Eu admito, trombei intencionalmente nos guardas. Na cabeça dela, guardas eram as primeiras pessoas que se procurava numa multidão, pois eles podiam conte-lá. Mas ela contará com o portal, e foi isso que a levou para trás das grades.
Pela primeira vez, ela entendeu os presos suicidas, aquela cela ,por pouco, não era pior que o deserto. Pelo menos ali havia comida, e ela torcia para que houvesse guardas benevolentes, porque ela estava prestes a fazer um pedido inusitado.***
_ Seu guarda? -chamei.- Qual seu nome?
Todos os guardas perto da minha cela se entreolharam decidindo quem iria responder, parte de mim tinha ficado tentada ao descobrir se eles tinham medo de mim. No fim, foi o guarda loiro magricela com cara de boneco que respondeu:
_ Todos somos reconhecidos pelos sobrenomes, garota. Eu sou Cortland. - disse.
Todos os outros o olharam como se estivesse desafiando a morte apenas por falar comigo. Eu gostei daquilo.
_ Certo, Cortland. Você poderia me trazer papel e caneta? - pedi.
O resto dos guardas ficaram imóveis, dizendo com os corpos "o problema é seu". Parecia não haver camaradagem entre os guardas, talvez Cortland fosse a única alma boa entre eles.
_ Eu não recomendaria gastar tempo escrevendo....
_ Não vou escrever cartas, Cortland.- cortei-o antes que ele pudesse terminar sua sentença.- Vou desenhar.
Ele balançou a cabeça em sinal de descrença, e foi atrás do que eu tinha pedido. Uma vez que ele tinha ido, ela ergueu o travesseiro da cama a procura do anel que tinha vindo com ela. Ela fizera dele um símbolo de esperança, a esperança de que tudo podia melhorar. Em seu dedo, ele parecia estranho, mas apaziguador ao mesmo tempo.
Quando Cortland retorna, me encontra aninhada ao anel, como se isso fosse meu bichinho de pelúcia favorito. Ele apenas me entrega as coisas, e não comenta nada pelo meu próprio bem, então vai fazer sua ronda.
Fico agradecida quando ele se afasta, sempre gostei dá solidão para tudo, e desenhar é um passatempo divertido para quem tem imaginação. Mas por algum motivo , a minha foi longe demais dessa vez.
Entenda que quando desenho, imagino um ambiente ideal para colocar todas as coisas. Usando minha cela como inspiração, a desenhei e acrescentei um vaso com petúnias vermelhas, minhas flores favoritas. Me concentrei tanto nos detalhes que só reparei a bagunça quando um guarda assoviou. Eu sabia o que aquilo significava: ele estava chamando seu capitão.
Comecei a me perguntar o porquê, foi quando notei o mesmo vaso do meu desenho na cela. Como ele chegará ali?Como eu ia explicar aquilo? Com um desenho simples inocente, eu fora capaz de arranjar mais confusão ainda.
E quando eu achei que minha situação não podia piorar, Cortland apareceu em frente a cela. Não deixei transparecer minha surpresa ao descobrir que ele era o capitão, fazia sentido treinar os soldados de um jeito e então se passar pelo guarda bom, qualquer preso cairia nessa. Ele só me olhou com pena e depois abriu um sorriso malicioso e falou:
_ Me consigam uma reunião com o Rei,parece que temos alguém especial aqui.- disse.
E se foi, me deixando sozinha novamente, em companhia das minhas dúvidas e de uma pergunta que rondava a minha mente há algum tempo: 'Eu tinha poderes?'***
Quando saio dá cela e sou encaminhada para a sala do Rei, fico surpresa ao me pararem em frente de um quartinho e me jogarem ali. Ele era ainda menor que a cela, mas o principio era me dar privacidade para que o guarda roupa mágico pudesse restaurar meu vestido esfarrapado, e o resultado é impressionantemente igual. Antes de sair, respirei fundo e acalmei meu coração o máximo que pude. Comecei a subir as escadas, com outros guardas atrás de mim, me cutucando com a haste da lança, o que eu apenas ignorei e continuei a subir no meu ritmo. Assim que cheguei ao final de todas, trombei acidentalmente com o príncipe e pedi desculpas. Eu conhecia histórias dá realeza o suficiente para saber que ele apenas faria cara feia e seguiria seu caminho, o que me deixou agradecida. Não era necessário arranjar problemas com um príncipe, não quando ele poderia ser minha saída daquele castelo. Me senti um pouco suja ao olhar para o Rei em todo o seu luxo, mas ao mesmo tempo, era bom saber que eu não causava medo. Por causa do vestido, eu tinha a vantagem dá inocência. Ele tinha cumprido seu propósito, agora tudo estava nas mãos dela.
_ Quero que desenhe.- disse o rei chamando sua atenção.
Ela viu que na cabeça do Rei, ela obedeceria por parecer pacífica e não querer briga com um monarca. Mas para seu plano funcionar, ela tinha que ir contra ele.
_ E se eu me recusar?- perguntou.
Ele a encarou, intrigado mas com um sorriso no rosto.
_ Já esperava que dissesse isso. Alguém chame Cortland, por favor.- pediu aos outros guardas.
Droga. Então o Rei era mais esperto que ela pensava, ele queria usar a vida de Cortland contra ela, e ela obedeceria de bom grado, porque não seria capaz de deixar ninguém pagar por sua rebeldia. Se era essa a ideia, então ele estava certo.
_ Tudo bem, eu desenho.- disse contra minha vontade.
