CAPÍTULO 13

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TOM

Um movimento me acordou e eu abri os olhos preguiçosamente. Dei de cara com uma moita de cabelos loiros e fechei os olhos inalando o cheiro do seu xampu. Iogurte de morango.

Não sabia que horas eram, mas pelo escuro do quarto eu sabia que ainda não tinha amanhecido. Com todo o cuidado eu sentei na cama e fiquei olhando Mel dormir. Porra, ela era linda. Os lábios, o nariz, as sobrancelhas... Todo o rosto parecia ter sido esculpido por anjos, e dormindo com o semblante tão tranquilo ela ficava parecendo com um. Me perguntei como fui burro o bastante pra não entender o que estava bem na minha frente.

Desde moleque que Tamy, Mel e eu éramos inseparáveis. Em uma certa fase da vida minha irmã deixou a gente pra cair de cabeça nesse lance de comida, temperos e tudo mais. Só sobramos eu e a Mel, e acho que foi por isso que eu nunca percebi o interesse dela por mim. Mas se eu fosse dar uma boa olhada no passado estava tudo ali, eu é que não conseguia enxergar por motivos que a ciência desconhece (eu deveria ser estudado pela NASA).

Depois que Mel jogou em cima de mim que me amava eu tentei fugir dela. Tentei pra caralho, mas não deu. A loira fazia parte da minha vida, da minha rotina, e sem perceber eu me acostumei a ter ela por perto. Sempre me seguindo para todos os lados. Só quando ela parou de falar comigo que eu fui saber que sentia a sua falta –e muita.

Mas eu pensei "Tudo sussa, isso passa". Porra nenhuma.

Cada dia sem saber dela era uma agonia e eu só queria falar com ela, mas sabia que provavelmente ela estava puta então evitei contato. Ver ela de longe pra mim já era o suficiente. Isso até DG aparecer e me causar noites mal dormidas. Ver eles juntos andando pra cima e pra baixo me deixava com um gosto amargo na boca e minhas mãos com vontade de beijar a cara dele.

Eu só não podia estar normal. DG era um dos meus melhores amigos, como eu podia estar querendo soca-lo até deixa-lo em coma?

A resposta é simples: Mel.

Eu tinha pesadelos todas as noites com os dois. Neles Mel andava de mãos dadas com o filho da puta e eu os seguia como uma sombra tentado falar com ela a qualquer custo, mas ela não me ouvia. Só tinha olhos para a desgraça ao seu lado que segurava a sua mão. Mas não era isso o pior. O pior era ver seu rosto brilhando de felicidade ao olhar pra ele. Aquilo me quebrava. Obviamente depois desses sonhos eu acordava puto e com vontade de matar alguém.

Da forma mais piegas possível eu só fui dar valor ao que tinha quando perdi. Eu tinha Mel, mas a perdi quando fui um cuzão borra botas. No momento em que ela disse que me amava eu deveria ter jogado ela na cama batido no peito bradado: Eu também te amo porra!

Mas aí seria mentira e eu estaria enganando-a, assim como ela mesma estava se enganando ao dizer que me amava.

Porque eu penso nisso? Pelo simples motivo de que: eu não acredito no amor.

Tom, você foi desiludido por uma garota?

Pau no seu cu.

Não é porque uma pessoa diz que não acredita no amor que ela, necessariamente tem que ter sofrido uma desilusão amorosa. Tira isso da cabeça.

Eu acredito em respeito, companheirismo, tesão, cumplicidade e honestidade, que são as cinco coisas básicas que se deve ter em um relacionamento. Querer mais que isso é procurar chifre em cavalo. O amor não existe. É só um nome dado para as coisas idiotas que as pessoas fazem em um relacionamento, como tatuar o nome do parceiro(a). Aí as pessoas perguntam: Fulano, porque você fez isso? Fulano fica visivelmente sem jeito e responde: Fiz por amor.

Pronto. Desculpa perfeita, e cola que é uma maravilha.

Mel não me amava. Ela podia sentir atração por mim, respeito por eu ser mais velho, companheirismo e cumplicidade por tudo que passamos juntos. Mas ela não me amava. Assim como eu não amava ela.

Mas eu sentia umas coisas estranhas quando estava com ela. Antes eu ignorava pensando não ser nada importante, mas prestando mais atenção eu comecei a pensar que precisava de um médico. Ás vezes sentia meu coração acelerar e pensava que ia ter um infarto aos vinte e um. Ás vezes sentia o estômago gelar e pensava que estava tendo um choque térmico. Tudo quando Mel estava por perto. Cheguei a pensar que a loira tinha me passado alguma doença mas descartei a possibilidade.

Tudo naquela garota me deixava louco... de ciúmes. E esse era um sentimento novo pra mim, então eu não sabia muito bem como lidar com ele. A simples visão de qualquer cara chegando perto dela me fazia enxergar tudo vermelho e sentir vontade de arrancar algumas cabeças.

Só sabia que ali, olhando-a dormir eu estava mais uma vez sendo acometido por aquela mistura de sentimentos. Só o seu respirar já causava aquilo em mim. Talvez eu devesse mesmo procurar um médico.

Estava perdido no semblante tranquilo de Mel dormindo quando seu celular vibrou no criado mudo e eu o peguei. Duas mensagens. Um de DG querendo saber como foram as coisas comigo (apaguei sem nem pensar duas vezes, aproveitei e apaguei seu número dos contatos dela), e outra de....

-Tamy. –O nome escapou da minha boca em um sussurro.

Eu não via nem falava com a minha irmã há uma semana e estava preocupado. Ela estava sozinha e grávida em Deus sabe onde... os velhos estavam arrancando os cabelos. Mas Mel não queria abrir o bico e continuava guardando segredo de onde ela estava.

A mensagem perguntava se elas podiam se falar naquela hora, e imediatamente eu andei um "sim". Segundos depois o celular ameaçou tocar indicando a chamada mas eu atendi antes que fizesse barulho e acordasse Mel.

-Mel, desculpa te ligar a essa hora mas esse menino tá sambando dentro de mim. Eu não consigo dormir e pensei em conversar um pouco.

Fiquei quieto escutando a sua voz e engoli em seco. Cara, eu estava com saudades.

-Alô? Mel, você tá aí?

-Tamy... –Sussurrei.

Imediatamente o outro lado da linha ficou mudo e eu soube que ela tinha desligado. Apesar de tudo era bom saber que ela estava bem. Sua voz do outro lado da linha não tinha indício de nada anormal, só a minha irmã sem conseguir dormir por causa do... bebê. Pensar na gravidez ainda me causava um certo incômodo então eu mandei uma mensagem para Tamy no meu nome pelo celular de Mel, apaguei depois de enviar e voltei a deitar na cama.

Ainda dormindo, Mel se mexeu e deitou a cabeça no meu peito suspirando. Meu coração apertou e eu engoli um palavrão quando senti meu peito doer.

-Que merda você tá fazendo comigo? –Perguntei no silêncio do quarto.

Ela gemeu em resposta e eu beijei sua testa antes de procurar uma posição confortável e cair no sono.

Ela gemeu em resposta e eu beijei sua testa antes de procurar uma posição confortável e cair no sono

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DESCULPEM PELO MICRO CAPÍTULO, É QUE EU TIVE UM BLOQUEIO DE CRIATIVIDADE SOMADO COM UMA DOR DE CABEÇA DE FRITAR OS MIOLO. MAS FIZ O MELHOR POSSÍVEL PRA VOCÊS ACOMPANHAREM O LADO DO TOM.

ESPERO QUE TENHAM GOSTADO E DEIXEM SEU VOTO E COMENTÁRIO PRA AJUDAR NA DIVULGAÇÃO.

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