--//Bernardo\\--
Quando lá chegarmos, procurarmos por noticias do Bruno. Mas a noticia que recebemos foi a pior de todas. Ele não havia resistido aos ferimentos e tinha falecido na chegada ao hospital. Ainda tentaram reanimarem-no, mas sem sucesso.
- Médico: nossa equipa médica fez tudo o que estava ao nosso alcance.
- Bê: o que você quer dizer com isso, doutor?
- Médico: não é fácil para mim ter que dar essa noticia, mas faz parte...
- Bê: que noticia?...Fale logo.
- Médico: o paciente Bruno Ferreira...acaba de falecer.
- Bê: Não...é mentira...meu Bruno não...
- Carlos: Ah meu Deus...
- Bê: me diz que é mentira...
- Carlos: vais ter que ser forte, Bernardo...
- Bê: não pode ser verdade, ele não ia fazer isso comigo, não ia...
- Carlos: Calma Bernardo. Queres um copo de água?
- Bê: eu quero o meu noivo de volta...Meu Bruno...
Os médicos e enfermeiros ficaram todos comovidos ao ver o meu sofrimento, ao receber a triste noticia. Inconformado corri pelo corredor, procurando pelo Bruno. Ao encontrar a sala fui impedido de entrar, só pude vê-lo através do vidro. Com a testa encostada no vidro eu chorava desesperadamente. Meu coração apertou ainda mais ao vê-lo deitado sobre aquela maca, sendo coberto por um lençol branco até à cabeça.
Durante a tarde levaram o seu corpo para velar, já eu estava junto com a minha família, aguardando a sua chegada, sobre efeitos de calmantes, eu descansava no colo da minha mãe. De repente começou uma movimentação, fazendo com que eu acordasse.
- Bê: o que está acontecendo?
- Mãe: o corpo chegou.
Bastou ouvir isso e entrei em pânico, e minha mãe me abraçou para tentar confortar-me, embora ela também estivesse chorando muito.
Durante o resto da tarde e toda a noite, eu não desgrudei dó pé dele, só saía para ir ao banheiro. Seu caixão estava lacrado, só o conseguia ver através de um vidro, que mostrava o seu rosto.
- Bê: Amor...porquê me deixaste?...O que vai ser da minha vida, sem ti?
- Carlos: vem tomar um chá para te acalmares...
- Bê: Eu não quero chá nenhum, eu quero o meu Bruno de volta...
A pior hora foi quando já de manhã vieram fechar o caixão, para proceder ao funeral. Bruno irá ficar na campa da minha família.
- Carlos: está na hora de levarem-no. – disse me tentando afastar do caixão para que pudessem fechá-lo.
- Bê: NÂO...não...não levem ele de mim, por favor...- dizia implorando desesperadamente.
– Deus, porquê o senhor fez isso comigo? Amor...Bruno... - disse já no ultimo adeus.
Com tiros me levanto
Com tiros me deito
Com tiros me enterro
Era o lema do Bruno no exercito, principalmente quando estava em missão, quem diria que depois de ele sair do exercito, seriam mesmo os tiros que o iriam enterrar.
Agora eu sei que ele passa todas as noites do meu lado, como todos os dias. Mas para mim todas as noites são Noites de Pesadelo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Noites de Pesadelo
De TodoNoites de pesadelo, conta a história de Bruno um português hétero e Bernardo um brasileiro homossexual, e como a grande amizade que eles tem se pode transformar em noites de pesadelo. Um drama que vai por á prova essa amizade ou era revelar o grande...