Capítulo 31 - Segunda Chance

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2 de Maio de 1998

- Tonks! - gritei correndo em direção a ela.

Arrependi de ter feito aquilo, pois distraí Tonks e dei tempo para Bellatrix Lestrange se recuperar de um feitiço e já se preparar para lançar outro. Não perdi tempo pensando e estuporei a bruxa que não esperava o ataque e acabou caindo longe de nós.

- Aluadinha - Tonks me abraçou. Eu retribuí o gesto de maneira demorada. As lágrimas logo apareceram. Depois de tantos meses sem ela era tudo o que eu mais queria. - Está tudo bem? - ela ficou confusa.

- Onde está papai? - minha voz quase não saiu. - Temos que encontrá-lo. É urgente!

- Eu encontrei com ele assim que cheguei aqui, mas acabamos nos perdemos um do outro depois.

- Precisamos achar ele! É muito importante.

- Então vamos.

De mãos dadas, não ousaria a me perder dela, saímos correndo entre os bruxos e bruxas que duelavam prestando atenção para não sermos atingidas por nenhuma maldição. Era tudo muito confuso e eu comecei a ficar com medo de não ter chegado a tempo suficiente de salvá-lo também.

- Olha ele lá! - foi Tonks quem o localizou.

Corremos o mais rápido que conseguimos e chegamos bem na hora dela conjurar um escudo para protegê-lo de um feitiço de morte que um bruxo havia acabado de lançar e eu arremessar o comensal o mais longe que consegui com um feitiço estuporante que o fez cair desacordado.

- Esse foi por pouco - Tonks abraçou e beijou papai.

- Sim, Dolohov estava se mostrando bem mais resistente do que eu consigo lidar. Acho que fiquei um pouco destreinado em duelos.

- Eu também, se não fosse a Lana, Bellatrix teria me matado...

Somente nesse momento papai focou toda sua atenção ao fato de eu estar ali.

- E o que a Lana está fazendo aqui? - ele parecia bravo.

- É minha culpa Remus, eu...

- Vocês precisam vir comigo! - interrompi Tonks.

- Nós vamos continuar na batalha, já você...

- VOCÊS DOIS PRECISAM VIR COMIGO AGORA! - não deixei papai concluir a frase e corei um pouco por ter gritado com eles daquele jeito. - Por favor - acrescentei.

Felizmente os dois aceitaram me seguir até um local seguro onde eu poderia explicar tudo o que estava acontecendo. Ou que aconteceria caso aqueles duelos não tivessem sido interrompidos.

Encontramos uma sala de aula que estava relativamente intacta e eu selei as portas e janelas com feitiços protetores depois que entramos. Puxei três cadeiras para perto de nós, mas ao invés de me sentar, corri para abraçar papai com força. Irrompi em prantos sentindo o calor dele e ouvindo seu coração batendo.

- Lana, o que está acontecendo? - a voz de Tonks me trouxe de volta a realidade. Agora tão feliz que parecia um sonho.

Respirei fundo - vocês dois foram mortos na Batalha de Hogwarts e não houve um dia desde hoje que eu não desejei ter chegado mais cedo para salvar vocês.

- Mas como... ?

- Eu vim do futuro Tonks.

Finalmente os dois usaram as cadeiras que eu havia trazido para perto. Eu também me sentei de frente para eles formando um pequeno triângulo coeso me sentindo muito feliz por tê-los de volta.

- Eu morri? - ela estava chorosa.

- Vocês dois - respondi. - E desde então não teve um dia que eu não tenha lamentado por ter demorado tanto para chegar ao castelo.

- Teve problemas com as chaves de portal?

- O que me atrasou na verdade foi o fato de eu ter sido obediente demais...

- Então você veio mesmo para cá no meio da batalha? E com a sua ajuda? - papai olhou primeiro para mim e depois para a Tonks.

- Eu não conseguiria ficar em casa sabendo que vocês estavam aqui correndo perigo... - pela primeira vez desde que encontrara com papai parei de olhar para ele.

