CAPÍTULO 3

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     Levou um tempo até eu entender o que estava acontecendo ali. As mãos de Tom na minha cintura me puxando contra ele de forma rude, seu peito amassando os meus seios pela nossa proximidade e sua boca colada à minha.

Sim. Sua boca na minha.

Por cinco segundos eu me esqueci como beijar, como respirar, como piscar... Eu era só um corpo presente em estado de choque. Droga! Eu esperei tantos anos para aquilo e quando finalmente aconteceu eu travei.

Quando sua língua quente cutucou os meus lábios ainda fechados eu forcei o meu cérebro a obedecer ás minhas ordens. Abri a boca e senti a língua dele procurar a minha. E foi assim, senhoras e senhores, que eu morri.

Brincadeira.

Mas do jeito que o meu coração estava acelerado eu não ia ficar surpresa se caísse dura ali por causa de um ataque cardíaco.

Uma das mãos de Tom subiu pelo meu corpo até os cabelos da minha nuca, me puxando pra mais perto dele.

Vamos lá Milene, você esperou a sua vida toda por isso. Agora pelo menos faz direito! Meu subconsciente alertou.

Fechei os olhos e me agarrei a ele o máximo que conseguia. Meus braços contornaram o seu pescoço enquanto as minhas mãos iam parar nos seus cabelos castanhos. Seu beijo era exigente e muito bom. Com certeza melhor do que eu imaginava. Ele tinha gosto de hortelã misturado com... Ah sei lá! Mas era muito bom. Nossas línguas se enroscaram uma última vez quando ele descolou os nossos lábios mas manteve o rosto perto.

-Valeu. -Sorriu contra os meus lábios.

Ainda com os olhos fechados eu não entendi o agradecimento. Era eu quem devia agradecer.

-Pelo quê? -Abri os olhos e o peguei sorrindo. Também sorri igual a uma boba.

-Consegui duzentos dólares com esse beijo.

Franzi a testa.

-Ãnh?

Tom segurou o meu queixo como ele sempre fazia e sorriu mais largamente.

-Você é uma boa amiga. -E dizendo isso, se afastou até um grupo de caras que não pareciam nada felizes em ter ele por perto.

No momento que um moreno entregou a ele algumas notas de muita má vontade eu perdi o chão. Ele... Tinha mesmo apostado com aqueles babacas que conseguia me beijar? O beijo que eu considerei tão verdadeiro e sincero pra ele não passou de uma aposta com estranhos? E tudo por quanto? Duzentos malditos dólares! Eu valia no mínimo quinhentos!

Um nó se formou na minha garganta e o meu estômago deu várias voltas enquanto os meus olhos se enchiam de lágrimas. Andei a passos largos em direção a saída quando trombei em alguém.

-Hei, cuidado aí loira. -Kyle falou me olhando atentamente. -O que aconteceu?

-Nada. -Menti enxugando as lágrimas rapidamente. Não queria que eles me vissem chorar.

Nenhum dos três pareceu engolir a mentira, exceto por Kyle, que sempre foi o mais lerdinho de todos.

-Então tá. -Deu de ombros. -Mas por que você não nos esperou? Quase que a gente não entra por sua causa.

-Como assim?

-Você era o nosso bilhete de entrada.

Na hora eu compreendi tudo. A bartender tinha dito que as mulheres não pagavam naquela noite, e com certeza eles tinham me levado naquela boate pra entrar de graça. Não devem ter achado alguém melhor então chamaram a otária pra servir de bilhete de entrada. Saber daquilo fez o meu coração minguar um pouco. Eu não considerava aqueles patetas como amigos, mas saber que eles me usaram daquele jeito me magoou.

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