Ele sorri e uma tela de pintor profissional, daquelas que eu jamais seria capaz de comprar, aparece na minha frente. Não sou estúpida o suficiente para perguntar a ele como a tela chegará ali ou o que queria que desenhasse, é de meu livre arbítrio , dessa vez.
Como sempre, começo com apenas um rabiscos, sem ter uma ideia do que fazer. Mas enquanto minha mão finge estar fazendo algo, minha mente procura um modo de sair dali. E logo, sem nem me dar conta , já tenho tudo resolvido.
Eu não fazia ideia de como, já que eu nunca conseguirá fazer desenhos em movimento, mas um lustre apareceu sobre o trono do Rei e caiu, vidro se espalhou pelo chão e sangue saiu dali. Não era o que eu tinha planejado, afinal eu não tinha um plano, e mesmo assim, ainda deu errado. Aproveitando a distração, eu arranquei uma folha limpa, e subi os degraus, três de cada vez, com os guardas no meu encalço. Quando cheguei ao último andar, fechei a porta e terminei o desenho do melhor jeito que pude. Ouvi os guardas se preparando para chutar a porta ,e no momento que eles passaram por ela, eu já estava fazendo uso de minhas novas asas, voando livremente,como um pássaro no céu.∆∆∆
Já fazia dois dias desde que ele fugirá dá boate, e pra sorte dele, não tinha nenhum machucado extra. Só alguns arranhões, mas nada com que se preocupar.
Ele tinha até encontrado uma casa provisória, até que descobrisse o porque de estar ali, onde quer que fosse. Nesses casos, a habilidade de saber cozinhar tinha servido muito bem seu propósito, assim como a de saber não se meter onde não era chamado, já tivera confusão o suficiente para uma semana. No fim do dia, ele parecia um dos cidadãos procurando por sustento e um modo de sair dali. Ele não tinha um destino certo, mas algo lhe dizia que não devia estar ali. A cidade , chamada Herdam, era como qualquer outra, porém quando andava por ela, ele conseguia sentir que tinha algo errado, algo proibido , sobre aquele lugar.
Uma vez que descobrisse o porque de estar ali, daria o fora, prometera a si mesmo. Não havia necessidade de passar muito tempo naquele lugar, não mais que o necessário.
Já tinha ido a bibliotecas tentando achar alguma conexão com tudo que conhecia, e não tinha obtido muitos resultados além do nome do lugar. Todos os livros estavam em uma língua que ele não era capaz de entender, e não tinha dinheiro para pagar um tradutor,pelo menos não ali. Parte dele já tinha desistido e a outra parte ficava insistindo que tinha um motivo para ele estar ali. "Nada acontece por acaso" sua mãe lhe dissera quando ainda era viva.
Ele vivia mudando de cidade, mas agora não fazia ideia de que dia era, até que procurou um calendário, e viu em que merda tinha se metido. Porque o calendário datava 22 de setembro de 2500, e ele era do ano 4000.***
Viagem no tempo, era a única explicação que puderá achar. Como isso era possível? Era para ele ter sido um simples imprevisto no deserto, e ele tinha acabado viajando no tempo.
Em sua mente, ele sabia que fora sua culpa, pois ele tivera a chance de voltar para sua casa, e escolherá ficar. Se não tivesse procurado tanto, ainda estaria em casa, ainda teria uma vida de milionário medíocre. Ele quisera tanto aquilo e agora não queria mais, não quando não sabia porque estava ali.
Até onde ele se lembrava, 2500 era o ano dá Convergência das placas tectônicas, o que levava ao renascimento do continente outrora esquecido, Pangea. Uma vez que todos os seis continentes se juntaram, já não existia mais uma divisão que fazia certos países melhores que outros, simplesmente não existiam mais países. Todos haviam sido desmantelados e então ficaram apenas três países, que eram alianças entre os antigos continentes, onde a Europa se aliará com a América e formará a Confederação dá Euro-América, assim como Oceania se juntou a Ásia ( Oce-Asiática). A África ficou sozinha mas fora esperta o suficiente para se aliar a Antártida que ficará separada de Pangea, por alguma razão. A Antártida era uma terra fora do alcance de todos, então ela ficou declarada como território Africano uma vez que a aliança foi estabelecida, de onde nasceu a África- Antártica.
Ele não era exatamente um aluno exemplar quando se tratava de história, mas sabia como o lugar onde morava havia nascido. Sua mãe costumava lhe contar essa história antes de dormir para acalma-lo, então ele aprenderá. Ainda martelava várias teorias quando ouviu um barulho vindo da porta. Ele pegou a arma mais próxima que para sua sorte, era o taco de beisebol, e foi para a porta.
Uma regra que ele aprenderá era ter o elemento surpresa ao seu lado, para tudo na vida. Então ficará contra o lado que a porta abria, pronto para bater na próxima cabeça que passasse por ela. Ele respirou fundo. A porta se abriu. Mas ninguém passou por ela. Ele a abriu cuidadosamente, a espera de algum ataque, que nunca veio. Será que estava imaginando coisas? Ele descobriu que não, ao sentir uma arma ser apontada para sua cabeça, e uma voz forte perguntar:
_ Quem é você é o que faz na minha casa?
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Once In A Lifetime
Roman pour AdolescentsAdohena era uma simples adolescente do ano 4000 ,que vivia com um segredo que poderia jogar-la atrás das grades, até que um dia ela teve um sonho muito maluco e sua vida só desceu ladeira abaixo depois disso. Em meio a suas aventuras, ela logo desco...