CAPÍTULO 6

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Um mês se passou sem que eu ouvisse falar do Tom ou sequer olhasse para a cara dele. Eu passei a evitar sair de casa quando o assunto não era trabalho, e não ia as reuniões de família porque ele era quase um primo meu já que a tia Carol e a minha mãe eram irmãs de vida e trabalho. Agora vocês devem estar achando que eu estava melhor, que tinha superado nem que fosse um pouco toda a merda que tinha rolado entre mim e ele e talz.

Porra nenhuma.

Eu nunca estive tão no fundo do poço como estava naquele momento. Já estava quase fazendo companhia a Samara do Chamado. Bebia tanto que mal me aguentava em pé no outro dia, ia a lugares onde normalmente em nem sonharia em frequentar, não comia, não dormia... Minha vida tinha virado um inferno e tudo porque o meu coração idiota se recusava a esquecer um certo babaca de olhos castanhos.

Olhei para o rosto pálido que o espelho refletia para mim e suspirei. Graças a vida de vampiro que eu tinha adotado eu mal pegava sol, e devia ter emagrecido uns dez quilos. Retoquei o resto do lápis borrado que eu havia usado na noite passada, arrumei o cabelo da melhor forma que pude e joguei o meu corpo na primeira roupa que eu vi na minha frente. Um short desfiado e uma regata branca. Eu ainda estava meio chapada pela bebedeira da noite passada e pelas cervejas que tomei a tarde, mas eu iria sair naquela noite e nada iria me impedir. A noite era quando eu mais pensava, e se eu ficasse em casa eu pensaria em coisas que me fariam ir ainda mais fundo no meu poço da amargura. Acariciei a cabeça da minha gata e saí do apartamento rumo ao táxi que havia acabado de chegar.

-Me leve a esse endereço por favor. -Pedi entregando um papel ao motorista enquanto entrava no táxi.

O senhor um pouco rechonchudo por volta dos cinquenta anos de idade me olhou através do retrovisor e franziu a testa.

-Olha, não é da minha conta mas você não me parece muito bem.

-Tem razão. Não é da sua conta. -Respondi vagamente enquanto olhava pela janela.

Vi de rabo de olho ele sacudir a cabeça antes de começar a dirigir. Ele tinha razão, eu não estava bem. Eu estava mas bêbada que um gambá, mal me aguentava naqueles saltos e minha cabeça girava e girava como se eu estivesse em um daqueles brinquedos endiabrados dos parques de diversão. Mas eu não falaria isso para um estranho.

Minutos depois paramos em frente a uma boate que eu me lembrava de reconhecer de algum lugar e eu paguei a corrida antes de cambalear para dentro do ambiente iluminado por fora.

Segurando nas paredes eu caminhei da melhor forma que pude até um bar e me joguei em um dos bancos, quase caindo no processo.

-Alguém aqui está tendo uma noite agitada. -O barman comentou me olhando enquanto servia um casal.

-Uma semana agitada. Um mês agitado. Uma vida agitada. -Murmurei com a cabeça sobre o balcão. -Vodka.

-Acho que você já está bêbada o suficiente gracinha.

Deslizei algumas notas sobre o balcão e ergui o olhar com o queixo ainda apoiado na madeira do mesmo.

-Você é pago pra servir, não pra achar.

Suspirando ele pegou o dinheiro e colocou um pequeno copo acompanhado de uma garrafa no balcão. Fiz sinal para que ele deixasse a garrafa e comecei um processo que tinha virado rotina naquele último mês. Não sei quanto tempo eu fiquei ali ou quantas doses eu já tinha tomado quando senti um corpo encostar ao meu lado.

-Tentando esquecer de algo? - Uma ruiva perguntou sem me olhar.

Meu cérebro levou alguns minutos pra processar as palavras dela e pra formar uma resposta.

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