu tropecei e meus livros caíram - ouvi a voz chorosa de um menino.

Segui na direção do lugar de onde vinham as vozes e paralisei com a cena. Um bruxo da Sonserina, muito alto e robusto ameaçava azarar um aluno da Lufa-Lufa que recolhia apressado seu material espalhado pelo chão. Na hora me lembrei de quando vi Jimmy pela primeira vez em uma situação muito semelhante.

- Mentiroso! Agora você vai aprender uma lição! - ele ergueu a varinha. - Crucio!

Sem parar para pensar me joguei sobre o menino recebendo em cheio a maldição.

- Mas tem que aparecer a Grifinória pra atrapalhar! - reclamou o garoto.

- Pega suas coisas e corre - me esforcei para dizer ao menino enquanto tentava não pensar na dor. - Volte para o seu salão comunal e fique lá.

Fiquei feliz vendo em meio às lágrimas o garoto se afastando até sumir de vista. Permaneci no chão, pois a dor me impedia de levantar.

- Como ousa?

Ele estava pronto para me azarar mais uma vez quando vi um professor aparecer pela minha visão periférica. Por conta da dor não consegui identificar quem era. Torci para que fosse algum que ficasse em meu favor.

- O que está acontecendo aqui?

Aquela voz não me trouxe alento.

- Eu estava ensinando uma lição a um menino que resolveu espalhar seu material todo pelo corredor quando essa garota apareceu para atrapalhar professor Carrow.

Ao ouvir aquele nome já sabia que as coisas ficariam piores. Deitei-me de barriga para cima para poder olhar para ele.

- E ainda por cima quer usar o chão da escola para descansar - ouvi Amico dizer. - Venha comigo - ele ordenou.

Vi um sorriso iluminar o rosto do Sonserino, mas não consegui me mover para cumprir a ordem.

- Quanta petulância! - ignorando minha expressão de dor, Amico tomou aquilo como um desafio a sua autoridade. - Imperio.

Meu corpo se ergueu do chão e não sei como minhas pernas começaram a se mover me impulsionando em uma direção que eu não desejava ir.

Eu não tinha o menor controle sobre o meu corpo por mais que lutasse por isso. A força do feitiço era muito maior que eu.

Quando chegamos à porta de uma das masmorras que havia sido reativada, Amico me liberou do feitiço e abriu a passagem.

- Entra aí! - ordenou ele.

- Mas eu não fiz nada de errado - estava parada olhando para a escuridão e frio que me aguardavam logo à frente.

- Esse é o seu problema, você não faz nada de errado - disse Amico feroz antes de me atingir com um feitiço doloroso nas costas lançando meu corpo para frente.

Caí no chão da masmorra com toda força e senti meus joelhos e as palmas das minhas mãos sendo esfolados com a violência. Finalmente eu sentia tanta dor no corpo quanto na alma.

Livro 5 - O Último InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora