-E pra quando vai ser? –Perguntei deitada de qualquer jeito na cama com os fones no ouvido. No meu colo Patty dormia calmamente.
-Semana que vem.
Engoli um Aurélio de palavrões. Tamy era louca. Estava em um lugar longe, em vias de parir e ligava pra avisar em cima da hora. E se acontecesse alguma coisa?
-Olha, eu só não te dou uma surra porque você tá grávida.
-Eu não queria fazer vocês virem aqui à toa.
-Essa semana mesmo eu estou indo aí. –Decidi. –Tenho uma viagem pra fazer amanhã mas são só dois dias. De lá eu passo aí e fico contigo no resguardo.
-Ah não Mel, eu não quero te atrapalhar...
-Tá decidido. –A interrompi já levantando da cama e indo fazer as malas. –Prepara os colchonetes que essa semana Sindy e eu estamos indo pra sua casa.
Ela emitiu um grunhido do outro lado da linha, em seguida soltou um longo suspiro.
-Eu já falei que odeio vocês?
-A gente também te ama Tamy. Se cuida.
-Tchau Mel.
Encerrei a ligação e liguei para a minha irmã logo em seguida. Ela concordou sem pestanejar com os meus planos e até se ofereceu pra ficar com Tamy alguns meses, mas nós duas sabíamos que Carter não deixaria. O homem estava grudado na minha irmã igual a uma sanguessuga e eu nem queria imaginar o pé de guerra que deveria estar na casa deles. Sindy não era exatamente o tipo de mulher que abaixava a cabeça e falava "sim amor" sempre que Carter queria impedi-la de fazer alguma coisa. Então pelo bem do casamento da minha irmã eu disse que não precisava e que estava tudo bem.
Estava arrumando a minha mala (porque sou dessas que deixa tudo pra fazer em cima da hora) quando senti dois braços fortes envolverem a minha cintura. Tom enfiou o rosto na curva do meu pescoço e mordiscou o nódulo da minha orelha.
-Tá fazendo o que?
Humm, eu não podia falar que estava arrumando as malas pra ir ver o sobrinho dele nascer, e tinha a ligeira impressão de que ele ia surtar se eu falasse sobre a minha viagem de trabalho. Por isso eu estava adiando o máximo possível o dia de contar a ele, mas agora com a data em cima eu não tinha outra alternativa senão falar.
-Arrumando a minha mala. –Respondi sem parar o que estava fazendo.
-Pra onde você vai?
-Uma viagem a trabalho aí. –Falei casualmente.
Ele se afastou de mim e ficou na minha frente. Apenas a mala estava entre nós e eu via nitidamente nos seus olhos que ele estava prestes a fazer uma cena.
-Por quanto tempo?
-Um mês mais ou menos. –Calculei o tempo do resguardo. –Pode ser até mais dependendo...
-Você não vai. –Me interrompeu bruscamente.
Bufei. Lá vinha ele com aquela mania de me manter trancada dentro de casa. Pra ele estava ruim se eu fosse trabalhar, se eu fosse ver meus pais e até se eu fosse no Bob's ali perto do prédio. Tudo estava ruim quando eu saía de casa, mas ele precisava entender que eu era um passarinho, e o meu lugar não era presa dentro de uma gaiola.
-Tom, a gente já conversou sobre isso. –Alertei.
-A gente conversou sobre eu não invadir a porra do teu trabalho e matar cada filho da puta que tenha um pau lá. Mas agora você viajar por um mês é um absurdo!
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INSUFICIENTE
RomanceNesse livro vemos a história da pequena (ou nem tão pequena assim) Milene. No auge dos seus vinte anos ela se vê infeliz sentindo um amor platônico pelo seu quase irmão e amigo de infância, Thomas. Thomas tem hábitos peculiares que vão contra alguns...