Depois daquele primeiro e-mail ela não parou mais de me escrever. Todo final de semana ela mandava pelo menos um e-mail e eu sempre enviava sua resposta na mesma hora em que lia. Meu irmão sempre ligava para mim ou pra Natalia, e ficávamos horas conversando ao celular, ele me contava sobre como andava sua vida e eu fazia o mesmo. Estávamos sempre cientes sobre o que acontecia um com o outro. Já meu pai, se tiver me ligado três vezes desde que cheguei no Rio, é muito. Mais eu sei que ele está sempre perguntando de mim pra minha mãe. Ela me contou em um de seus e-mails.
Passaram-se horários longos, dias quentes, semanas curtas e meses demorados. No colégio, eu e Alina não nos desgrudávamos mais, mas não era apenas dela que eu era amiga. Fiz amizades com vários outros alunos, criei um laço de amizade até com a Sophia e o Rafael Lopez.
Depois daquela manhã na praia ele me convidou para ir a um jogo de futebol do time em que joga, florensce, e que por coincidência é o time do coração do meu pai e de metade da família Vasconcelos. E aos poucos, fomos nos aproximando mais e mais. A Sophia chegou até a me explicar o que eu já sabia: que no Rio de Janeiro não se vivi só de praia.
Em um sábado no final de agosto, levei um susto ao acordar e encontrar a Sophia sentada no sofá me esperando acordar, para me dizer – e não perguntar – que iriamos fazer trilha. Ela e a Nah já tinham até preparado a minha mochila com as coisas que precisaríamos.
– Eu e o Rafa conhecemos um lugar ótimo para fazer trilha. Só que é diferente, porque tipo, não vem nenhum monitor junto com a gente durante o percurso da trilha. Mas obviamente o local é monitorado. – Disse Sophia, respondendo a pergunta da Natalia sobre o local.
– Gostei. – Fui a primeira a falar. Sempre gostei dessas coisas, porém nunca tive coragem de fazer.
– Também! – Nah concordou comigo. Acho que ela preferiu dizer que gostava de fazer trilha somente para ser uma desculpa para não ficar sozinha em casa, pois se tinha uma coisa que ela odiava mais do que pernilongos picando todo o seu corpo era ter de ficar em casa sozinha no dia da sua folga do trabalho.
Quando terminei de me arrumar peguei minha mochila preta que estava em cima do sofá e enfiei meu celular e minha carteira junto com o protetor solar e o repelente que já estava dentro da mochila, e feito isso, saímos ás três em direção a porta e quando chegamos na portaria do prédio, tinha um táxi nos esperando, perguntei a Sophia se o Rafael não iria junto com a gente. Ela respondeu que ele nos encontraria no local.
– Dessa vez eu não fui a última a chegar! – A Sophia disse ao descer do táxi e ver que o irmão ainda não estava ali.
– Será que ele não amarelou na última hora! – Nah falou, caindo na gargalhada.
– Não, ele não é frouxo desse jeito. – Disparou Sophia rindo ainda mais.
Esperamos por mais cinco minutos até que ele resolveu dar o ar da graça!
– Demorei? – Falou Rafael, segurando o sorriso. Eu odiava quando outras pessoas, há não ser eu, fazem ironias. Sem falar que foi ótima a cara que a Sophia fez pra ele.
Todos pegaram suas coisas, e entramos num Jeep que o Rafael havia alugado e que vinha com um motorista para nos acompanhar. E com isso, tivemos que escutar um monte de recomendações estranhas do tipo: não se separem em momento algum, fiquem todos pertos e cuidado para não caírem e assim por diante. Por fim o Rafael foi escolhido para que ficasse com o localizador e um mapa.
O sol estava forte, a manhã estava mais linda que o normal e mesmo assim ninguém pensou em desistir, ou melhor, com exceção da Natalia que devia ter pensado nisso enquanto ainda estava no táxi. Ainda no Jeep, todos nós tivemos que colocar nossas mochilas nas costas, para depois não acabarmos esquecendo-as ali.
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O Outono Que Mudou Minha Vida
Ficção AdolescenteNo seu 16° outono, Manuela - ou Manu como gosta de ser chamada - passou por um trauma que ainda não foi superado totalmente, em parte pela falta de atenção e sensibilidade de seu pai advogado/autoritário, e outra parte por não conseguir se livrar da...