Handcuffs

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Quarta-feira (13h33)

— O que você tá fazendo? — Harry perguntou baixinho, esticando o rosto para enxergar o que Niall fazia em seu caderno. — Pensei que a gente já tivesse terminado todo o dever.

— Ah, sim. Isso é... Algo. Que estou trabalhando.

— Ok, "algo". Não poderia ser mais esclarecedor.

— É um desenho. Eu não gosto muito de mostrá-los quando ainda não estão prontos.

— Ok, ok. — Harry se rendeu, com as mãos no ar. — Você poderia me ensinar a desenhar alguma coisa num dia desses. Não me sinto um ser humano completo por não saber desenhar.

— E o que você gostaria de aprender a desenhar?

— Eu tenho meio que essas ideias de tatuagens. Elas ficam na minha mente, mas não consigo encontrar nada parecido por aí. Queria conseguir colocá-las no papel, para quem sabe um dia, fazê-las com alguém.

— Com alguém? Tipo matching tattoos?

— É... A maioria delas são matching.

— Não é meio assustador ter algo marcado pra sempre no seu corpo? Principalmente se for compartilhado com outra pessoa? — Niall perguntou.

— Eu nunca pensei dessa forma. Acho que assustador é não encontrar alguém para te completar. Metaforicamente e literalmente, no caso das tatuagens.

— Poetic. — Styles corou, meio tímido por ter compartilhado algo pessoal demais. Niall continuou seu desenho.

— Vou à biblioteca procurar algum livro bom. Provavelmente vou passar vários minutos na dúvida sobre qual pegar.

— Boa sorte. — Niall respondeu sem ao menos tirar os olhos do papel.

No caminho para a biblioteca, Harry foi parado por Daimian. Mais uma vez. O cacheado respirou fundo, pedindo aos céus que lhe mandassem bastante paciência.

— Não estou surpreso que MacAteer queira te ver na sala dele novamente. Você também não deve estar. Deves ter feito algo grave; nem os piores dos alunos foram chamados duas vezes em sua sala em poucos dias estando aqui. — Logo exibiu seu sorriso macabro, junto com os olhos vazios. — Eu me questiono... Será que participarei dessa punição?

— Eu me questiono... Todo esse ódio pelos alunos é tédio? Falta de amor? Resultado de uma vida sem sentido? Todas as alternativas anteriores?

— O que posso dizer? É o meu hobby. — Começou a andar, fazendo sinal para que Harry o seguisse. Ele andava rápido.

— O que posso dizer? É de dar pena.

— Você não fica calado nunca? — Daimian resmungou. — Você se acha tanto, entendo porque o pequeno não gosta de você.

Aquilo deixou o cacheado sem resposta. Era óbvio que o pequeno era Louis; ele era o menor das quatro pessoas que Harry falava. Incomodava-o muito saber que ele irritava tanto Louis assim; não que ele sentisse a necessidade de agradar a todos, mas continuava sendo um sentimento frustrante.

Daimian abriu a porta, depois de bater três vezes, e entrou na frente de Harry. Sua expressão era de alguém que ganhara um prêmio. Até que fez um O com a boca ao ver quem também estava na sala com o diretor.

— Ih! — Exclamou num tom brincalhão. — O senhor deveria manter esses dois afastados. No mínimo cinco metros. São como fogo e fósforo; quando se juntam, normalmente algo sai errado.

— Normalmente? — MacAteer perguntou, sua raiva visivelmente aumentando. — Isso... Essa briga... Não é a primeira vez?

— Primeira vez? Ha! O grandão aqui — apontou para Harry — já entrou causando problemas com o pequeno. Já os peguei brigando fisicamente, jogando comida um no outro, discutindo aos berros pelos corredores...

Handcuffs (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora