Capítulo 12- Recuperando e novidade

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--//Bernardo\\--

Desde o acidente, não houve um dia em que o Bruno não tivesse do meu lado.

Depois de uma longa espera, finalmente tive alta e irei para casa dos meus pais, o que me deixou bastante feliz.

Apesar da dificuldade para aceitar a paraplegia, eu mantenho-me bastante positivo em relação ao prognóstico. O Bruno também tem ajudado nesse sentido e a equipa de reabilitação do hospital tem sido essencial.

Durante meu período de reabilitação no hospital, conheci o Daniel, um terapeuta ocupacional que me atendia quase diariamente e me fazia sentir cada vez mais confiante na minha recuperação.

Daniel me deu imensas orientações necessárias.

- Daniel: eu tenho a certeza que o Bernardo vai conseguir recuperar os movimentos das pernas gradualmente, mas o seu apoio tem sido essencial, então continue ao lado dele, haja o que houver! - disse para o Bruno

- Bruno: é claro Daniel! Eu sempre vou estar ao lado dele.

- Daniel: isso é muito bom! Vocês formam um belo casal!

Ouvindo aquela afirmação eu e o Bruno nos olhamos surpreso e ele falou:

- Bruno: A gente não é um casal! Somos só grandes amigos.

- Daniel: peço desculpas então, mas é que do jeito que vi vocês interagirem, pensei que estavam juntos. – disse todo envergonhado e continuou – Mas passando à frente. Bernardo não se esqueça do que eu falei, você vai conseguir recuperar os movimentos gradualmente, mas esse pode ser um processo demorado, por isso faça da sua cadeira de rodas a sua melhor amiga por enquanto.

-Bê: muito obrigado Daniel – disse estendendo- lhe os braços para um abraço, no qual retribuiu – você foi muito importante neste momento tão difícil para mim!

- Daniel: eu só estava fazendo o meu trabalho. Não te esqueças que o teu processo de reabilitação, vai continuar na clínica para a qual te encaminhei. Essa clinica é muito boa e tem profissionais fantásticos. Vais gostar de lá! – disse entusiasmado – Bem como disse não desistas do tratamento e te desejo o melhor.

Assim, Daniel deixou o quarto e logo o Bruno se dirigiu a mim:

- Bruno: ouviste? Nada de desistir.

- Bê: sim, eu sei. Mas, mudando de assunto, não achas que meus pais estão demorando?

- Bruno: eles estão ocupados com os preparativos da tua volta para casa. Afinal, eles tiveram que fazer algumas mudanças para facilitar o teu quotidiano lá, conforme o Daniel orientou que eles fizessem. Por isso vou ser eu, a levar-te.

- Bê: eles tiveram que mudar toda a dinâmica da casa só porque eu não posso andar. - disse entristecido.

- Bruno: não comeces. Eles não estão reclamando de nada. – disse segurando a minha mão. – Lembra do que conversámos? Mesmo que não recuperes o movimento das pernas, o que todos estão crentes do contrário, a tua vida vai sofrer algumas mudanças, com as quais tu és forte suficiente para lidar.

- Bê: eu sei...desculpa, é que ainda estou um pouco chateado com esta limitação.

- Bruno: eu posso imaginar, mas com os ajustes certos, tu sentiras poucas dificuldades em te adaptares, a esta tua "nova vida", digamos assim. Olha pelo lado bom, estás indo para casa. – disse me animando.

Me preparei para regressar a casa e quando lá cheguei, fui surpreendido por vários familiares e amigos que me esperavam, para me felicitarem pela saída do hospital e me desejarem o melhor para a minha recuperação.

Meu irmão se aproximou para falar comigo:

- Carlos: é bom ter-te de volta em casa.

- Bê: é bom estar de volta, apesar da minha limitação.

- Carlos: não te preocupes. Logo-logo já vais estar andando de novo.

- Bruno: eu já falei isso para ele, mas ele parece que não acredita. – disse se aproximando de nós junto com a Ana.

- Carlos: Bê...eu preciso te contar uma coisa.

- Bê: o que é Carlos. Fala! – disse apreensivo.

- Carlos: calma não é nada de grave. É que eu e a Ana, estamos juntos...e como para além de meu irmão, és nosso melhor amigo, achei que gostarias de saber!

- Bê: é claro! – respondi eufórico – Contem-me tudo! Desde quando? O que rolou?

- Carlos: calma. – disse rindo – Estamos apenas no começo.

- Bê: estou muito feliz por vocês, pois ambos são muito importantes para mim. Espero que dê tudo certo para vocês!

- Bruno: eu também – disse, tendo se mantido afastado da conversa até agora.

- Carlos: obrigado Bruno.

A minha receção durou bastante e passei boa parte do tempo conversando com o Bruno, Carlos e a Ana. Depois de algum tempo, as pessoas se foram, incluindo Carlos e Ana, restaram só os meus pais, que depois foram resolver alguns assuntos pessoais e fiquei só com o Bruno, que permaneceu ao meu lado e me ajudou a realizar a transferência da cadeira de rodas para a cama.

Estávamos deitados, quando disse:

- Bê: Bruno...

- Bruno: sim! O que foi?

- Bê: tu acreditas mesmo que eu vou conseguir voltar a andar? Eu sei que as pessoas dizem que sim, mas eu preciso que tu sejas sincero comigo, o que tu achas?

- Bruno: eu não sou médico, por isso talvez não seja a pessoa mais indicada para te responder. Mas uma coisa eu sei, que tu és um vencedor e vais vencer esta luta também.

- Bê: sim...

- Bruno: e olha só, tu nem sentias nada da cintura para baixo e agora já sentes alguma coisa, isso deve significar alguma coisa. Mas...se isso não acontecer, eu acho que tu vais conseguir lidar com isso! Tu já passaste por muita coisa e eu sei o quanto forte tu podes ser, então sei que vais ser capaz de superar isto.

- Bê: eu não sei... – disse começando a chorar e Bruno me abraçou – eu não me sinto mais tão forte. Eu não consigo me ver preso a esta cadeira de rodas e eu estou com medo de não voltar mais a andar.

- Bruno: eu entendo o que estás sentindo. – disse acariciando o meu cabelo – Em qualquer dos casos, eu vou permanecer ao tu lado!

- Bê: obrigado Bruno, por tudo. Pensei que depois da conversa daquela noite a nossa amizade tivesse terminado de vez – disse com tristeza.

- Bruno: esquece isso, esquece o passado, vamos viver o agora. Eu nunca te vou deixar. – falou me apertando ainda mais em seus braços.

- Bê: ok, mas voltando ao assunto, eu não queria me tornar dependente das pessoas, para realizar as minhas actividades.

- Bruno: tu não vais! Lembras-te do que o Daniel falou? Tu podes ser independente, mesmo estando numa cadeira de rodas.

Permanecemos conversando até que caí no sono nos braços do Bruno.

Noites de PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora