Sexta-feira
Harry estava preocupado e triste. Sentia que Louis estava cada vez mais distante dele. Tomlinson não fora ao café da manhã; ficara no quarto com Caleb, comendo as barras de cereais que Niall os dera. Nenhum dos dois apareceu nas aulas da manhã.
Antes do almoço, Styles voltara ao quarto, e se desculpou novamente por todo o lance com o Stanley. Acreditava que aquele fosse o problema. Mas, pareceu não adiantar muito.
Louis também faltara na aula de francês da tarde e nas aulas focadas para o vestibular do fim do ano. Simplesmente desapareceu.
Para o cacheado, era surreal o quanto as coisas estavam mudando rápido. Eles foram de algemados um ao outro, para estarem sendo separados por uma barreira invisível e bastante resistente. E, mesmo que ela mal tenha durado um dia, fora suficiente para afetá-lo.
O que Harry mais queria no momento era conversa. Muita, conversa. Não deixaria de forma alguma que o relacionamento dos dois fosse para o buraco. Ainda mais sem nem conseguir entender o motivo.
-x-
Ponto de vista de Louis
Soltei o primeiro suspiro aliviado durante o dia todo. É tão reconfortante o sentimento de alguém te entender, sem você precisar explicar nada. O que é exatamente o que eu estava precisando.
Eu, Niall e Caleb passamos o dia inteiro juntos, sentados no jardim, conversando sobre tudo, menos os nossos problemas. E, mesmo não sendo uma solução exata, isso de alguma forma nos ajudou.
Horan capturou tudo o que eu senti quando eu simplesmente falei que precisava ir tomar um banho. Entendeu que eu queria que ele fizesse companhia a Caleb e conversasse com ele.
Desde a morte de Aiden, Caleb estava opaco. O seu humor, resiliência, essência... Estava sumindo. Como não tínhamos acompanhamento psicológico nesse colégio medieval, recorri a melhor pessoa para me ajudar a recuperar o velho Caleb.
Aquilo seria bom para os dois. Ver Caleb sorrir como antigamente e Niall esquecer um pouco das provas de fim de ano; relaxando verdadeiramente, foi mágico. Ambos mereciam uma pausa.
-x-
Ponto de vista da Narradora
Louis andava por passos apressados, queria chegar logo no quarto — e consecutivamente banheiro — para se trancar lá e tomar um banho demorado. Colocar roupas limpas, livrar-se daquelas sujas de terra e depois, quem sabe, tirar um cochilo.
Indiretamente (ou não) estava tentando evitar um pouco Harry naquele dia. Estava difícil de tirar da sua mente que era estupidamente insuficiente para Styles; que o cacheado merecia muito melhor. Essa era a verdade, nua e crua.
O pedido de desculpas de mais cedo pareceu piorar o sentimento ainda mais; pois viu que mesmo o cacheado não tendo feito nada de errado (pelo menos em seu ponto de vista), ele estava se desculpando. Não tendo um pingo de orgulho.
Tomlinson foi interrompido por alguém chamando seu nome. De primeira, não reconheceu a quem pertencia aquela voz, mas um pouco antes de virar-se em direção ao chamando, sabia que era Finn.
— Ugh. — Finn arfou, cansado, pela velocidade que vinha correndo atrás do de olhos azuis. — Fuck, não sei como consegui te alcançar. — Levou uma das mãos ao peito, tentando regular a respiração.
— O que foi? — Louis perguntou, um pouco surpreso e confuso com a aparição inesperada dele.
— Eu queria te perguntar, se... — Pausou; agora estando mais calmo, ficou um pouco envergonhado. As bochechas rosadas o entregavam. — Você pode me ajudar com futebol? — Acrescentou rapidamente: — Quer dizer, não quero te atrapalhar de alguma forma, só se você tiver tempo.
— Te ajudar como, exatamente? — Louis não via muito sentido naquilo. Tudo bem que Finn ainda tinha muito o que aprender, mas ele já estava em um nível bom, por assim dizer.
— Eu quero melhorar. Para sair do banco e entrar de verdade no time. — Respondeu-lhe determinado, os olhos brilhantes. — E você é o melhor. O capitão. A gente poderia jogar juntos algum dia desses.
— 'Kay. Está certo. — Tomlinson concordou, sem querer prolongar muito. — Te deixo saber quando o campo estiver livre.
— Muito obrigado, cara. — Estendeu-lhe a mão para cumprimentá-lo. Louis deu um high five.
-x-
O anel de rosa era girado pelos dedos de Harry. Estava ansioso; tinha ensaiado na mente o que falar para o de olhos azuis cerca de um milhão de vezes. No mínimo.
Gostaria de entender o que estava acontecendo. O motivo do afastamento e saber o que ele poderia fazer para ajudar. Louis foi mais do que capaz de ajudá-lo a superar Nick, e agora era sua vez de retribuir.
Embora o garoto de olhos azuis tenha sido bastante silencioso ao adentrar o recinto, Styles notou sua presença de imediato e levantou o olhar até ele, com os lábios contraídos.
— Oi. — Louis foi o primeiro a cumprimentar. Sua expressão cansada era mais que visível; sendo demonstrada até mesmo pela postura mais desleixada que o normal.
— Hey. — Harry tentou sorrir, mas estava nervoso demais para isso.
— Nós precisamos conversar, certo? — Tomlinson estava mais do que consciente deste fato. O de olhos verdes respondeu-lhe com um aceno de cabeça.
Louis foi até a cama de Harry, mas não se sentou ao seu lado. Ficou de pé, em alguns palmos de distância. Cruzou os braços, em espera para que Styles perguntasse o que queria.
— O que está acontecendo, Louis? — Não poderia ter sido mais direto.
— Babe. — Os olhos de Louis estavam cheios de lágrimas e dor. — Eu poderia fechar meus olhos para o óbvio; ignorar tudo o que aconteceu no passado e me enganar achando que mereço tudo o que tenho com você. Mas, não é o caso. Nunca, nunca — enfatizou. — na minha vida eu tive tanta sorte. — Quebrou o espaço que separava os dois e levou ambas as mãos aos cachos de Harry. — Stanley está certo, mais cedo ou tarde, eu vou acabar te machucando. É a última coisa que eu quero, mas talvez seja apenas... Inevitável.
— Lou. — Styles estremeceu, sem esperar de forma alguma aquela resposta.
Quase não conseguia acreditar que Louis acreditava naquilo. Para Harry, era simplesmente um absurdo. Apenas isso; um absurdo tão, mas tão tremendo, que era difícil de ir contra ele. Pois, possuía tantos argumentos contra que não sabia por onde começar. Após um tempo considerável, Styles voltou a falar:
— Quando você me disse que me machucaria, ano passado, eu te falei que você não conseguiria quebrar meu coração; pois ele já estava quebrado. E eu não poderia estar mais certo. — Segurou as mãos de Tomlinson. — Você não é um monstro que destrói o que toca; pois, me consertastes.
As lágrimas escorriam pelo rosto de Louis, molhando o fardamento que usava. Seus olhos estavam estupidamente vermelhos; mas não mais que os lábios e bochechas. Se fosse possível alguém explodir de tristeza, aconteceria com ele ali mesmo.
— Se preocupe com o agora. Foda-se o passado. — Harry continuou a fala, insistente. Puxou-o para um abraço forte. Tão forte que conseguia sentir os soluços de Louis contra seu peito.
— Posso te pedir algo, Harry? — Afastou-se um pouquinho para olhar para os olhos verdes, mas sem romper o abraço de maneira alguma.
— Qualquer coisa. — Também chorava. Os cílios molhados piscavam com mais frequência que o normal.
— Eu preciso de um tempo para pensar. Yeah, é disso que preciso. — Louis disse a última parte mais para si, meio chocado como se fosse algo óbvio que ainda não tinha passado por sua mente. — Um tempo de nós dois.
Num misto de choque e melancolia, Harry só conseguiu responder-lhe com um simples e rápido "Ok". Mas, no momento em que Louis deu-lhe um beijo na bochecha e saiu de seus braços, um enorme vazio se instalou em seu peito.
-x-
Notas finais: Desculpa se houver algum erro. Até a próxima 😘
VOCÊ ESTÁ LENDO
Handcuffs (Larry Stylinson)
FanfictionHarry Styles, fazendo o desejo de seu pai falecido, deixa tudo para trás e vai estudar em um colégio interno só para garotos na Irlanda. Logo se vê - literalmente - preso a Louis Tomlinson. Será que isso era realmente o que ele precisava para con...