Estamos?

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Sábado

À noite, quando todos os meninos estavam — supostamente — dormindo, Garvan foi até a sala de Gerald, por causa de um chamado feito pelo mesmo.

Aquilo não era nem um pouco comum. Inclusive, não se lembrava da última vez que pisara na sala do irmão. E, diante desse episódio inédito, só vinha uma causa a sua mente: Harry Styles. Alguém deve ter o visto saindo de sua sala, algum dos trabalhadores, e denunciado a Gerald.

Ou então, o próprio Harry, vendo que nenhuma medida contra a tirania de Gerald seria tomada, decidiu "jogar a merda no ventilador" e se vingar, fazendo Garvan perder o emprego.

Qualquer uma dessas alternativas que fosse, a situação não era boa. Por isso, por mais que lutasse internamente para disfarçar o nervosismo, Garvan não conseguia. As mãos trêmulas eram notáveis mesmo dentro dos bolsos da calça.

Ele, agora, estava na pele de um dos estudantes dali.

— Sim? — Perguntou, sem entrar, nem muito menos olhar nos olhos do seu irmão.

— Seu pagamento. Não consegui depositar na sua conta, o banco mais próximo está tendo alguns problemas técnicos. — Bufou. — Enfim. — Chamou-o com uma das mãos, enquanto com a outra estendia-lhe o envelope alvo. — Há um bônus aqui dentro, por seu trabalho bem feito. Mesmo com todas as reformas acontecendo aqui dentro, o saldo continuou no verde. Parabéns.

Garvan, de frente a mesa, tocou no envelope, que ainda não tinha sido solto. Gerald queria falar mais. Respirou fundo e mudou a direção do olhar, encontrando um livro com uma capa conhecida, do lado direto do irmão.

Nunca pensou que o veria novamente.

— Espero que continues assim. — A frase abrupta chamou sua atenção instantaneamente. A forma que era encarado chegou a dar-lhe arrepios.

— Claro. — Sentiu como a espessura do bolo de notas estava três vezes maior, mas não adicionou mais nada. Apenas voltou a sua sala, onde iria tirar um cochilo e quando fosse de manhã cedo, voltaria a sua casa para esposa e filha.

(...)

Domingo

Niall e Harry separavam as roupas sujas para lavar. Mas a mente do cacheado estava em outro lugar.

— Quero dizer, Nialler, eu mal o vi hoje. Desde ontem eles não se separam e, quando eu perguntei ao Louis o motivo daquilo, ele me disse que não era nada. Que Finn estava apenas com alguns problemas. — De cara feia, Styles deu um nó no lençol, fechando a trouxa de roupas para lavar.

— Harry, se você acha que ele vai te trair, desencana. Não consigo imaginá-lo fazendo isso nem em milhares de universos paralelos. Louis é um ótimo amigo, ele deve estar realmente ajudando Finn. Ou então, o garoto fez algo embaraçoso e não quer que todos saibam. O que quer que seja, você precisa relaxar e confiar.

— Eu sei... Não estou sendo justo. — Desabafou em tom tristonho. — Eu nunca lidei com algo assim antes. Tentei negar por um tempo, mas é fato que estou a ponto de explodir de ciúmes.

— Você deveria conversar com o Louis e explicar que está desconfortável.

— Faria isso com todo agrado, se ele aparecesse! — Rolou os olhos. Niall também.

— Vocês vão se resolver, como sempre.

(...)

Louis voltou ao quarto muito depois do horário de dormir. Para tanto, todos os meninos dormiam, menos Harry. Estava o esperando. E assim o fez, pacientemente, até o de olhos azuis se deitar na própria cama e se cobrir.

— Lou?

— Hi, love. — Ele estava com voz de choro.

— Eu sei que algo aconteceu. Me deixa te ajudar... — Na teoria, sim, Harry iria ser direto e racional, mas tudo foi por água abaixo por saber que Louis não estavam bem. — Por favor.

— Você não pode. — Enxugou o rosto com o antebraço. — E eu não posso te contar, eu... Posso, por favor, não falar sobre isso agora?

— Por que você está me afastando? — Mágoa exalava da voz de Styles.

— Love, eu não posso te contar agora. Sinto muito. — Fungou mais uma vez. — É difícil, okay? — Tomlinson tentava focar sua atenção na respiração, para não chorar. — Por favor, não fique chateado. Eu prometo que nós estamos bem.

Estamos?

Handcuffs (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora