Capítulo 15

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O fax com as assinaturas dos meus pais haviam chegado. Cheguei a pensar que meu pai não assinaria nada, mas ele havia me escutado e principalmente me dado um voto de confiança, que era o que eu sempre pedira a ele.

Diferente do meu pai, a minha mãe tinha todas as qualidades que toda filha gostaria de que sua mãe tivesse: era uma mãe amiga, que gostava das coisas que eu gostava, que apoiava cem por cento nos meus objetivos e que não usava o seu tempo para me dar ordens e sermões. Não que os pais não devessem fazer essas coisas, mas o meu pai, precisava fazer só essas coisas? O Sr. Ricardo "o advogado" sabia estabelecer ordens muito bem; ele não deixava meu irmão beber, falar idiotices (como ele chamava os palavrões) ou então perder o controle que segundo ele nos envergonharia perante a família e aos amigos. A diferença entre o relacionamento do meu irmão com nosso pai e entre nosso pai e eu era que, quando Lucas andava com ele, e tinha alguém por perto, Lucas agia e falava exatamente da mesma maneira quando estavam apenas os dois sozinhos. Lucas agia dessa maneira para orgulhar nosso pai – o inverso do que eu fazia, que sempre agia de forma verdadeira comigo mesma.

– Você é oficialmente a nova new face da agência! – Disse Angélica trazendo-me para a Terra.

Eu assenti com um sorriso.

– Espero não decepcionar. – Falei por fim.

Passei quase que o dia todo dentro da agência em pé, só tirando e colocando as roupas de algumas lojas de departamento para fazer alguns ajustes – já que agora eu teria de usar sempre roupas que a agência desfilava. E sem falar na dificuldade que foi a parte de experimentar as lingeries na reta daquele ar condicionado super potente. Angélica dizia de hora em hora que eu iria ter que me acostumar a ficar de roupas intimas na frente de muitos ar condicionados e principalmente na frente de muitas pessoas, inclusive de homens.

No final da tarde quando fui liberada para ir embora, os raios de sol já se despediam pela janela do taxi que eu estava, tornando tudo escuro. Esfreguei meus olhos a fim de poder enxergar melhor, mas foi por causa de uma notificação do meu celular que a luz do visor clareou a parte de trás do carro.

A notificação era um aviso de que tinha recebido uma mensagem da Sophia; dizendo que era pra me arrumar e ir até a casa dela pois iríamos a um karaoke na Lapa com seus irmãos.

Assim que desci do táxi corri para o elevador. Quando entrei no meu apartamento me deparei com a Nah babando em nosso sofá com a televisão ligada no canal da MTV, deixei minhas coisas em cima do outro sofá e fui para a cozinha afim de tomar um suco de laranja e comer um sanduiche natural para não sair com fome. Feito isso fui tomar um banho para começar a me arrumar. Preocupada com o horário, me troquei no banheiro mesmo e fiz uma maquiagem mega leve para combinar com o vestido longo.

Já no hall do apartamento liguei para o mesmo taxista que havia me deixado ali uma hora antes.

                                                                                      ♥ ♥ ♥

Quando entrei no quarto do Rafael pra ver se ele já estava pronto, vi que ele não tinha nem começado a se aprontar. Me sentei na cama dele e respirei fundo, as férias dele haviam começado hoje, mas ele devia estar exausto por causo dos jogos e das horas de viagem. Cheguei mais perto, Rafael ainda dormia profundamente, todo espalhafatoso com o edredom caído no chão.

– Amor, acorda! – O chamei enquanto o balançava na cama.

– Ei, que horas são? – Disse ele abrindo os olhos e se virando para mim que começava a sorrir.

Meu sorriso desapareceu no instante em que vi seu rosto machucado.

– Deve ser umas sete da noite, o que aconteceu com o seu olho direito? – Perguntei mais uma vez, estava ficando nervosa.

O Outono Que Mudou Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora