A nave

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O vasto vale de montanhas brancas se estendia sem fim por aquela terra morta, ignorando todo e qualquer traço de vida que antes existira naquele planeta, mas Connor e Yin foram os únicos a presenciá-la. Os Guerreiros do Infinito, que agora já não eram mais compostos só pelos hospedeiros, se espreitavam cuidadosamente pelas rochas, escoltando principalmente o garoto de cabelos brancos, que se esforçava para lembrar das coordenadas e não ficar louco. Mesmo que a consciência sombria do insano Dr. Rosak já estivesse fora de sua mente, ainda era perigoso. Ainda mais quando se aproximavam da nave caída do inimigo.

— Agora... esquerda! — Exclamou ele, apontando na direção. Todos o seguiram. Akemi andava atrás dele.

— Você tem certeza que não está cansado? — Ela estava profundamente preocupada, e embora não quisesse demonstrar, era meio que inevitável.

— Resgatá-las é mais importante do que o meu cansaço. — Seus lábios se abriram em um sorriso satisfeito. O discurso de Connor mais cedo na nave fora inspirador. O hospedeiro da esperança caminhava à frente de todo o grupo, usando sua conexão cósmica com a vida do planeta para verificar se não havia nenhuma rota mais fácil. Ashryn, Aelin, Alec e Dead seguiam os outros levemente espalhados pelo ambiente. Estavam curiosos com todo aquele... vazio. Se perguntavam como era possível um planeta habitado pelos corpos mais bonitos do espaço sideral morrer daquela forma.

— Parem! — Gritou Connor, obedecendo ao seu próprio comando e parando bruscamente na frente de todos, fazendo com que Akemi e Yin se esbarrassem de leve lá atrás. A vista diante dos olhos terráqueos o deixou aterrorizado. — É melhor darem uma olhada nisso... — Todos se moveram um pouco para frente. Onde Connor havia parado, era a ponta de um penhasco, e seu abismo parecia não ter fundo, de tão escuro que era. Mas além disso, o que mais importava era o que estava além do vale. Eram planícies, brancas como o resto do planeta, mas estavam entre as montanhas, o único espaço aberto que o garoto vira até agora, além da cidade. Finalmente haviam encontrado a nave. Era enorme, muito maior do que o veículo recém destruído de Alec, que ainda não havia se recuperado da perda. O centro da nave fora dividido em três grandes partes na queda, que se mantinham separados por cerca de quinhentos metros um do outro. As partes laterais foram espalhadas por todos os lados, e mesmo que o solo estivesse morto, os sinais da destruição ainda eram bem visíveis. Dead arqueou a sobrancelha esquerda e usou seus olhos de águia para enxergar mais de perto.

— A última parte... — Apontou a terceira parte caída da nave, a maior de todas. — Está funcionando. — De fato, os seus sistemas estavam ativados, e isso era provado pelas luzes azuis que se mantinham acesas, mesmo com a separação do resto do transporte. Infelizmente, apenas Dead podia ver. — Lylith e Artêmis devem estar lá. Mas é muito maior. Precisamos tomar cuidado. Connor? — Levou seu olhar ao terráqueo, que assentiu com a cabeça. Sabia o que fazer. Connor arriscou se sentar sobre o penhasco, assumindo o risco da pedra cair. Todos fizeram silêncio. Ele ficou em posição de lótus, a forma de relaxar mais rápida que conhecia. Se concentrou na conexão com a energia vital do planeta e, instantes depois, abriu os seus olhos, que estavam cobertos pela energia cósmica verde de seu cristal, mas não havia ativado a sua armadura. Agora podia enxergar tudo com vida, como fizera na Capital Estelar. No entanto, só ele podia ver. Trazer de fato a vida de volta, denunciaria sua localização discreta. Então, ele abriu a sua boca, como se estivesse vendo a coisa mais linda que já vira em toda a sua vida, e talvez realmente fosse.

— Tem... um lago. Um lago muito grande... esperem... não! É um mar.

— Um mar? Mas é totalmente branco... — Aelin estava confusa.

— De alguma forma, está cheio de vida, mais do que as outras partes do planeta. Por isso, é como se fosse simplesmente uma parte mais lisa do solo.

Os Guerreiros do InfinitoOnde histórias criam vida. Descubra agora