Capítulo 19

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Maurício:

E novamente meus olhos voltaram a se abrir, isto deveria, mas não era um dos melhores choques de realidade para mim. Talvez eu quisesse naturalmente dormir para sempre, só assim todas as dores e dúvidas seriam apagadas e eu não teria de lutar por coisas que provavelmente a vida jamais me traria de volta mesmo que estivesse fadado a não desistir delas.
A linda moça estava outra vez diante de mim e vê-la trazia uma ansiedade acirrada de fazer um esforço para buscá-la em algum lugar de mim do qual eu sentia que ela fizera parte. Foi quando lembrei que uma tentativa anterior de recuperar a memória havia falhado que percebi a falta de êxito e mal estar que certamente sentiria caso insistisse no improvável pela segunda vez. Eu era simplesmente um cara deitado numa cama de hospital, inválido, sem memória que perdera identidade e importância para o resto do mundo e para mim mesmo.
- Eu sou... Sarah... - Ela responde, confusa por ter acabado de responder minha pergunta - Você... não se lembra?
- Não... não lembro... - Sarah vira-se, aparentemente decepcionada. - Somos algo... quero dizer... você e eu...
Quando ia obter uma resposta que  poderia ou não me trazer um pouco de alto estima, alguém entra no quarto.
- Boa noite! Sou o Dr. Noan, ortopedista - O homem anuncia, apertando a mão de Sarah.  - Como se sente?
Diz, dessa vez se dirigindo a mim.
- O que há com minhas pernas? Por que não me lembro de nada?
Pude ter a sensação negativa de um nervosismo pretender invadir meu corpo ainda anestesiado.
- Olha, preciso que confie em mim a partir de agora, infelizmente as consequências do seu acidente agora são a nossa realidade. Não será fácil, mas se der tudo de si no tratamento que iremos iniciar, poderá melhorar. Você fará sessões de fisioterapia diariamente por volta de um mês e depois, provavelmente terá alta!
O médico disse, com uma simplicidade não merecida em razão da situação. Eu não poderia mesmo esperar que sentissem tudo o que eu estava sentindo, todo o peso deveria ser suportado por mim. Não passava de mais um dos vários paralíticos que talvez aquele médico tivesse cuidado. O que poderia me tornar diferente para ele e todos os que inutilmente estariam ao meu lado? E sim, eu gostaria de voltar para casa, mas não sendo quem o acidente me fizera ser.

Sarah:

Todos havíamos nos tranformado ao longo do mês que lentamente acabara. Maurício passara do ser humano mais egocêntrico que eu havia conhecido para o mais frustrado, bolsas surgiram abaixo de seus olhos que já não tinham a mesma cor vibrante de antes, agora estavam assustadoramente avermelhados. A dúvida sobre o que lhe doía mais, se era a paralisia ou falta de memória o depressiava mais a cada manhã.
As sessões de fisioterapia eram repetidas duas vezes por dia e a nula resposta dele ao tratamento pareceu não abalá-lo nas duas primeiras semanas, até que na terceira, uma infecção hospitalar o fragiliza ao extremo. Quase não trocávamos palavras, não sabia como lhe dizer quem eu era.
Nick fora visitá-lo somente uma vez e se recusou a continuar no quarto após ser duramente rejeitado pelo próprio pai, que o dissera não ter nenhum filho. Jake partira de viagem sem ao menos avisar, totalmente indiferente comigo, sentir sua falta era o cúmulo de tudo o que deveria haver dentro do meu coração, e ainda sim, eu não podia evitar.
A véspera de Natal havia chegado e com ela, a notícia da saída de Maurício do hospital, àquela altura, toda a sua casa se encontrara devidamente pronta para recebê-lo. Médicos domiciliares haviam sido contratados para lhe dar a assistência necessária, a questão é que não poderiam passar as 24h do dia à total disposição. Então me encarreguei de chamar um enfermeiro que pudesse morar o tempo que fosse preciso para cuidar de Maurício.
- Hora de voltar para casa! - O Dr. Noan anuncia, chegando ao quarto com uma cadeira de rodas na manhã do dia 24 de Dezembro.
- Eu não vou, não posso passar por isso. Eu não consigo! - Maurício entra em estado de desespero ao se deparar com a "companhia" do médico.
- Por favor, tente se acalmar. Eu acredito em você, vou estar ao se lado e...
- Vai embora!!!
Oi? Eu havia realmente ouvido isso?
- Maurício eu...
- Você não é nada minha, não temos nada e não precisa fazer parte dessa prisão. Então me prove que não está surda e vai embora daqui!!!
- Eu não vou sair daqui e não vou te deixar acabar com a sua vida asssim como se ela não valesse nada. E nós temos algo sim. Maurício... eu sou sua... irmã!
De repente, estas palavras saíram de mim sem nem serem permitidas pela razão. E só depois de dizê-las, eu entendi que estaria para sempre ligada a Maurício mesmo que algum dia, ele descobrisse minha mentira. Mas eu não o abandonaria ainda que mentir fosse a minha única saída para estar ao seu lado.
- Minha... irmã... - Ele repetiu, pausadamente e profundamente perplexo.

Oi lindos e lindas... eita... mais bomba hein? E agora, qual será o destino da nossa história com essa mentira comprometedora? Me perdoem pela demora nas postagens pessoal, tive uns problemas mas agora já estou de volta. Deixem seus comentários aqui e estrelinhas. Boa tarde, fiquem com Deus e até quinta. Mil beijos ♡♡♡

Seu Amor, Meu Bem MaiorOnde histórias criam vida. Descubra agora