Ele apoiou a mão no meu queixo e levantou minha cabeça com carinho. Não resisti e me levantei para sentar no colo de papai e abraçá-lo de novo. Depois de dar vários beijos no rosto dele voltei para a minha cadeira segurando uma de suas mãos.

- Você está mais leve, tem comido direito?

- Não consigo mais comer, dormir ou fazer qualquer coisa. Tinha pensado em abandonar a magia e me afastar inclusive do Teddy, mas mudei de ideia e estou aqui.

- Como ele está? - perguntou Tonks com urgência na voz.

- Bem - sorri para ela. - Cresceu bastante nos últimos meses. Ele sente a falta de vocês, mas ainda não compreende isso muito bem. E agora nem vai precisar! Vocês estão vivos!

Nós três nos demos as mãos.

Quando todas as memórias daquela noite trágica voltaram me levantei de repente - por Merlin! O Fred!

- O que tem o filho dos Weasleys?

- Preciso salvar ele pai! Também foi morto na batalha! Só não lembro por quem nem sei onde, mas...

Fui interrompida por uma voz lancinante que parecia penetrar pelos meus ouvidos causando uma dor indescritível. Tive vontade de gritar, mas aos poucos a dor diminuiu e eu consegui entender o que a voz dizia.

- "Vocês lutaram", disse a voz, "valorosamente. Lorde Voldemort sabe valorizar a bravura. Vocês sofreram pesadas baixas. Se continuarem a resistir a mim, todos morrerão, um a um. Não quero que isto aconteça. Cada gota de sangue mágico derramado é uma perda e um desperdício. Lorde Voldemort é misericordioso. Ordeno que as minhas forças se retirem imediatamente. Vocês têm uma hora. Deem um destino digno aos seus mortos. Cuidem dos seus feridos." - ele continuou. - "Eu me dirijo agora diretamente a você, Harry Potter. Você permitiu que os seus amigos morressem por você em lugar de me enfrentar pessoalmente. Esperarei uma hora na Floresta Proibida. Se ao fim desse prazo, você não tiver vindo ao meu encontro, não tiver se entregado, então a batalha recomeçará. Desta vez eu participarei da luta, Harry Potter, e o encontrarei, e castigarei até o último homem, mulher e criança que tentou escondê-lo de mim. Uma hora". (*)

- Não dá mais tempo... - desabei sobre a cadeira.

- Fred está...?

Respondi Tonks com um aceno de cabeça.

- E eu vou chegar dentro de alguns minutos! - olhei assustada para os dois.

- Como assim você vai chegar?

- Antes, quando encontrei vocês mortos, cheguei nessa hora Tonks. Quando os corpos foram levados para o Grande Salão.

- Isso é tudo tão estranho...

- Eu sei, mas não é nada se comparado a viver em um mundo sem vocês.

Ela sorriu e eu devolvi o sorriso. Finalmente conseguia sorrir de novo.

- Faz um favor para mim? - pedi a Tonks. - Me encontra no Grande Salão e cuida de mim? Mas não conte nada do que aconteceu aqui. Finja que acabou de me encontrar. Eu estarei vindo da casa da vovó e isso pode me deixar confusa demais.

- Claro meu amor - ela se levantou e eu também fiquei de pé.

- Vou conversar com papai e depois vocês dois conversam comigo.

Tonks riu - isso é muito confuso.

- Eu sei - sorri e a abracei com firmeza antes de vê-la beijar papai mais uma vez e ir em direção à porta. - Tonks! - chamei. Ela olhou. - Tome cuidado. Bellatrix ainda está viva, mas Molly Weasley vai dar um fim definitivo nela.

- Pode deixar! - ela sorriu, rompeu a barreira de feitiço protetor e saiu da sala.

***
Salvos, mas e agora? Duas Lanas viverão nessa história? Que tipo de confusão isso pode causar! E lembrando que a batalha ainda irá recomeçar, muita coisa pode acontecer antes do desfecho dessa aventura no tempo! Não se esqueçam de votar e comentar!

(*)Trecho retirado do livro: Harry Potter e as Relíquias da Morte - Ed. Rocco

Livro 5 - O Último InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora