Capítulo 35 - Recomeço

275 25 13
                                    

1998

Primeira semana depois do final da guerra e eu sem a menor chance de comemorar. Além das proibições relativas ao mundo bruxo, mamãe ainda me proibiu de usar a televisão do meu quarto e instituiu um toque de recolher às 10 da noite.

Além disso, minhas únicas atividades físicas foram lavar a louça e varrer a casa todos os dias. Passeios até o shopping também estavam vetados.

Uma semana depois dessa tortura papai veio me buscar. Provavelmente eu ainda continuaria de castigo na casa de Andrômeda, mas tinha certeza que não seria tão ruim quanto estava sendo sob o olhar severo de mamãe.

Meu coração deu um pulo quando ouvi a voz dele vindo da cozinha acompanhando minha mãe e resolvi fingir que ainda estava dormindo para escutar a conversa. Um hábito nada educado, mas que não conseguia perder.

- Como estão as coisas? - perguntou papai.

- A Lana é obediente e tem cumprido os castigos que eu impus - respondeu mamãe.

Fiquei contente de estar correspondendo às expectativas dela.

- O problema, Remus - continuou ela. - É que esse castigo não vai adiantar nada.

- Se ela ver necessidade vai fazer de novo - completou papai.

- É o que eu acho. Se a Lana souber que um de nós está em perigo não vai pensar nas consequências antes de agir.

- Então, pelo bem dela, é melhor nos mantermos em segurança.

Ouvi os dois rindo.

Eles tinham razão na conclusão. Eu nunca deixaria de tentar salvá-los caso visse uma possibilidade, mesmo que remota. Mas tentaria fazer de uma forma que não me colocasse em outra enrascada como aquela.

- Será que ela vai relaxar o castigo? - pensei.

Ouvi os passos dos dois se aproximando da porta do meu quarto.

- Lana hora de acordar - chamou mamãe com uma voz suave abrindo a porta.

Eu me virei de barriga para cima esfregando os olhos.

- Seu pai veio te buscar - ela terminou de abrir a porta.

Virei de frente para ele me animei ao perceber que os dois sorriam. Talvez ela tivesse decidido suspender o castigo.

Levantei e dei um abraço em cada um e depois fui até o banheiro trocar de roupa e escovar os dentes. Voltei para o meu quarto, separei algumas roupas para levar e as coloquei em uma mochila.

Com tudo pronto fui para a cozinha e tomei café antes de me despedir de mamãe.

- Não se esqueça - disse ela com os braços ainda em volta do meu corpo. - Você ainda está de castigo!

Todas as minhas esperanças foram embora com aquela frase. Dei um sorriso amarelo para ela e segurei o braço direito de papai. Com a mão livre coloquei minha mochila nas costas e desaparatamos.

*
Quando chegamos ao quintal de Andrômeda, papai caminhou em direção à porta da frente, mas eu fiquei parada no meio do jardim.

- O que foi filha? - perguntou ele parado me olhando.

- Estou respirando um pouco de ar puro. Sabe quanto tempo eu fiquei trancada naquela casa?

Papai se aproximou de mim rindo.

- Você está começando a reclamar igual ao Sirius - disse ele passando o braço direto sobre meus ombros e me conduzindo até a porta.

- Deu saudade dele agora... - eu caminhava ao lado de papai.

Livro 5 - O Último InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora