"Eu os matei" era a única frase que ecoava em minha cabeça. A ideia tinha sido de criar uma distração, porém tudo saíra fora de seu controle. Se soubesse antes que tinha poderes, teria arrumado um jeito de controla-los. Sentada dentro do carro roubado, ela lamentava com a própria alma a morte de dois desconhecidos. "Como tinha chegado a tal ponto?" ela se perguntava novamente.
Parecia que tinha escapado de uma prisão, apenas para entrar em uma dentro de si mesma. Ela já tinha matado o próprio pai, e isso a mudará de um jeito avassalador. Tudo o que era tinha sido construído a base dessa morte. Agora, não era apenas uma pessoa ,mas duas. Imagine o que algo assim faria com sua vida. Já tinha roubado um carro, e ela não se considerava uma ladra. O que mais estaria disposta a fazer agora? Qual era o limite entre o que considerava certo e errado para fazer? Quanto tempo demoraria até que matar uma ou outra pessoa não importasse? Muitas perguntas sem resposta que ela não devia ter que fazer a si mesma. Ao olhar pra atrás, não havia arrependimento em fazer o necessário para escapar dá prisão. Mas sim, em como ela causará tragédia e morte com apenas uma tela e um pouco de imaginação.
Ela sorriu ao pensar que era capaz de tanto com tão pouco. Ela se pegou olhando para o anel, mais uma vez, se perguntando : "Ele era a causa de seus poderes repentinos?" . Ela o ligava a esperança, uma esperança de que poderia ser pior. Mas esperança era algo quase inútil dando se o fato de que ela não sabia onde estava.
Tinha simplesmente roubado o carro é dirigido o mais longe que puderá, caçando conforto que ela costumava ter em qualquer automóvel. Era besteira saber porque tinha parado ali, pois era tudo culpa dela. Ela trombará com os guardas de propósito, o que a levou ao castelo e tudo mais. A única coisa que podia fazer agora era passar a noite amuada ali, até que pensasse em algo. Mas alguém decidiu me atrapalhar, e eu sabia que isso não acabaria bem.
_O que foi, garota?- perguntou uma voz doce do outro lado dá porta.
Fora um erro deixar aquela janela aberta apenas por um pouco de ar.
_ Vá embora.- digo, sem paciência.
A garota , que deve ser um ano mais velha que eu, ri e da meia volta no carro, entrando pela porta.
Eu não tinha reparado no quanto ela era bonita, na verdade, não tinha nem olhando em sua cara. Alta , com um corpo de modelo, loira , olhos azuis e um rosto bem esculpido, ela parecia bonita mesmo sendo tão simples. Isso sem mencionar seu visual , trajada com um jeans azul claro, uma bata vermelha e uma bota de cano curto, tão natural.
Ela não me perguntou mais nada, apenas ficou ali sentada mexendo em seu smartphone. Isso era uma das coisas que ela apreciava na geração de seu tempo, eles fingiam que se importavam e depois voltavam a mexer em seus aparelhos. Como pessoas assim eram capazes de se relacionar com outras? Eu não queria descobrir a resposta.
Então ela pareceu suspirar fundo, e me avaliou com olhos por inteiro, se detendo na barra do vestido estragado que eu esquecerá de tirar.
_Meu Deus, o que aconteceu com o vestido?- disse ela.
Pensei três vezes antes de lhe dizer qualquer coisa.
_ Vamos chamar de multidão enfurecida.- respondi.
_Por acaso, era uma multidão em meio a um incêndio?- ao não ouvir nenhuma resposta ela continuou - Porque é exatamente o que parece.
Senti vontade de esfregar sua cara no asfalto, afinal eu tinha pedido com educação que fosse embora, mas me controlei.
_Olha, eu não estou afim de conversar sobre isso.Ainda mais com uma estranha.- falei.
Seus olhos azuis ergueram até deixar seu lóbulo branco. Eu conhecia aquela expressão, afinal era minha favorita. Significava várias coisas, dependendo do pra que era usado.
_ Levante, vá para o banco de trás do carro, e esqueça que eu estive aqui.- comandou, esperando que eu obedecesse.
Aquela garota não tinha mesmo ideia de quem estava lidando.
_ E eu deveria obedecer por que?- indaguei.
Ela levantou uma sobrancelha em sinal de descontento, o que significa que eu tinha feito algo inesperado. Como sempre.
_ Porque lhe fará bem um banho e uma boa noite de sono numa cama de verdade.- respondeu.
Eu realmente precisava de tudo aquilo mas ainda não confiava nela.
_ Mesmo que eu precise, como posso saber que posso confiar em você?
_Acho que terá que ir comigo e descobrir sozinha.***
No fim, eu acabei aceitando sua proposta, ela era mais uma cabeça dura que eu pensava. Uma vez que eu também era, nós logo nos tornariamos boas amigas, desde que aprendessemos a ceder um pouco. Ela me emprestará roupas de uma irmã há pouco falecida que por algum milagre couberam.
Ao me olhar no espelho, antes de vestir a roupa, eu fui capaz de ver o motivo de eu ter sofrido tanto por gente desconhecida. Minhas cicatrizes estavam abertas. Era meu aniversário. Eu estava sangrando, e desejei que fosse meu chegando, mas era pior.
Todo ano, naquele mesmo dia, elas reabriam em minhas costas, sem motivo aparente, deixando me mais sensível a tudo ao meu redor. Eu achava que era como um lembrete de que não poderia sair por aí matando todo mundo , que matar alguém tinha consequências. Tanto para o morto quanto para os seus entes queridos, porque mortos não devem pesar, apenas no coração daqueles que os perderam.£££
Will nunca tinha visto um homem que não tremesse ao encostar do cano dá arma em sua cabeça, mas o garoto o fazia. Provavelmente tinham a mesma idade e altura, porém o ruivo oxigenado se portava com mais confiança que ele. Quando apontou a arma para o garoto, ele virou devagar, sem movimentos bruscos. Então bufou e disse:
_ A menos que pretenda realmente me matar, não lhe devo satisfação.- falou com raiva.
_ Levando em conta que a casa é minha , deve sim.- rebati.
O garoto usou seus olhos azuis para esquadrinhar meu corpo de cima a baixo, então, num movimento tão rápido que eu nem fui capaz de entender o que ele fez, tirou a arma dá minha mão e jogou para longe.
_ Como fez isso?- perguntei abismado.
Ele abriu um sorriso, orgulhoso de si mesmo.
_ Malandragem aprendida nas ruas, sempre pode ser útil.-respondeu.
Foi minha vez de analisar-lo. Eu não era muito bom naquilo, mas a julgar por seu físico, o garoto jamais estivera nas ruas.
_ Foi lá que aprendeu a mentir também?- indaguei.
Seus olhos murcharam, ele estava desconfortável em ser pego mentindo.
_ É complicado. - foi a única resposta que obtive.- Olha, se a casa for mesmo sua, eu vou embora, não precisa se preocupar comigo.- acrescentou.
Eu estranhei. Esperava uma ameaça ou algo do tipo, não uma desistência em nome dá paz. Pessoas assim eram difíceis de encontrar e ele apreciava isso.
_ Esqueça. Pode ficar, desde que saiba cozinhar.- brinquei.
Um sorriso amplo se abriu no rosto do garoto, ele levantou uma mão em sinal de juramento.
_ Estou vendo que vamos nos dar muito bem. Ryan,a propósito.- disse e estendeu a mão para que eu a apertasse.
E eu o fiz, sabendo que estava me metendo em encrenca.∆∆∆
Ryan não queria contar a Will como chegará ali, nem o que fazia, muito menos onde estavam seus pais. Era complicado demais até para ele mesmo entender. Ele só esperava que não o seguisse até suas idas as bibliotecas locais, o que ele fez.
Ryan tinha nascido filho de um ladrão, o que significava que sabia enganar seguidores, sabia como inverter os papéis, e o mais importante,não ser pego. Will não. Assim que saiu dá casa, Ryan soube que ele estava em seu encalço, mas se deixará ser seguido apenas para ver se ele tinha coragem de continuar com isso. Uma vez dentro dá biblioteca, já não havia mais um seguidor.
O povo daquele tempo era estranho, tinham um medo de entrar na biblioteca, como se ela fosse assombrada. Não faziam ideia do que estavam perdendo.
Descobrirá pouca coisa sobre aquele lugar, apenas o nome dá cidade, South Lucky. Um nome estranho assim como seu povo que era gentil e hospitaleiro. Na sua cabeça, o nome era familiar, ele sabia que já ouvirá sobre o lugar antes ,mas não sabia onde. Revirará noites caçando qualquer informação em seu cérebro, parecia haver uma espécie de bloqueio para tal coisa. Sempre que chegava perto de algo importante, algo me impedia de continuar. Me conhecia muito bem para saber os limites de minha memória e ela sempre fora bem competente quando se tratava de minhas lembranças, então o que estava me impedindo?
Se fosse para ser assim, teria ficado em casa. Nem se meteria com coisas que mal entendia, muito menos não saberia o que fazer. Mas Adohena tinha sobrevivido a um deserto sem água ou comida. Se ela podia fazer aquilo, ele podia descobrir o porque de estar ali.
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Once In A Lifetime
Teen FictionAdohena era uma simples adolescente do ano 4000 ,que vivia com um segredo que poderia jogar-la atrás das grades, até que um dia ela teve um sonho muito maluco e sua vida só desceu ladeira abaixo depois disso. Em meio a suas aventuras, ela logo desco...