A melhor ofensa não é uma boa defesa. É uma boa ofensa.

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Quando despertei na manhã seguinte, minha variedade de cortes e contusões havia sumido.
Mas a Casa eu sabia, ainda tinha cicatrizes.
Levantei-me e tomei uma ducha, esfregando a fuligem e o sangue seco que estava muito cansada para limpar no amanhecer.
Esperando ajudar a reabilitar e reorganizar a Casa, vesti meus jeans,
camiseta e pumas, meus cabelos em um rabo de cavalo, a sempre presente medalha Cadogan ao redor do meu pescoço, no caso de repentinamente esquecer a quem pertencia minha lealdade.
Mas não havia nenhuma possibilidade de que isso acontecesse. Qualquer que fosse nossos problemas pessoais, Ethan e eu havíamos provado que poderíamos trabalhar bem juntos. Inclusive lutamos bem juntos. Havia tido suficiente trabalho, e vislumbres de meu pai batendo nas cabeças de seus empregados, pelo que sabia isso era uma raridade. Deixando de lado nossos problemas pessoais, nós éramos bons colegas. E assim como ele havia decidido não arriscar o profissional misturando com o pessoal, eu tinha meu próprio sacrifício para fazer. Não poderia deixar minha Casa sem uma Sentinela em meio a uma guerra.
Assim encontrei o telefone de Noah e disquei. Atendeu depois de dois toques.
— Beck.
— É Merit.
— Sentinela. — disse, com a voz grave. — Como estão as coisas na Casa?
— Estamos reconstruindo as coisas.
— Alegra-me ouvi-lo. Levará tempo, mas alegra-me ouvi-lo.
— Não posso agradecer o suficiente pelo que fez ontem à noite. Por
aparecer, por sacrificar seu anonimato. Por nos ajudar a lutar.
— Chega um momento em que todos têm que fazer sacrifícios.
Ele estava muito correto.
— Sobre sua oferta, estou rechaçando.
Houve um silêncio por um momento. — Serei honesto, me surpreende ouvir isso.
— Minha lealdade está com a Casa. — expliquei. Havia escolhido como uma vez minha avó me ensinou, a dançar com a pessoa que me conduzia.
— As coisas sempre podem trocar. — Noah disse. — Mas pode ser que não
tenha um lugar se esperar.
— Entendo o risco. — lhe assegurei. — E agradeço por fazer a oferta, inclusive se tenho que dizer não.
— Bom, poderia ter sido interessante. Boa sorte com as renovações.
— Boa noite, Noah. — desliguei o telefone, depois o apertei em minha mão.
— Bom. — murmurei. — Suponho que isso é tudo.
Houve um golpe na porta. Presumi que era Lindsey, vindo me recolher para o café da manhã e o trabalho de reabilitação, assim abri a porta sem hesitação. Era Ethan. Estava de volta em jeans, combinados novamente com uma camiseta e botas escuras. Supus que nosso Mestre estava pronto para trabalhar também.
— Como se sente?
— Bem curada. — lhe disse. — E você?
— Até agora tudo bem.
— Excelente.
— Mmm-hmm.
Ficamos ali em pé por um momento, o elefante rosa dançando ao redor de
nós enquanto nós trabalhamos com esmero para evita-lo. Ethan estendeu sua mão.
Em sua palma havia uma caixa azul brilhante com um “C” prateado gravado na tampa.
Com o cenho franzido, peguei.
— O que é isso?
— Uma desculpa, ou algo assim.
Fiz uma careta, mas deslizei a tampa..., e então o ar me deixou.
Dentro da caixa havia uma bola de baseball, sua pele branca de couro
marcada com as assinaturas de cada jogador da equipe dos The Dogs. Era
simplesmente igual a que eu tinha - simplesmente igual a que eu havia contado na noite em que fizemos amor.
Pestanejei par a caixa, tentando tomar a gravidade do presente.
— O que..., aonde conseguiu isto?
Ethan deslizou suas mãos em seus bolsos. — Tenho minhas fontes.
— Não deveria ter...
Parei com suas mãos em meu queixo, seu polegar contra meu queixo.
— Algumas vezes, as pessoas devem se adaptar. A imortalidade não faz as coisas que amamos sejam menos importantes; significa que devemos entesoura-las. Protegê-las.
Traguei forte e me obriguei a levantar meu olhar para ele, medo, mais que
medo queimando em meu peito.
— É uma desculpa. — disse. — Por não acreditar em você..., em nós. Ontem, pensei que havia te perdido, e então lutamos juntos. - disse. - Afastei-me por medo de que nossa relação faria, poderia fazer, a esta Casa. E então protegemos esta casa juntos. Essa é a verdadeira medida que poderíamos fazer.
Parou, depois bateu um dedo contra a caixa. — Este é um desejo. — disse
em voz baixa. — Que inclusive depois de quatrocentos anos de existência, um homem pode ser o suficientemente forte para aceitar o presente que lhe tem sido dado.
— Ethan... — comecei, mas sacudiu a cabeça.
— Estou preparado para esperar uma resposta positiva.
— Isso vai levar um tempo.
Ethan levantou apenas uma sobrancelha, um sorriso levantando-se em um canto de sua boca.
— Sentinela; eu sou imortal.
Virou em seus calcanhares e começou a caminhar pelo corredor, logo gritou.
— E necessitaremos falar sobre você indo do campus para os braços dos
Metamorfos sem sequer uma chamada telefônica.
Algumas vezes, ele era tão previsível.

Mordida duas vezes 3Onde histórias criam vida. Descubra agora