Era maio, meu mês favorito do ano. Meu aniversário estava chegando e eu sentia uma atmosfera diferente no ar. Fiquei pensando em que estaria tramando agora minha prima. E também em como estaria minha família em Campos. Minha mãe, meu pai e meu irmão não davam sinal de vida nem por mensagem de celular e nem por email, nada. Será que eles irão deixar pra dar esse sinal no dia do meu aniversário? Será essa uma das surpresas da minha prima ou do Rafael para mim? Bom, todos os anos era assim, fingiam não lembrar e quando o dia quatorze chegava, sempre havia uma comemoração. Quando eram meus pais que tomavam a frente era sempre algo mais discreto, mas quando era a Nah...
Em um dos dezesseis aniversários que eu comemorei, ela fizera uma festa tão grande que o colégio inteiro compareceu, pessoas que nunca falei na vida me parabenizaram. Na ocasião, ficamos as duas bêbadas pela primeira vez de nossas vidas. No meu caso, precisava de algo forte que me fizesse esquecer que estava cercada de pessoas que fingiam gostar de mim, e a desculpa dela foi que não iria me deixar beber sozinha. No outro dia, não lembrava do que aconteceu, mas Natalia me disse que foi a noite mais divertida que ela já passou ao meu lado. Por sorte, não cometemos o erro de ficar com ninguém naquele estado que estávamos. Minha prima nunca acreditou em ficar por diversão, não teve uma "fase louca" como eu. Ela me viu passar por uma sucessão de namoros desastrados, e não queria isso para ela. Mas apesar de tudo sempre acreditei na força de um amor sincero e tranquilo. Eu não era ingênua, mas fazer o que, sempre acreditei no romantismo. Já minha prima quase nunca se permitia se envolver com alguém, sempre foi tão focada nos estudos e em seus objetivos que não permitiria que nada à distraísse... até ela começar a ter aulas com um professor muito sexy.
Esse seria meu aniversário de dezoito anos. Eu podia esperar por uma comemoração extravagante e esse era meu maior medo! Não queria outra festa como aquela em que ficamos bêbadas, preferia algo mais íntimo, com pessoas realmente queridas. Deixei isso bem claro para a Nah e o Rafa, que se fizeram de desentendidos:
– Não se preocupe, amor! Não faremos nada de mais. – Desconversou meu namorado.
– Será apenas uma reunião entre amigos! – Disse Nah.
– Você sabe que eu e a tua prima somos a discrição em pessoa. – Ironizou Rafael. Dá para acreditar?
Enfim, como disse, podia esperar qualquer coisa. Mas eu não tinha como saber que as surpresas que me esperavam para esse dia, me mudaria para sempre...
Eu andava uma pilha de nervos com a proximidade do meu aniversário, mas principalmente com a angustia que eu sentia em relação aos pesadelos que andava tendo. Eu preferia não pensar neles, fingir que nada estava acontecendo.Tentei focar meus pensamentos nas gravações de Jovens Cariocas, nos jogos de futebol em que eu ia para prestigiar meu time e meu namorado e também no resultado do vestibular que havia prestado pra psicologia no mês passado. Tentei agir normalmente com Alina – que começara a me visitar e a me chamar para ir á praia com mais frequência –, mas na tentativa de esconder meus sentimentos, acho que acabei parecendo avoada demais. Por isso, não estranhei quando Alina perguntou, preocupada:
– Manu! Tá tudo bem? Você anda estranha...
– Desculpa amiga! É que costumo ficar esquisita com a proximidade de meu aniversário.
Ela ponderou sobre o que eu disse, não sei se acreditou, pois ainda pareceu preocupada.
– Eu também sempre detestei aniversários. – Disse ela, rindo.
– Não é apenas isso, – Falei, sincera – é que as coisas estão mudando rápido demais. Eu não falo com meus pais desde a semana do carnaval e falta poucos dias para o resultado do meu vestibular, que é um dos momento mais decisivos em nossas vidas.
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O Outono Que Mudou Minha Vida
Novela JuvenilNo seu 16° outono, Manuela - ou Manu como gosta de ser chamada - passou por um trauma que ainda não foi superado totalmente, em parte pela falta de atenção e sensibilidade de seu pai advogado/autoritário, e outra parte por não conseguir se livrar da...