Capítulo 32 - Vivos e bem

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1998

Voltei para perto de papai e o abracei mais uma vez.

- Como é bom estar com você de novo! - segurei o rosto dele com as duas mãos.

- Você não deveria ter se arriscado desse jeito filha.

- A dor foi mais forte que eu pai.

- E como você veio parar aqui?

Retirei o objeto que encontrei na Sala Precisa de dentro das vestes e mostrei para ele.

- Um vira-tempo - disse papai reconhecendo o artefato.

- Ah, então é esse o nome... - olhei para o presente que Hogwarts tinha me dado permitindo aquele milagre na minha vida. O problema é que em seguida suas peças soltaram-se uma das outras e o vira-tempo se desfez. - Ai não! Como vou voltar para casa agora! - tremi com medo.

- Não acho que você fosse conseguir com ele, - papai parecia calmo. - Até onde eu sei esse objeto só permite voltar no tempo, não avançar.

- Fiquei presa aqui então?

- Sinceramente não sei filha - ele me puxou para um abraço reconfortante. - Me conte tudo o que aconteceu desde que você chegou aqui e nos encontrou sem vida.

- Claro - coloquei os restos do objeto sobre a cadeira vazia ao lado de papai e voltei a sentar de frente para ele. - Mas eu queria que você anotasse para um dia contar para a outra Lana que está lá fora. Não sei se é seguro eu mesma falar com ela.

Com a varinha papai convocou um pergaminho em branco esquecido debaixo de uma das carteiras e uma pena para perto de nós.

- Acho melhor você enfeitiçar ela para anotar o que eu disser. É muita coisa.

Ele sorriu e fez o que eu pedi. Então contei tudo em detalhes, desde quando o encontrei ao lado de Tonks no Grande Salão, as dificuldades que passei e cada um que me ajudou a superar todo sofrimento.

Papai ouviu com atenção sem me interromper e eu agradeci, pois apesar de estar novamente de frente a ele perfeitamente vivo e saudável, foi doloroso lembrar tudo o que passou nos últimos meses. Não me esqueci de contar também a frase que ele havia dito e inspirara o plano de Harry em transmitir a história aos trouxas.

- Será que ele vai ter a ideia para esse plano agora que não vai encontrar com você na Floresta Proibida?

- Pode ser que não, e esse é um dos riscos que se corre ao mexer com os acontecimentos do passado. É impossível medir suas consequências no futuro.

Fiquei pensativa. Talvez eu tivesse que tomar a iniciativa de sugerir o plano a Harry. Era importante deixar nossa história registrada. Mas se a ideia viesse de mim, o Espelho de Ojesed se transformaria no portal levando ele até a escritora? Era preciso que Harry desejasse isso do fundo do coração.

- Filha, esse broche no seu peito é o que eu estou pensando? - papai interrompeu meus pensamentos.

Olhei para o distintivo de monitora preso no meu suéter do uniforme.

- Ah, é sim - soltei o adereço da roupa e coloquei na mão dele. - Chegou junto com a carta que recebi para voltar à escola.

- Fico muito orgulhoso de você filha!

- Obrigada pai, mas mantenha esse segredo entre nós. Não sei se vai acontecer de novo com a outra Lana que está lá fora - sorri pensando naquilo. Agora havia duas de mim ali.

Ficamos observando o distintivo na mão dele e de repente o artefato desapareceu.

- O que você fez?

- Nada - papai estava tão surpreso quanto eu.

Os restos do vira-tempo que estavam sobre a cadeira vazia da Tonks também haviam sumido.

- Pai... - fiquei com medo.

- Filha olhe suas mãos...

Eu estava ficando transparente, mas apesar de assustada compreendi o que estava acontecendo.

- Faz todo sentido! O futuro mudou pai! - olhei para ele em uma mistura de alegria e nervosismo. - O tempo de onde eu vim não existe mais. Está sendo completamente apagado! Nossa história começa a ser escrita à partir de agora. E vai ser o que fizermos dela! - sorri para ele.

Olhamos ao mesmo tempo para o pergaminho sobre a cadeira perto de nós.

- Acho que isso fica. Foi escrito agora. Será a única prova de que eu estive aqui.

Peguei a pena e assinei meu nome no final do relato. Nem precisei soltá-la quando terminei. Minhas mãos não eram mais capazes de segurar qualquer objeto. Eu não sentia dor, apenas um formigamento. Era muito estranho, mas leve. Como se eu tivesse desaparatando, porém com mais suavidade.

*
Eu peguei a pena e assinei logo abaixo do nome da minha filha antes de guardar as anotações dentro do bolso do paletó. Ela sorriu para mim e se apressou para mais um abraço. No entanto mal senti seus braços em volta do meu corpo. A última coisa que vi foram os seus olhos. Exatamente iguais aos meus.

Minha filha desapareceu no ar e eu corri até o Grande Salão para encontrar com a Lana do presente e Tonks. As duas estavam sentadas em um canto abraçadas e ficaram muito contentes por me ver. Eu as abracei com carinho.

- O que aconteceu com ela? - perguntou Tonks.

- Desapareceu.

- Como assim?

- Depois te explico melhor.

Notei que Lana olhava para mim sem entender o assunto.

- E o que você está fazendo aqui? - perguntei para minha filha tentando parecer o mais bravo que consegui. Lana quase cogitou a possibilidade de sair correndo, mas eu passei os braços em volta da cintura dela a erguendo do chão - você não tem jeito mesmo!

Lana me abraçou de volta muito feliz por ter chegado a tempo de nos encontrar sãos e salvos.

*
Aqui terminam as memórias das quais não me lembro. Nos próximos capítulos vocês vão descobrir como essa verdade chegou até mim e a história como o final bem diferente da realidade permaneceu com vocês.

***
Espero que não tenham ficado perdidos. Nada daquele futuro existia mais depois que o passado foi modificado. Apesar da Lana que viajou no tempo não ter pensado nas consequências que seus atos poderiam gerar, elas existem. Continuem lendo e descubram o que mais aconteceu! E não se esqueçam de votar e comentar!

Livro 5 - O Último InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora