Capítulo 9

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Sarah:

Era verdade de que de todas as reações que se espera que um pai tenha após saber do desaparecimento do seu próprio filho, a que Maurício tivera foi a única que com certeza não faria parte da minha lista. Olha como se pode ser surpreendido por seres humanos.
Ao sair correndo de seu carro, uma onda de sensações horríveis me preencheu, era como uma mistura de todas as piores coisas que alguém pode sentir: raiva, medo, desespero, preocupação. E todos esses sentimentos começaram a me convencer de que talvez Maurício tivesse razão em me culpar, já que Nick não gostou de mim desde o primeiro momento, e este fato poderia o levar perfeitamente a fazer o que fizera.
Não sei como, mas cheguei com vida até a mansão, depois de quase ser atropelada pelo movimento excessivo de carros da cidade.
Quando estava prestes a entrar, buscar Emma e sumir de vez da vida daquela família, ouvi uns gemidos vindos de um quartinho isolado da casa, não muito longe da mesma. Isto desviou a minha atenção e meu único relefexo foi caminhar até o tal lugar. A porta estava entreaberta, e quando entrei, senti um aglomerado de pó invadir minhas narinas, a visão ficou meio turva, mas pude perceber um corpinho sentado entre os móveis empoeirados caindo aos pedaços que ali estavam. Era Nick.
- Oi - Eu realmente não sabia o que dizer, o alívio de saber que ele não tinha ido muito longe me travou.
- Você não vai ser minha madrasta!! - Ele resmungou, com a voz embargada pelo choro.
- Ei... calma, está tudo bem... não quero ser isso meu amor, só queria ser sua amiga - Disse, me aproximando com cuidado para não assustá-lo.
- Mesmo? - O menino indagou, erguendo a cabeça para me olhar, mais relaxado.
- Claro Nick. Sabe, você é um garoto muito lindo e especial, eu nunca te machucaria. - Afirmei, voltando a me sentir mal quando escutei um barulho de carro estacionando... Ah não, ele chegou.
- Obrigado. Você me desculpa? - Nick pediu, se levantando, e então aproveitei ao máximo admirar seu rostinho bem desenhado, eu sabia que seria a última vez.
- Com uma condição.
- Qual?
- Que você volte para casa, estão todos morrendo de preocupação - Avisei com um sorriso no rosto ao perceber que o tinha convencido antes mesmo de obter uma resposta.
- Está bem... você vem comigo? - Ele quase implorou com os olhinhos.
O único porém daquele pedido era que eu realmente não estava com vontade de encontrar Maurício outra vez, mas busquei pensar mais em Nick e em como estava assustado do que em mim. Usei como motivação a certeza de que só seria um último desafio.
- Vamos - O peguei no colo.
Quando cheguei até a sala, dei de cara com Bridget e Maurício andando de um lado para o outro como dois desgovernados.
- Papai - Nick o chamou.
- Filho - Ele virou de supetão e correu até nós, quase me derrubando com o garoto em meus braços. - Meu filho!
E ali estava eu, assistindo uma das cenas mais comoventes da minha vida.
- Onde você estava? - Maurício perguntou, secando o rosto do filho.
- No quartinho velho, mas a tia Sarah me encontrou - Nick apontou para mim, orgulhoso. - Ela é legal e quer ser minha amiga.
- Muito obrigado, você... - Esse homem já não tinha crédito algum comigo e suas palavras eram tão igualmente importantes quanto ao pó que eu tinha inspirado minutos antes.
- Você teve sorte, ele não foi muito longe. É bom saber que está protegido agora - Eu disse, muito friamente. - Bridget, será que pode me ajudar a pegar minhas coisas?
Bridget mudou radicalmente sua expressão facial, ficando confusa.
- Como? - Ela indagou.
- Estou indo embora - Respondi, simplesmente.
- Você o que? Já é tarde e a Emma... - Só de pensar no que minha menina poderia passar a seguir, meu coração ficava descompassado.
- Ela vai ficar bem, não se preocupe.
Bridget apenas inclinou a cabeça e saiu em direção às escadas.
Maurício colocou Nick no chão e quando eu também ia saindo, seus braços me impediram de prosseguir.
- Você não precisa... - Ouvi-lo era a última coisa que eu estava disposta a suportar.
- Preciso sim... senhor doutor. E à propósito, obrigada por cuidar de minha filha, pela comodidade da sua casa e principalmente por destruir tudo isso com apenas uma frase. Sua hipocrisia o ridiculariza por dentro. Espero que um dia perceba isso e conquiste amizades de pessoas que o faça melhorar. E não sabe como desejei ser uma delas por um momento, mas agora, não quero ser nada sua, não quero nada de você e não poderia entender a minha alegria por saber que nunca mais nos veremos. Boa noite! - Me retirei, deixando-o engolir seu orgulho.
E então após aquela inesquecível noite, um ano e meio se passou, estava tudo indo muito bem, eu havia me estabilizado e minha euforia foi ao céu quando fui contratada para trabalhar em um hospital. E logo no primeiro dia, a animação era tão evidente quanto meu corpo físico naquele lugar.
- Venha Sarah, vou te apresentar o médico que a partir de hoje será seu chefe. Ele escolheu uma entre várias candidatas a serem sua assistente, e desta vez, a privilegiada foi você - July,  uma das coordenadoras do hospital anunciou, e quando ela abriu a porta do escritório do tal doutor, avistei um homem todo de branco, com um porte físico incrível e um sorriso se virando... não, eu não creio, ele não...
O Maurício, meu chefe?

Olá meus lindos e lindas, este capítulo ficou um pouco maior... e no próximo terá bastante narração do Maurício, que este foi todo da Sarah. O que estão achando? Está ficando bom? Por favor gente, votem e comentem, isso é super incentivador... se eu perceber que vocês realmente gostaram posso tentar postar ainda essa semana mesmo tendo provas pra fazer... Boa noite, fiquem com Deus... Mil beijos ♡♡♡♡
(24/04/17 - Segunda-feira)

Seu Amor, Meu Bem MaiorOnde histórias criam vida. Descubra agora