Eu estava de volta em meu caminho ao quarto, banhada e vestida de jeans e uma camisa de manga curta preta com um elegante decote mandarim, katana e medalhão Cadogan completando meu conjunto, quando meu celular tocou.
Imediatamente o peguei, esperando que fosse uma mensagem de texto da Mallory.
Era uma mensagem, mas não de um velho amigo -, mas um novo em potencial. Noah enviou uma simples pergunta: "ainda decidindo”?
Desde que ainda definitivamente estava fazendo, apaguei a mensagem, e a evidência.
— Boa noite, solzinho.
Olhei atrás de mim, para a escada, enquanto deslizava o telefone de volta ao meu bolso. Lindsey estava pulando escada abaixo, seu loiro rabo de cavalo pulando enquanto se movia. Hoje estava de serviço e claramente preparada para um dia no Quartel de Operações da Casa, vestida toda de preto Cadogan, com sua katana pendurada de um lado.
Ela chegou ao salão, logo caminhou para mim e apoiou suas mãos sobre
seus quadris.
— Não parece nem remotamente tão cansada como esperava que estivesse. Talvez ele era a cura para o que lhe afligia.
Fiquei olhando.
— Perrrrdão?
Rolou seus olhos.
— Ih, vamos Mer. Todos nós escutamos vocês dois à noite, e parte de hoje, na realidade. Mas graças a Deus. Já era hora de vocês concretizarem o fato.
Apesar de sua aprovação, um rubor, impelido pela profunda mortificação, ascendeu por meu rosto.
— Nos escutou?
Sorriu.
— Sacudirão as estruturas. Jogaram um montão de magia no ar.
Estava muito aturdida para falar. Havia me ocorrido que poderia ter sido escutado por Margot ou algum outro, que estava no apartamento de Ethan. Não havia me ocorrido que as pessoas pudessem nos ouvir ou sentir a magia que derramamos.
— Santo céu. — murmurei.
Lindsey me deu uns tapinhas no braço.
— Não fique envergonhada. Já era hora de que vocês dois fizessem a besta de costa dupla.
Tive que trabalhar para formar as palavras.
— Há tantas coisas más com essa declaração, que não sei por onde começar.
— Começa pelos detalhes, Sister Sledge*. Como esteve? Como esteve ele? Era tão fenomenal como todas nós pensaríamos que fosse? A sério. Não me esconda detalhes, anatômicos ou outros.(*Sister Sledge: Grupo Americano de música. Um quarteto de irmãs fundado na Filadelfia.)
— Não te darei nenhum detalhe. Anatômico ou de outros. — adicione, antes que pudesse modificar seu pedido.
Havia desgosto em sua expressão.
— Não posso acreditar. O fez com o
Mestre e pensa em ficar com os lábios cerrados ao respeito? — estalou sua língua.
— Isso é uma pena. Ao menos, me dê os pormenores do bate-papo posterior. Já estão oficialmente juntos agora? Estão saindo? Em uma relação? O que?
— Bom, na verdade não nos aprofundamos nos detalhes, mas ele ainda estava ali quando despertei esta noite. Nenhum arrependimento noturno posterior, até onde tenho entendido. E ele sabe que não estou interessada em romance. Eu deixei isso claro. — sorri um pouco.
Devolveu-me o sorriso.
— Essa é minha garota. Que maneira de lhe demonstrar que é o chefe.
— De fato, estamos debatendo quem é o chefe nesta Casa?
Voltamos-nos em simultâneo. Ethan estava parado ao pé das escadas,
cabelo dourado ao redor de seu rosto, mãos nos bolsos, o jornal debaixo do braço.
— Boa noite, meu querido Liege. Como está seu dia?
Ethan levantou uma sobrancelha para Lindsey, logo me olhou.
— Linda camisa. Temos que fazer um breve desvio antes de pegar o caminho para os Metamorfos.
— Oh! — entoou à sabichona Lindsey. — Vão a Casa Navarre?
— Vamos a Casa Navarre. confirmou Ethan.
Pestanejei. Quando mencionou “desvio”, imediatamente imaginei ir por um presente para os anfitriões; uma viagem a Casa Navarre não figurava nesta lista.
Nunca havia estado ali antes, e a ideia de ir agora não me emocionava. E porque não, se perguntam? Breve resenha: estaria enfrentando a um ex-namorado pela primeira vez desde nossa separação oficial, nos braço do homem com que ele pensou que eu o havia estado enganando, e apenas horas de realmente ter tido sexo com ele.
Fabuloso.
— Ela sabe? — perguntou Lindsey, apontando sua cabeça para mim.
— Estou aqui parada. Se eu sei o que?
— Vou lhe contar. — disse Ethan. — Mas estamos curtos de tempo. Eu me
esqueci de chamar Luc, por favor, avise que quero lhe falar antes do amanhecer para revisar os planos para a convocatória.
— Sim, sim Sr. — mas se inclinou para mim antes de partir. — De fato, bem
feito. E o digo a sério.
Sorri-lhe e lancei um olhar inquisitivo para Ethan.
— O que é que preciso saber? E porque vamos a Navarre?
Gesticulou para que eu o seguisse. logo se dirigiu para as escadas do sótão.
Quando me alinhei com ele, tirou o jornal debaixo de seu braço. Era uma cópia do dia do Chicago Sun Times. Abriu, continuando se virou para mim.
— Oh meu Deus. — murmurei, pegando o jornal de suas mãos.
A manchete na primeira página, a primeira página dizia, VINGADORA COM RABO DE CAVALO SALVA BENFEITORES EM UM TIROTEIO. Uma foto minha observando Berna na ambulância estava estampada embaixo do titulo. E havia uma
surpresa mais, a segunda linha. Nick Breckenridge estava descrito como o autor do artigo.
