O Outono Que Mudou Minha Vida

Capítulo 14

Os lustrosos pisos brilhantes da agência " Angel's Moda" era pisado por várias modelos correndo para seus respectivos trabalhos ou abrindo caminho entre elas mesmas indo em direção ao que parecia ser um estúdio fotográfico.

Depois do Henrique me apresentar a cada uma das modelos e funcionários, que foram megas simpáticos comigo, ele me apresentou a sua sócia Angélica – que não fez diferente á ele quando me viu.

– Obrigada, demora eu vou começar a me sentir uma verdadeira "Angel" com tantos elogios. – Brinquei, fazendo referência ao nome da agência.

– Mais é isso que nós queremos, que você saiba o tamanho e o significado de beleza. Já tenho tantos planos pra você garota! – Disse Angélica com um sorriso que foi capaz de me transmitir confiança que eu precisava para seguir em frente.

Confesso que pensei em desistir da ideia de modelar no instante que recebi o telefonema do Henrique. Mais aí pensei que com o dinheiro dos cachês eu poderia investir no meu futuro, na minha tão sonhada faculdade de psicologia, e claro, finalmente sair da asa do meu pai.

– Serei eu quem irá te gerenciar nesse meio, irei te representar e o melhor de todos, conseguir trabalhos pra você.– Falou com convicção – Por falar nisso, você tem que assinar um contrato conosco, e como eu já sei que você ainda não completou a maioridade eu providenciei os papéis para que seus pais possam assinar.

E lá se vai o meu tão sonhado cachê! Eu tinha certeza de que o meu pai seria contra, ou talvez que me mataria só por ter aceitado ir até a agência, ou talvez os dois, se ele descobrisse que eu não apenas estava entrando nesse meio que ele tanto deplora, mas também por mim planejar um futuro que ele sempre julgou ser vulgar. Era como se eu estivesse o enganando de todas as formas possíveis.

Meu pai sempre foi um advogado conhecido por ser magnânimo e generoso, justo e honesto com todos os seus clientes nos tribunais. E ele era mesmo desse jeito. Mas também era rígido e severo – as vezes chegava a ser cruel – quando se tratava de estabelecer limites e orientar seus dois filhos. Ele esperava vorazmente que eu ou meu irmão seguíssemos a carreira que ele traçou pra nos dois. Desde muito cedo meu irmão se permitiu a ingressar em uma faculdade que nunca esteve em seus planos; apesar de já ter seus próprios sonhos (ele também esperava isso de minha parte). E quando meu irmão criar coragem – que eu sei que vai – e largar aquele escritório de advocacia, tenho a certeza de que nosso pai virá com sua frase de sermão decorada há tempos "Certo, não tenho dúvidas, você vai arruinar o seu futuro fazendo isso".

– Mas veja bem, Manuela, eu realmente sei reconhecer quando uma garota terá um belo futuro como modelo, só que fica esperta e com os olhos bem atentos, nesse meio você receberá muitos elogios, mas também muitas críticas. Então ande sempre na linha dentro e fora dessa agência. – Disse Angélica. – Você bebe ou fuma?

– Não. Por que?

– Se não for pedir muito, gostaria que continuasse assim. Modelos que saem dos trilhos não duram muito por aqui como você pode ver. – Falou ela, apontando para a garota de cabelo castanho liso que chorava no meio de outras modelos. – Ela teve várias oportunidades de melhorar seu comportamento e suas atitudes, mais não o fez.

– Entendi o recado!

                                                                                        ♥ ♥ ♥

– Já te disse que não. – Berrou me pai pelo celular. – Você sabe o que eu penso a respeito desse mundinho, e sabe também o que acontece com as pessoas que...

"Mundinho? Ah fala sério que ele vai mesmo fazer um discurso baseado nos seus clientes drogados e irresponsáveis", pensei.

– Eu já sei de cor o que você vai falar papai, então não gaste salivas tá. – Pedi.