Capítulo 27 - A coruja indesejada

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1998

Vovó não brigou comigo quando me encontrou dormindo com Teddy na cama de papai e Tonks na manhã seguinte. Ao contrário, ela abriu um sorriso quando nos viu juntos.

Senti que ela de alguma forma já esperava que algo assim acontecesse. Arriscaria dizer inclusive que tinha planejado aquilo tudo em parceria com mamãe.

Havia sido feita de boba, mas no fundo não fiquei com raiva. As duas tinham as melhores intenções possíveis.

Olhei para o lado e encontrei Teddy já acordado sorrindo para mim. Toquei o nariz dele com a ponta do indicador antes pegá-lo no colo para entregá-lo à vovó. Com certeza havia uma fralda que precisava ser trocada.

- Vou cuidar dele e depois preparo o café.

- Eu preparo para você, vovó - levantei da cama e a arrumei colocando o casaco de Tonks de volta no guarda-roupa e fechando a porta. Mas eu ainda não estava pronta para ficar sem o paletó de papai.

Peguei uma roupa na mochila que havia trazido, troquei meu pijama por ela e coloquei novamente a vestimenta por cima da roupa antes de respirar fundo e seguir para a cozinha.

Como não podia fazer magia fora da escola preparei tudo do jeito trouxa. A única coisa que ficou a cargo de vovó foi esquentar a água para o chá e o leite, o que ela fez em um minuto.

Comer ainda era uma coisa que eu não conseguia fazer com facilidade, então acabei tomando apenas uma xícara de leite com chocolate enquanto dava mamadeira para Teddy mais uma vez. Agora eu mesma havia pedido para fazer aquilo.

Nenhuma peça de roupa ou bem pessoal de papai poderia me deixar mais próxima a ele do que meu irmão. Não queria me afastar dele nunca mais. Torci para que ele fosse capaz de me perdoar por não ter salvado papai e Tonks.

Dessa vez mamãe não esperou até segunda-feira para vir me buscar, por isso suspeitei ainda mais que havia um plano dela com vovó para que eu estivesse ali. Não me importei. As duas ficaram bem contentes me vendo com Teddy no colo e fiquei aliviada por ter causado tal efeito nelas.

- Posso pegar ele um pouquinho? - pediu mamãe.

Um pouco a contragosto passei meu irmão para os braços dela.

Assim que me sentei em uma das cadeiras em volta da mesa da cozinha uma coruja entrou voando pela janela. Ela parou na minha frente e esticou a perna com um envelope. Depois que eu retirei a encomenda, a ave alçou voo novamente.

- É de Hogwarts... - soltei o envelope sobre a mesa desanimada.

- Abre filha!

- Não quero voltar para lá mãe.

- Como não Lana? Você precisa terminar seus estudos - vovó interferiu.

- Vou viver como trouxa, não preciso mais ir pra Hogwarts.

- Não pode filha...

- E porque não mãe?

Levantei da cadeira me afastando daquele envelope como se fosse um artefato portador de uma doença contagiosa.

- Como você vai cuidar dele? - mamãe virou Teddy de frente para mim.

- Ele vai ter uma irmã trouxa. Qual o problema?

Ela entregou Teddy para Andrômeda e pegou o envelope.

- Por favor, filha. Pare com isso - mamãe tinha o braço esticado com o envelope na minha direção. - Abra.

Soltei um suspiro de peguei a carta. Dentro havia um comunicado me convidando a reiniciar meu 5º ano, já que o último período da escola havia sido mais do que atípico sobre o domínio de Voldemort, uma lista de material e mais um pergaminho acompanhado de um broche estranho.

- Que ótimo... - falei com sarcasmo quando li o conteúdo.

- O que filha?

Passei o objeto para a mão de mamãe e depois entreguei a carta.

- Me fizeram monitora...

- Mas isso é ótimo, filha!

- É uma honraria para poucos, Lana - vovó lembrou.

- Seu pai ficaria orgulhoso de você! - incentivou mamãe.

- É, mas ele não está aqui para se orgulhar - minha visão ficou turva por conta das lágrimas que surgiram.

Soltei meu corpo na poltrona aonde papai costumava sentar. Mamãe se aproximou e agachou na minha frente.

- Onde quer que ele esteja filha, está te vendo e sente muito orgulho de você - ela acariciou meus cabelos. - Você sabe que seu pai também foi monitor da Grifinória, não sabe?

Acenei positivo com a cabeça.

- O nome de vocês dois vai estar no livro de monitores da escola.

Meu queixo tremia enquanto as lágrimas desciam pelo meu rosto.

- Não responda agora. Pense um pouquinho antes - ela limpou algumas lágrimas. - Por mais que a gente se afaste da magia, ela nunca abandona a gente. Eu nunca consegui viver completamente como trouxa mesmo que tenha tentado.

- Desculpa...

- Pelo que Lana?

- Ter te obrigado a viver assim. Fingindo ser quem você não era.

- Por você eu faria tudo de novo minha filha.

Mamãe abriu os braços esperando por um abraço que eu não pude negar. Sinceramente eu não sabia o que decidir a respeito de Hogwarts, mas o mínimo que eu podia fazer era pensar no assunto.

***
Hogwarts me convida para voltar, mas não estou nem um pouco interessada. Porém precisava tomar uma decisão. Não seria fácil andar pela escola depois de tudo o que aconteceu. O que vocês fariam? Comentem! E não deixem de votar.

Livro 5 - O Último InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora