O fajuto inverno chegava ao fim, cedendo seu lugar as flores. A primavera havia chegado. Mais não foi só flores que a estação trouxe, com ela vieram notícias surpreendentes.
Eu cheguei no colégio e dei de cara com elas. Rosas. Rosas vermelhas. Minhas preferidas. As meninas que me entregaram disseram ter um cartão. Procurei depressa por ele. Quando o encontrei, antes de abrir, imaginei ter sido o Rafael quem ás enviou. Estava errada. As flores eram do colégio. Por que diabos a diretora me enviaria flores, resolvi pegar o papelzinho dentro do pequeno envelope vermelho.
Para nossa Julieta, receba essas rosas como um parabéns!
O que é que há, pois, num nome? Aquilo a que chamamos rosa, mesmo com outro nome, cheiraria igualmente bem.
William Shakespeare
– Há! Há! Há! – Eu comecei a dar gargalhadas. – Meninas as flores não são pra mim! Vocês entregaram pra pessoa errada. As rosas são pra uma tal de Julieta – Disse por fim.
– Não! Entregamos certo! – Contestou uma das garotas. – Você é a Julieta! – Eu informei para as meninas mais uma vez que meu nome não era Julieta, e sim Manuela!
– Sabemos qual é o seu nome. – A mesma garota disse – O que o cartão quer dizer, é que você será a nossa Julieta na peça!
Oi? Como assim eu ia ser a Julieta na peça? Eu não tinha me escrito em papel nenhum, na verdade eu nem sabia que iríamos ter uma peça de teatro na escola.
Meus pensamentos foram interrompidos por uma pessoa pondo á mão no meu ombro. Era da diretora, que me chamava para ir até a sala dos professores com ela. Ao me verem entrar na sala, alguns dos meus professores disseram: "Que Julieta mais linda, nós temos".
Em seguida, vieram me abraçar e me deram os parabéns pelo papel. Disseram que a Julieta foi o papel mais concorrido da peça. Eu tentei explicar pra eles que eu não tinha posto meu nome na lista, mais ele não escutaram uma palavra que eu dizia. Estavam mais preocupados em saber quem seria o meu Romeu!
Ao me levantar nessa manhã, imaginei que seria apenas mais um dia chato de aula. Mais claro, eu tinha que estar errada!
Quando a porta da sala se abriu, o Felipe – meu Romeu – entrou. Pelo menos eu contracenaria com um amigo. Me lembro que no meu primeiro dia de aula eu tinha sentado lá no fundão, ao lado dele, que não parava de me encarar. Quem diria que o mais popular da sala, gostava de atuar. Fiquei surpresa!
– Escolhi muito bem o Romeu e a Julieta! Olhem pra esses dois, vejam como são lindos! – Se vangloriava a nossa professora de português.
– Espera aí, foi você quem me colocou nesse papel? – Perguntou meu amigo Felipe, revoltado. Acho que ele também não esperava por essa!
– Como assim "nesse papel"? Esse é o papel! A história de amor deles é a mais romântica de todas! Ah! Eu com um amor desses! – Ela suspirava enquanto respondia á pergunta do Felipe. Acho que ela nunca se apaixonou! Sorte a dela!
– É o seguinte: vocês dois precisam de notas em muitas matérias, principalmente em matemática. A quantidade de pontos que precisam pra passar, não teriam nem se tirassem dez em todas as provas. E os diretores da peça precisavam de um Romeu e claro de uma Julieta. Então eu tive a brilhante ideia de matar dois coelhos numa cajadada só. Ora! Vocês são jovens, bonitos e inteligentes, assim como Romeu e Julieta! – A diretora disse, pegando duas pastas da mesa e nos entregando em seguida. – Tomem! Aqui está a história e todas as falas! Leem e decorem! – Ordenou ela com uma voz aguda.
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O Outono Que Mudou Minha Vida
Teen FictionNo seu 16° outono, Manuela - ou Manu como gosta de ser chamada - passou por um trauma que ainda não foi superado totalmente, em parte pela falta de atenção e sensibilidade de seu pai advogado/autoritário, e outra parte por não conseguir se livrar da...