(COV) Consegue o Vampiro.

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Quando o sol descia novamente, me estendi na cama uns bons quinze
minutos. Você já notou que por mais desconfortável que esteja quando você vai para a cama - o quarto muito quente ou muito frio; os travesseiros não muito bons; o colchão cheio de gomos; os lençóis ásperos - no momento em que deve levantar, sua cama se transforma na cama platonicamente ideal? O quarto é frio, a cama é suave e o travesseiro poderia ter sido “o apoio de cabeça” de Deus. A inevitável transformação acontece, é claro, quando você é obrigada a se levantar e sair, quando nada parece melhor do que aninhar-se em um monte de algodão frio – especialmente quando tem que enfrentar sua recente aventura e seu antigo amante, é a outra opção. Mas mesmo as Sentinelas têm que agir como adultos, portanto, sentei-me e tirei os cobertores.
Tinha sido uma boa semana desde que fui correr. Já que eu tinha um par de horas antes de nos encontrarmos para assistir a convocação, vesti um top esportivo, uma camiseta e calças curtas de corrida, assim poderia aproveitar três quilômetros por Hyde Park. Treinando com Ethan ou os Guardas era exercício, certamente, mas não do tipo que relaxasse seus ossos e mente, tirando tudo exceto
o martelar de aço, o ritmo de sua respiração é um bom suor antiquado.
Mas primeiro, eu precisava de algum combustível para o meu “tanque”. Não estava pronta para encontrar o restante dos vampiros da Casa, ou arriscar a possibilidade de um encontro Sheridan/Sullivan. Então, optei por escapar de qualquer drama que pudesse estar me esperando lá embaixo e procurei por um café da manhã no segundo andar. Encaminhei-me pelo corredor e através de uma porta vai e vem até a pequena cozinha retangular. Gabinetes revestidos de granito
alinhados ao longo do cômodo, e uma geladeira e outros aparatos estavam
integrados aos gabinetes na mesma madeira revestida.
Os balcões tinham uma cesta de guardanapos e outros aparelhos menores.
A geladeira estava coberta de imãs e cardápios de locais Chineses, Gregos e casas de pizza em Hyde Park. Essa era a vantagem de viver perto de UC – os estudantes mantinham o negocio de entrega de comida em todas as horas, e isso era bom para o resto de nós.
Fui à geladeira e a abri. Não era diferente de algo que possa ter visto em um edifício de escritórios – um monte de sobras preparadas, potes de yogurt e sobremesas meio comidas com as iniciais marcadas sobre elas. Era todo o resto de comidas e datas de vampiros antigos, etiquetados para manter longe dos outros dentões.
Mas ali também havia doces para a casa, incluindo montes e montes de
sangue despejados em sacos de meio litro e caixas menores, para beber. Levei um segundo para avaliar minha necessidade e decidir que era hora de me abastecer.
Agarrei duas caixas pequenas, as agitei enfiei o canudo que vinha junto; dei um gole..., e fiz uma careta. Morder Ethan foi como beber um estranho clássico – rico, complexo, intoxicante. Agora, beber de uma caixa de plástico era exatamente como isso – homogêneo,plástico, pobre. De alguma maneira era a morte, como se o sangue tivesse perdido a mistura de energia que você tem ao beber da fonte direta, por assim dizer.
Mas já que esse fornecimento havia sido cortado, a bebi, depois fiz o mesmo com a segunda caixa. Este não era o momento para deixar que a preferência pessoal fosse um obstáculo da necessidade biológica, especialmente devido aos desafios físicos e emocionais que eu poderia enfrentar em algumas horas.
Joguei as caixas vazias no lixo e por curiosidade abri alguns gabinetes
superiores. Estavam cheios com lanches saudáveis – sacos de granola, frutas secas, cereais de alta proteína e pipoca natural.
― Eca. ― murmurei, depois fechei as portas do gabinete novamente e
atravessei a porta vai e vem. Quando enchessem os gabinetes com Twinkies*, eu voltaria. Fiz uma nota mental para falar com Helen, a governanta da casa, sobre isso.

(*Bolinhos.)

Café da manhã na bolsa, eu me dirigi para fora, era uma típica e pesada
noite de Junho. Não era muito tarde, mas as ruas ainda estavam tranquilas. Pensei que, se evitasse aos paparazzi por completo, arriscaria fazer-lhes mais interessados nas atividades vampíricas, então desci a rua pela direita e havia um grupo na esquina. Sorri e acenei, flashes estalavam enquanto eu me aproximava mais.
― Hey. ― gritou um. ― É a Vingadora de Rabo de Cavalo!
― Boa noite, cavalheiros.
― Algum comentário sobre o tiroteio no bar, Merit?
Sorri pensativamente ao repórter; um garoto bastante jovem usando jeans e camiseta, um crachá de imprensa ao redor do pescoço. ― Só espero que os autores sejam capturados.
― Algum comentário sobre os estacadores em Alabama?―  perguntou.
Meu sangue esfriou.
― Que estacadores?
O homem ao seu lado – mais velho, gordo, com uma massa de cabelo branco crespo e parecido com um bigode – gesticulou com seu pequeno caderno estilo repórter.
― Quatro vampiros foram atacados em um, bem, chamam-no de “Ninho
de Vampiros”. Aparentemente é uma espécie de movimento clandestino
antipresas.
Então a preocupação de Gabriel sobre os rumores, claramente tinham sido
reais. Quem sabe fosse um incidente isolado. Quem sabe foi um horrível, mas azarado, ato de violência que não sinalizava a mudança de maré para o resto de nós.
Mas quem sabe não era.
―Não ouvi sobre isso. ― eu disse tranquilamente. ― Mas meus pensamentos e orações vão aos seus amigos e familiares. Esse tipo de violência, o tipo que cresce do preconceito, é intolerável.
Os repórteres ficaram calados por um momento enquanto escreviam meus
comentários .
― Eu devo ir. Obrigada pela noticia cavalheiros.
Eles gritaram meu nome, tentando fazer perguntas adicionais antes que eu corresse pela noite, mas fiz meu dever. Precisava da corrida. A oportunidade de limpar minha cabeça, antes de me dirigir de volta para a Casa Cadogan e o drama que sem dúvida me esperava lá – político ou o contrário.
O primeiro quilômetro foi desconfortável, especialmente como um vampiro, mas, doloroso no modo em que os primeiros quilômetros sempre eram.
Mas finalmente encontrei um ritmo, minha respiração e as passadas alinhadas e dei uma volta pelo bairro. Rodeei a Universidade de Chicago, a ferida de já não estar matriculada na minha suposta mãe nutritiva, ela ainda estava aberta.
Uma brisa levantou-se no momento em que cheguei a Casa Cadogan, e
assenti com a cabeça para os Guardas enquanto virava para entrar nos jardins, tentando diminuir minha respiração, com as mãos em meus quadris. Tive que correr mais rápido que um vampiro, para aumentar meu ritmo cardíaco. E não estava realmente certa de quão bom foi, mas me senti melhor por tê-lo feito. Era
bom escapar por um tempo, do confinamento da Casa Cadogan, para focar-me apenas em minha velocidade, meu ritmo e chutar...
Compreendendo que a limpeza era o passo seguinte em minha lista por
fazer, voltei ao meu quarto para tomar uma ducha.
Cheguei a minha porta.
Havia uma pequena tabela de anúncios em cada quarto da Casa Cadogan.
Um folheto estava preso no meu – um grosso pedaço de cartolina portava um anuncio em letras trabalhadas.

Mordida duas vezes 3Onde histórias criam vida. Descubra agora