Ao mesmo tempo em que cuidadosamente descia as escadas atrás dele, lia a primeira parte da história, a qual falava do tiroteio e meu trabalho de emergência.
Até aqui tudo bem, mas não tinha ideia do porque Nick Breckenridge, entre todas as pessoas, o havia escrito. Não era que ele escrever um artigo de primeira página não fosse a sua; ele era um repórter investigativo com uma reputação impecável.
Simplesmente eu não o agradava muito.
— Como? Por quê?
— Talvez tenha virado a maré Breckenridge, de animosidade para
reportagem de primeira página.
Nós paramos próximo a porta do porão.
— Isto não pode ser uma homenagem ao herói. Já sabe como Nick se sente sobre mim. Escutou a vacilação de Gabriel quando mencionou a casa dos Breckenridge. Talvez, como Nick e Gabriel estavam ainda em dúvida. Depois de tudo, Gabriel se desculpou. Não estava exatamente emocionado que Nick estivesse molestando aos
vampiros.
— Bem, mas convencer a um repórter ganhador do Prêmio Pulitzer a
escrever uma história glorificando um vampiro; vampiro o qual ele não está particularmente feliz, requer muita pressão. Não estou certa de que Gabriel quis desperdiçar capitais políticos em mim. Além do mais, não posso imaginar que ele tenha posto pressão sobre Nick para nos colocar na primeira página do Sun Times.
Gabe não deseja esse tipo de atenção. Levantariam muitas perguntas sobre o porquê de vampiros armados estarem no bar, ou o risco de que os paparazzi pensem que há um novo ponto de encontro vampírico da última moda. Ele definitivamente não desejaria isso. Tem que existir outra razão.
E essa misteriosa razão fazia me perguntar o preço que teria que pagar a Nick. Eu não tinha certeza se era melhor ou pior que ele houvesse escrito essa nota porque teve um empurrãozinho nada sutil de seu chefe.
— Provavelmente da mesma maneira em que me sentiria se recebesse o empurrão de um Mestre.— murmurei.
— O que foi isso?
— Nada. O que tem isso a ver com ir a Casa Navarre?
— A história se torna consideravelmente mais desagradável a medida que avança.
— Quanto desagradável?
— Ele lembra ao leitor que os vampiros da Casa Navarre não foram nem de longe tão, digamos filantrópicos, como os vampiros Cadogan.
— Fala dos assassinatos no parque? — aqueles foram o resultado da
cruzada assassina de Celina através dos parques de Chicago..., e o campus da UC (Universidade de Chicago). Supunha-se que eu fosse a segunda vitima, ao menos antes que Ethan me encontrasse.
Ele assentiu. — Por isso é que Morgan deseja nos ver. Dado que está em
destaque no artigo e era amiga de Nick, provavelmente assuma que tivemos algo a ver com esta criação.
Chamar de amizade minha relação com Nicholas Breckenridge era muito mais crédito do que merecia.
Ethan inseriu seu código, logo abriu a porta do porão.
— E como se sente sobre o que disse o artigo? — perguntei, o seguindo até a garagem.
— Bom, evidentemente estou saindo com a Vingadora com rabo de cavalo, assim que fico bastante feliz por isso.
Parei para lhe dar um olhar mordaz. Quando continuou seu caminho até o carro, com um sorriso presunçoso em seu rosto, pus meus olhos em branco. Mas a duras penas o sentia. Depois de tudo, ele havia dito “saindo”.
Alguns minutos mais tarde, estávamos a caminho, o silêncio reinava no Mercedes enquanto terminava de ler a história. O artigo se lia como uma cartilha sobre Cadogan e Navarre, desde as posições de liderança até suas histórias.
Também mencionava que uma mulher chamada Nádia era a Segunda ao Mando de Morgan. Não sabia que ele havia promovido alguém. Por outro lado, não havia pensado realmente em perguntar a respeito.
Essa omissão provavelmente diria muito sobre a nossa falta de potencial
como casal.
— De onde saiu à informação? — perguntei, levantando o olhar e me dando conta que havíamos passado de Hyde Park a Lake Shore Drive. Navarre estava localizada na Costa Dourada de Chicago, uma área de casas bregas do centro da cidade, condomínios, e mansões próximas ao Lago e ao norte do centro de Chicago.
— Essa foi minha segunda pergunta. — respondeu Ethan de forma sombria.
— Logo depois de me perguntar que atos políticos nosso jovem Mestre Navarre poderia ter tomado depois de vê-lo. — olhei de volta. — Tem falado com ele recentemente?
— Não desde a luta.
Houve um momento de silêncio no carro, a tensão evidenciada pelo tênue zumbido de magia.
— Já vejo. — disse.
Havia desaprovação em sua voz. Tencionei-me, antecipando uma discussão.
— Tem algo que quer dizer sobre isso?
Quando me olhou, sua expressão era suave. Não pude distinguir se era
forçada ou não.
— De forma alguma. — disse. — Mas pode ser que aumente a sua irritação ao ter visto o artigo.
Pensei nas coisas que Morgan havia dito em nossas últimas conversas, as
acusações que havia jogado a condescendência de seu tom.
— Sim, ele provavelmente não vai estar no melhor dos ânimos.
— Alguma sugestão?
— Além da completa mudança de atitude, lhe ocorreu casualmente trazer contigo alguns pedaços de mouse de chocolate?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Mordida duas vezes 3
VampireSinopse: Merit a mais nova vampira de Chicago, esta aprendendo como se encaixar bem com os outros. Os outros sobrenaturais, isso é, os Metamorfos de todo o país estão convocados para a Cidade do Vento, e como um gesto de paz, o Mestre Vampiro Ethan...