Capítulo 24 - A família devastada

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1998

Com o passar do tempo notei que mamãe tinha ficado mais preocupada com a minha apatia. Eu queria perguntar o motivo, mas tive medo da resposta.

De qualquer forma, seja lá qual fosse o problema, Andrômeda tinha a solução, pois depois de uma visita dela, mamãe pareceu mais tranquila.

- Filha - ela me chamou sentada na beirada da minha cama em um Domingo à noite.

Virei de frente para saber o que ela queria.

- Amanhã terei que voltar a trabalhar porque acabou o período de licença que eu tirei, mas não quero te deixar sozinha aqui em casa enquanto eu e Wesley não estivermos.

- Não vejo problema...

- Eu não quero.

Balancei os ombros.

- Andrômeda aceitou receber você na casa dela para passar o dia enquanto eu trabalho, e assim que sair da faculdade busco você lá.

- Era isso que estava te preocupando?

- Sim.

- Não precisava. Posso ficar sozinha - virei novamente de frente para a parede.

- Nem pensar mocinha. Amanhã cedo aparatamos na casa da Andrômeda.

Mamãe saiu do quarto. Não via a real necessidade daquilo. Do mesmo jeito que eu estava ali, ficaria na casa da vovó. Mas resolvi me deixar levar sem discutir deixando tudo mais fácil para todos.

*
Como prometido mamãe me acordou cedo na manhã seguinte, me fez trocar de roupa, tomar uma xícara de leite com chocolate e saímos.

Aparatamos no quintal da frente da vovó e só então percebi que desde o final da guerra eu não havia colocado meus pés ali.

Minha última lembrança da casa foi de papai indo para Hogwarts lutar e Tonks o acompanhando logo em seguida. Depois eu os segui, mas cheguei tarde demais.

Senti um aperto no estômago quando caminhei em direção à porta da frente e entrei na cozinha. Tudo estava exatamente como da última vez que eu vira.

Recebi um abraço da vovó que também cumprimentou mamãe antes dela se despedir e desaparatar me deixando ali com todas as lembranças surgindo ao mesmo tempo na minha cabeça.

A única razão pela qual não desisti de ficar na casa foi o fato de Andrômeda estar ali desde o início, sem reclamar.

- Quer tomar café Lana?

- Não, obrigada, eu tomei antes de sair.

- Tudo bem - ela deu um sorriso amável. - Fique à vontade. Qualquer coisa que precisar lembre-se que você está em casa.

Realmente ali havia sido minha casa nos últimos meses, mas não tive coragem de atravessar o corredor. Fui para a sala e me encolhi na poltrona que papai costumava ficar sentado. Ainda era possível sentir o perfume dele no estofado. Ou talvez fosse minha imaginação me pregando uma peça olfativa.

Não quis sair dali para nada. Nem mesmo quando vovó trouxe Teddy para a sala. Doía olhar para meu irmão e saber que eu poderia ter evitado que ele ficasse órfão. Se eu não tivesse demorado tanto para ir ajudar papai e Tonks o destino de todos poderia ter sido bem diferente.

Meu irmão, no entanto parecia não querer entender isso. Sei que ele me odiaria quando crescesse, mas no momento ele esticava os bracinhos na minha direção.

- Ele quer que você o pegue Lana.

- Não - me encolhi ainda mais tentando ficar de costas para os dois.

Livro 5 - O Último InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora