CAPÍTULO 19 part. 2

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     Tamy ainda estava tensa nos meus braços, mas depois de um tempo eu senti seus braços me apertarem e seu rosto se enterrar na curva do meu pescoço. Quando ela fungou eu a empurrei pelos ombros e sequei as lágrimas que escorriam pela sua bochecha. Cara, me matava ver a minha irmã chorar.

-O que você tá fazendo aqui? –Fungou enxugando as lágrimas rapidamente e cruzando os braços. –Aliás, como foi que você me achou?

-Eu tenho os meus contatos e... será que a gente pode conversar aí dentro? Eu tô congelando.

Ela rolou os olhos e fez sinal para que eu a seguisse. Entrei na pequena e muito bem arrumada sala e sentei em um dos sofás no centro do cômodo. Tamy sentou ao meu lado e ficou de frente pra mim me olhando com atenção. Meus olhos desceram para a sua barriga visivelmente normal por alguns micro segundos antes de eu voltar a fitar seu rosto.

-Você está bem? –Perguntei antes de qualquer coisa.

Ela deu de ombros.

-Agora eu estou. Não tanto quanto eu gostaria, mas eu estou bem. –Hesitou antes de continuar. –Como estão a mãe e o pai?

Eu poderia dizer que eles estavam à beira da depressão e do suicídio, assim quem sabe ela voltasse pra casa e acabasse com a tristeza dos velhos, mas ela tinha os seus motivos pra ter saído de casa e eu não tinha o direito de interferir.

-Péssimos. –Falei sinceramente. –Estão com saudades.

-Deviam ter pensado nisso antes de me tratarem daquele jeito. –Falou magoada.

Suspirei. Estava na hora de fazer o que eu tinha ido fazer ali.

-Eu sei que eu não posso me desculpar por eles, mas, será que você pode me perdoar? –Perguntei olhando nos seus olhos. –Eu fui um hipócrita e te crucifiquei sem nem saber o seu lado da história. Você é minha irmã e independente do que acontecesse era o meu dever te apoiar. Ao invés disso eu fui um merda contigo.

Cara, eu tive que piscar muito pra espantar as lágrimas que salpicaram os meus olhos. Eu queria muito que ela me perdoasse, e se ela não o fizesse eu ficaria destruído.

-Foi mesmo. –Falou me olhando com censura. –Mas por mais que eu queira eu não consigo guardar rancor de você por muito tempo. Ainda mais quando te vejo assim com o peso da culpa nas costas.

A filha da mãe estava gostando de me ver rastejando. Coloquei a mão no peito e fiz a minha melhor cara de magoado.

-Maninha... você é má.

-É o meu papel como irmã mais velha. –Ela riu, e como eu tinha sentido falta daquela risada.

-Então... estamos bem? –Sondei.

Tamy me encarou com os olhos semicerrados, até que por fim me puxou para um abraço.

-Estamos. –Falou contra o meu pescoço antes de se afastar. –Agora tem alguém que quer te conhecer.

Fiquei olhando ela subir as escadas e suspirei sentindo um peso enorme sair das minhas costas. Logo ela voltou com algo nos braços e eu levantei de supetão.

-Oi titio. –Falou balançando a mão do bebê. –Eu sou o Gabe.

Sorri igual a um bobo e peguei o pequeno nos braços sem nenhum jeito. Acho que era a primeira vez que eu segurava um bebê na vida. Ele era tão mole, tão pequeno... parecia um boneco careca, porque se tinha cabelo, esse era tão loiro que mal dava pra ver. Ele parecia com a minha irmã, e até um pouco comigo, mas tinham traços desconhecidos nele também, como o nariz.

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