Criar imprevistos não é uma tarefa fácil, mas também não é impossível. E uma vez criado, o que ele faz a seguir, simplesmente não é dá conta dela. Só podia dar pequenos empurrões na direção certa e esperar que ele a seguisse.
Assim como só podia curar a garota e esperar que ela fosse esperta o suficiente para dar o fora dali na primeira chance que tivesse. A coitada provavelmente deveria estar cansada de desmaiar ao invés de dormir, como todos faziam. Mal sabia ela que tudo isso era um efeito colateral do espírito que ainda tentava se ajustar ao seu corpo mortal. E logo ela teria consciência disso o suficiente para ouvir-lo sussurrar em sua cabeça procurando pelo controle total , que ela jamais deveria deixar-lo ter. Pelo bem de todos, ela viraria a maior arma já existente em 4000 anos, e talvez o maior sacrifício também. Porque tal arma poderia cair nas mãos erradas e então o mundo estaria acabado.Era um fardo muito pesado para uma pessoa carregar, mas faria bem a ela. Afinal, no fim disso, ela não seria mais um pessoa, seria muito mais que isso.πππ
Adohena acordou querendo quebrar algo, mas o pequeno quarto onde estava era pouco mobiliado e ela não tinha força suficiente para levantar a cama. Mas se sentia forte de novo, curada, por assim dizer. Olhando em volta, ficou satisfeita por não ser mais uma alucinação provocado pela escassez de comida e água em seu corpo. 'Pequenos passos' mentalizou, e assim foi até o banheiro mais próximo. Ela podia chamar de progresso para alguém que não tinha sido capaz de se levantar a um deserto atrás. Ainda se envergonhava de ter sido derrubada tão facilmente, mais de uma vez. Enquanto a água quente caía sobre seu corpo, parte de sua dignidade era restaurada.
Assim que saiu, ela viu o vestido. Com mangas pequenas em camadas de cetim, longo, azul claro e enfeitado com um cinto prateado, que combinavam com um salto alto simples e branco. Ela não era uma estilista, mas sabia que se o vestisse parecia uma santa, algo puro , pacífico e bonito ao mesmo tempo.
Parte dela queria colocar-lo e ver como ficaria, a outra parte sabia que ele não caberia nela. Seu corpo sempre tivera o efeito sanfona do qual ela as vezes se orgulhava, mas jamais lhe beneficiará. Seu corpo era a razão de nunca ter tido um namorado, era a razão dela não ser cortejada por onde passava como sua irmã.Quando estava em seu vilarejo, ela aceitará isso com o maior prazer, ao evitar ir em lojas pois sabia que não haveria roupas de seu tamanho desproporcional.
Aqui, ela queria que fosse diferente. Estar em um lugar desconhecido a fazia querer ser outra pessoa melhor que antes, a fazia querer ter uma vida, não somente existir.Lembrou dá vez que fingirá ser May e o quanto aquilo fora divertido,imaginando se poderia fazer de novo. E seu pedido foi atendido, ou pelo menos um pedaço dele.
Fumaça começou a rodopiar ao redor de seu corpo, e quando abaixou ela tinha o corpo em proporções normais. Sua barriga não estava mais ali, nem havia sinal de que existirá, apenas a cintura com a qual ela sempre sonhará.
Com lágrimas de felicidade nos olhos, ela o vestiu e saiu porta afora esperando encontrar... qualquer coisa que não fosse um deserto. E um lugar onde houvesse comida.∆∆∆
Um terno em meio a um lugar que ele não sabia se era uma balada ou uma reunião de negócios, não era de muita ajuda. Havia muitos homens vestidos iguais a ele, que deveriam ser chefes de algum negócio importante. Assim como havia adolescentes despreocupados dançando e bebendo, o que costumam fazer. Ele não podia culpa-los, se lembrava de ter sido assim a alguns anos atrás, antes de perder a graça. Fingiu estar se divertindo, comendo , quando na verdade estava entediado. Esperava mais do que isso, ou pelo menos encontrar-la, a garota por algum motivo não saia de sua mente. E ele sabia que jamais iria vê-la novamente, mas ainda se sentia culpado por deixar-la sozinha no deserto.
O bilhete parecia simplesmente não ter mais sentido, muito menos esperar quem quer fosse por tanto tempo. Cansado, ele decidiu voltar para o quarto onde estavam suas coisas e ir embora, quando ela apareceu.
Trajando um vestido azul claro, de mangas curtas com detalhes em branco e um cinto prateado, ela parecia algum símbolo dá paz mundial mais bonito que eu já havia visto. Seus cabelos cortados em um Chanel desigual marrom , seus olhos verdes buscaram os dele, penetrantes. Mas foi seu modo de se mexer que a revelou: suave como uma pomba, mas desajeitada como um elefante. Fora esse comportamento que levará a essa bagunça que ele não tinha ideia de como sair. Era impossível, mas a garota que ele deixará no deserto estava ali na sua frente, e com sorte não teria raiva dele, quando ouvisse sua explicação. Com sorte, algo que ele nunca tinha.
Fez um gesto com a cabeça para o lado indicando o quarto, ela acenou mas levantou uma mão em sinal de espera. Então pegou, com toda elegância possível um prato de estrogonofe das mãos de um garçom , assim como um copo de suco, e seguiu para o quarto.Ryan não sabia se achava engraçado ou se era estranho, mas em dentro de poucos segundos ele foi atrás dela.πππ
Acha-lo em meio a festa fora fácil, difícil era se livrar dele. Queria poder comer em paz, não se importando com o jeito como conseguirá a comida, estava faminta e o estrogonofe delicioso. Mas Ryan apareceu na porta antes que pudesse dar a primeira garfada, e mais falante do que a última vez que virá aquele traidor.
Vestido como um homem de negócios, era normal pensar que ele fosse um, mas o sorriso travesso escondia algo.
_Pretende mesmo comer isso? - perguntou.
Sem paciência, e controlando minha raiva, respondi:
_ Uma pessoa que sobreviveu ao deserto não pode nem ter paz para comer?- indaguei.
Ele me olhou de soslaio.
_ Não. Não quando ainda não sei seu nome, garota misteriosa.- disse ele.
Ela pensou um pouco, contar seu nome significaria que confiava nele, e embora ele tivesse dito o dele, ele não merecia sua confiança. Não totalmente, decidiu.
_ Tenho vários nomes, mas pode me chamar de Adohena.- arriscou.
Ao ouvir isso, ele fechou os olhos por vários segundos, como se estivesse pronunciar seu nome. Era bom saber que não era a única a se ressentir dá situação.
_ Desculpe, não estou querendo invocar nenhum demônio.- brincou ele.- Não tem um apelido ou algo mais fácil?
Eu tinha sim um apelido, mas não ia dizer isso a ele. Era pessoal demais, coisa dá minha irmã que eu não fazia ideia de onde ou como estava.
_ Não vou lhe dizer meu apelido até confiar em você. E quero saber como escapou.- exigi.
Ele se sentou na cama e pareceu pensar bastante antes de continuar.
_ Sobre o deserto, eu não sei. Juro. Só sei como voltei.Vamos apenas dizer que juntei dois anéis que não eram para ser meus , eles começaram a brilhar de um jeito ofuscante e quando o brilho desapareceu, eu estava em um desses quartos ridículos.E você como sobreviveu ao deserto?- disse ele.
Não sabia porque, mas sentia que ele havia sido honesto , é um pouco de honestidade precisava ser recompensada, nem que fosse com uma meia verdade.
_ Eu simplesmente andei até começar a alucinar, então uma janela apareceu na minha frente, e como não sabia se era uma ilusão ou não, eu entrei.- respondi.
Ele balançou a cabeça em concordância, e parecia que aquela conversa havia acabado de criar dois aliados. Não amigos, pois a única confiança que havia entre eles é que de matariam um ao outro, eventualmente.
Ryan disse algo mas ela não foi capaz de ouvir, graças a confusão que parecia estar no lugar. Assim que saíram pela porta, ambos quiseram voltar atrás.∆∆∆
Sabe quando você está naqueles shows de rock então o cantor canta uma nota alta e a plateia vai a loucura? Era assim que estava a boate. Pessoas corriam de um lado para o outro cantando uma música que ele não conhecia ,mas todos pareciam ter bebido demais.
Por pura sorte não se perdeu de Adohena, a garota sabia lidar muito bem com a multiplicação, mesmo sendo baixinha. Ela desviava das pessoas como um atleta olímpico saltando obstáculos, rasgando a barra de seu vestido no processo, mas isso não a incomodou. E em meio a toda a muvuca, havia os guardas.
Eles estavam ali desde o quando ele chegará, como se soubessem que as pessoas perderiam o controle mais cedo ou mais tarde. Estranhamente, eles não se mexeram para acabar com a confusão, apenas ficaram ali parados, olhando de modo inquisidor. Parte dele achou estranho, enquanto a outra parte martelava a ideia de que eles poderiam ser a causa do tumulto.
Mas se eram, então por que ele não sentia a vontade de se juntar a eles? Ele sabia que devia pelo menos fingir participar, assim não desconfiariam dele. Embora pensasse que o tumulto fosse uma grande problema, um bem maior começou quando a atleta olímpica trombou com os árbitros, ou seja, quando ela trombou com os guardas.
Talvez estivesse distraída desviando de todos, talvez estivesse bêbada, talvez os dois. A única coisa que ele pode ver foi uma espécie de discussão, sem saber o porquê. E então eles a levaram para fora, por um portal. E ele ficou ali, impotente e longe demais para poder ajudar-la.
Ficou bravo consigo mesmo por não poder fazer nada, e então apenas jogou um dos anéis na direção do portal e torceu para que saísse para o mesmo lugar que ela, antes dele se fechar.
Depois correu para o quarto , trocou de roupa. Quem quer fosse encontrar-lo, a não ser que esse alguém fosse Adohena, não estava ali. E ele não ia continuar esperando por alguém que não iria aparecer.
Uma vez vestido, ele tinha que achar um jeito de sair dali. Mas para todo que ele olhava, havia a multidão impedindo sua passagem até a porta. Então só lhe sobrava uma única opção: a janela.
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Once In A Lifetime
Fiksi RemajaAdohena era uma simples adolescente do ano 4000 ,que vivia com um segredo que poderia jogar-la atrás das grades, até que um dia ela teve um sonho muito maluco e sua vida só desceu ladeira abaixo depois disso. Em meio a suas aventuras, ela logo desco...