Capítulo 36 - Futuro definitivamente alterado

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1998

- Acho que ali está bom - papai apontou para uma pequena clareira no meio da densa floresta a qual sobrevoávamos.

Mal descemos e ele me pediu para segurar a vassoura enquanto conjurava feitiços protetores em torno de nós. Tonks transfigurou dois troncos de árvore que estavam caídos e uma pedra em três confortáveis cadeiras acolchoadas com forro na cor verde escuro.

Talvez a ideia fosse fazê-las se camuflar no ambiente, mas não havia como fazer peças sofisticadas de mobília combinar com as árvores que nos circundavam. Papai notou a intenção e sorriu para ela.

Eu deixei a vassoura de papai junto à de Tonks e nos acomodamos nas cadeiras de frente uns para os outros.

- Desculpe o excesso de mistério - ele guardou a varinha. - Mas o que eu tenho para te contar não deve ser revelado a mais ninguém. Pensei muito se iria te contar, mas foi um pedido seu. Depois de tudo o que você passou, preciso atender.

Senti como se estivesse em uma aula de matemática na escola trouxa. Não estava entendendo nada.

- Melhor começar do princípio, a Batalha de Hogwarts.

Tonks segurou a mão dele e o olhou sorrindo.

- Eu estava duelando com um bruxo chamado Dolohov quando você e Tonks apareceram. Ela bloqueou um feitiço dele e você o estuporou. Um feitiço muito bem executado por sinal.

- Obrigada, mas não me lembro de ter feito isso. Não estou entendendo...

- Mas vai entender - ele sorriu e continuou. - Você parecia muito assustada e nos disse que precisava conversar com a gente. Não entendemos porque você estava daquele jeito, e admito que percebi algo diferente da Lana a qual eu me despedira algumas horas antes. Você parecia bem mais magra e abatida. Por isso decidimos te acompanhar para entender o que estava acontecendo.

- Você disse que nós dois tínhamos morrido na Batalha de Hogwarts, mas tinha conseguido vir do futuro para evitar isso - Tonks continuou. - Aí de repente você se lembrou da morte de Fred Weasley, mas não tinha mais tempo para evitá-la. Você ficou mal por isso.

- Então você se lembrou de que naquela hora tinha chegado a Hogwarts, quando nos encontrou mortos - papai tomou a palavra. - E pediu a Tonks para que fosse encontrar você no Grande Salão e que esperasse por mim lá.

- Isso você se lembra, não é? Quando nos encontramos? - perguntou Tonks.

- Sim, isso eu me recordo.

Era tudo surreal demais para conseguir acreditar.

- Então eu e você ficamos sozinhos na sala de aula e isso - papai tirou um pergaminho de dentro do paletó. - Foi o que você me contou.

Eu desdobrei o papel e comecei a ler absorvendo com cuidado cada palavra contida ali. Tudo parecia verdadeiro e correspondia com o que eu sentiria se papai e Tonks realmente tivessem morrido.

Fazia sentido, mas era loucura demais. Já tinha lido histórias e assistido filmes com o tema viagem no tempo e sempre achei que fosse possível, até ser informada que aconteceu comigo.

No final da carta comprovei a autenticidade da minha assinatura. Papai não teria falsificado aquilo e logo depois do meu nome estava também o dele. Olhei para os dois assustada com todas aquelas informações.

- Encontrei mais uma coisinha para te mostrar - ele retirou um livro não muito grande do bolso e abriu em uma página que já estava marcada. - Isso é um vira-tempo. Foi o que Hogwarts deu a você permitindo sua viagem. Ele se quebrou pouco depois que você me mostrou. Provavelmente não aguentou a viagem tão longa.

Olhei para a foto do objeto. Dois aros dourados giravam em volta de uma plaquinha da mesma cor que também se mexia revolvendo a areia dentro de uma pequena ampulheta incrustada nela.

- Nunca vi nada igual.

Percebi Tonks olhar para papai sorrindo. Li as informações sobre o artefato no livro.

- Aqui diz que as viagens com ele geralmente são de horas, mas de acordo com o relato no pergaminho eu voltei meses!

- Outro fato estranho é que pelo que eu soube, todos os vira-tempos existentes foram destruídos em uma batalha no Ministério da Magia.

- Então de onde será que Hogwarts tirou esse pai?

- Não faço a menor ideia e acho que nunca iremos descobrir.

- Queria ter salvado Fred também - não consegui segurar as lágrimas que brotaram nos meus olhos.

Papai esticou os braços e me convidou para um abraço. Eu não recusei o convite e o envolvi com meus braços deitando minha cabeça sobre seu ombro.

- Não se torture filha. A perda de Fred foi algo terrível, foram tempos muito difíceis esses últimos anos Lana - ele falava ao meu ouvido enquanto afagava meus cabelos. - Perdemos muitas pessoas que amávamos e o fato de você ter conseguido salvar a mim e Dora é o ponto fora do lugar nisso tudo.

Levantei a cabeça e olhei para ele e depois para Tonks.

- Sei que é uma coisa difícil, mas tente não pensar nisso - papai acariciou meu rosto e colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. - Eu sabia que você se sentiria assim e quase decidi não te contar nada sobre sua viagem no tempo, mas resolvi respeitar o seu pedido.

Eu sorri timidamente.

- E o que aconteceu comigo, com a Lana que veio do futuro?

- Desapareceu - foi a resposta de papai.

- Assim, do nada?

- Como mágica - ele sorriu.

Eu sorri de volta.

- Você - ele tocou meu nariz com o dedo indicador. - Disse que o motivo para isso é porque o futuro de onde você veio não existia mais. Que seria escrito a partir dali.

- É isso faz sentido. Já vi isso em um filme...

- Os trouxas também sabem sobre a viagem no tempo?

- Eles imaginam bastante Dora, mas até hoje não ouvi falar sobre alguém que tenha realmente conseguido voltar ou se adiantar no tempo.

- E o que eles usaram nessa história?

- Um carro, e depois um trem também. Os dois foram modificados, e voavam.

- Trouxas tem carros e trens voadores?

- Pura fantasia. Coisas de cinema. Qualquer dia eu te mostro se você quiser.

- Eu quero! - ela respondeu como uma criança a quem foi prometido um doce.

- Quando meu castigo terminar a gente combina.

- Sua mãe proibiu as histórias também?

- Não, mas a televisão sim - recebi o mesmo olhar intrigado de mais cedo. - Tenho muita coisa para mostrar a você, Dora e para o Teddy também.

Fiquei ansiosa para poder apresentar o maravilhoso mundo trouxa para uma bruxa. Com certeza nos divertiríamos muito. Já imaginei o dia em que iria com Tonks ao cinema e fiquei ansiosa só de pensar na reação que ela teria.

- Agora temos que ir - anunciou papai. - Temos um compromisso.

Fiquei de pé. Enquanto papai desfazia os feitiços que havia conjurado para nos ocultar, Tonks transfigurava as cadeiras de volta ao que eram. Depois de colocar tudo de volta ao seu lugar, nos reunimos no cento da clareira.

- Aonde vamos? - perguntei quando montamos outra vez nas vassouras.

- Hogwarts - respondeu papai e levantamos voo.

Foi assim que eu fiquei sabendo de toda a história que eu não lembro ter acontecido.

***
E foi assim que consegui trazer a história para vocês! Mas e a história da JKRowling? Como chegou até ela se Harry não teve a ideia com o incentivo de papai naquele encontro no meio da floresta? Se querem saber como foi, continuem lendo! E não se esqueçam de votar e comentar!

Livro 5 - O Último InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora