Capítulo 11 - Jogando a toalha

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1997

- Lana! - ouvi meu nome e senti um chute no tornozelo.

- Assim você me machuca, Thomas - reclamei abrindo os olhos.

- Acho que eu dormi e você também. Passamos mais uma noite aqui.

- E eu estou bem viva, viu só!

- Não está com frio?

- Um pouco.

- E sua boca?

- O que tem minha boca?

- Está seca?

Depois da pergunta percebi que meus problemas bucais iam além. Meus lábios estavam rachados e acabei arrancando um pedacinho da pele quando chequei enchendo minha boca com aquele gosto ferruginoso de sangue.

- Me responde - Thomas me tocou com um dos pés novamente.

- Sim, e arranquei um pedacinho da pele do meu lábio sem querer e agora ele está sangrando. Mas isso não é nada demais.

- Precisamos sair daqui.

- A professora McGonagall vai dar um jeito. Ela não vai descansar enquanto não conseguir. Espero que nada de mal aconteça a ela por conta disso... - o fitei com medo e notei em seu olhar a mesma preocupação.

No entanto não sei se não houve tempo da professora interferir ou os irmãos Carrow não queriam deixar transparecer que estavam acatando ordens de outras pessoas nos assuntos relacionados à disciplina na escola. A porta da masmorra foi aberta mais uma vez e recebemos permissão para sair.

Foi um alívio quando aquelas correntes me soltaram e pude abaixar os braços. A vontade que tive foi sair correndo dali, mas não consegui nem levantar. Os ferimentos, a febre e a desidratação haviam tirado toda minha força.

Thomas tentou me ajudar, mas foi agarrado por Amico pelo colarinho da camisa e jogado do lado de fora caindo com força no chão do corredor e escorregando até bater em uma das pilastras. O irmão Carrow olhou para mim com satisfação quando conjurou fios muito finos que se ataram a meus braços.

As cordas não só me apertavam, mas estavam cortando minha pele enquanto também fui tirada de dentro da cela e jogada no corredor já não muito claro devido a aproximação da noite.

- Sumam da minha frente! - foi a ordem que recebemos.

Thomas passou o braço em volta da minha cintura, me levantou e praticamente me arrastou para longe dali direto para a área hospitalar.

Comecei a sentir um mal estar enquanto ele me forçava a subir as escadas, mas resisti. Quando chegamos ao nosso destino, Madame Pomfrey me amparou até uma das camas.

- O que aconteceu com vocês?

- Estávamos presos na masmorra. Não faço ideia de quantos dias ficamos lá...

O mal estar que eu sentia chegou ao ápice e só tive tempo de virar a cabeça em direção ao chão para não vomitar sobre os lençóis.

- Ela também tem estado com muita febre - ouvi Thomas dizer enquanto a bruxa me segurava para que eu não caísse da cama.

- A senhorita Lupin está bem quente agora na verdade. Fique com ela rapazinho, eu já volto.

Thomas se aproximou e me segurou com carinho.

- Pode ficar tranquilo que eu não vou vomitar mais - senti que ele relaxou quando falei isso. - Só estou com muita dor de cabeça.

Limpei a boca na manga da camisa do uniforme antes dele me acomodar sobre os travesseiros. Gemi quando minhas costas encontraram o colchão.

Livro 5 - O Último InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora