∆ Capítulo 12

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Ele fora capaz de enganar Will por três dias, até que percebeu que o garoto não estava atrás dele, e sim na sua frente. Voando como um pássaro no céu, rumo as nuvens.
Já tinha aceitado a idéia de viagem no tempo, mas era difícil pensar que existiam pessoas aladas de asas pretas. Ainda mais depois que lhe contaram que havia toda uma organização acima das nuvens que controlava o tempo, e que queria interroga-lo. Will tinha explicado os parâmetros do interrogatório sobre o Adohena, todas as perguntas que podiam fazer, como podiam ligar-lo a ela mesmo sem terem feito contato recentemente.
Ele não ficou ressentido do amigo por esconder tamanho segredo porque ele também escondera sua história de como chegará ali em baixo do tapete.
O problema não era subir até lá ou responder qualquer pergunta que pudessem fazer, e sim aceitar a idéia de que uma única garota, com a qual ele trocará poucas palavras, podia ter tamanho impacto em sua vida.
Ter asas era algo tão legal, era uma pena serem apenas temporárias. A sensação de estar voando rápido e com o vento na cara, era maravilhosa. Ele queria aproveitar cada momento daquilo, mas Will tinha pressa em chegar ao topo. Uma vez lá, Ryan entendeu o porque dá pressa.
Assim que pousou, suas asas provisórias se desvaneceram e se tornaram apenas pó branco que grudou em seu anel Oitavo (não ria, o nome não foi ideia minha).
O mundo acima das nuvens era feito de nuvens, o que era estranho considerando que os caras podiam mexer com o tempo. A arquitetura era impressionante, apresentando uma caverna com interseções dentro de si, cada seção de acordo com sua designação. No patamar mais alto, ficavam o Conselho do Tempo, e no mais baixo, os presos, detentos ou pessoas que bagunçavam o tempo mesmo que não tivessem conhecimento disso. Como ele.
_ Ryan Walshler.- chamou o interfone.- Por favor se dirija a sala 3.
Ele seguiu seu caminho até a sala 3, relembrando o que Will tinha lhe dito:
_ Se você tiver sorte, May estará fazendo os interrogatórios, ela pegará leve com você porque é da irmã dela que estamos atrás.
Eu pisquei.
_ E se eu for azarado? - perguntei.
_ Então seria interrogado por Harriet. Ouvimos muitos mitos sobre ela, assim como sobre May. Mas Harriet não tem piedade.
Eu voltei a realidade quando vi o garoto parado em frente a mim. Não precisei conhecer aquele lugar para saber que aquele era o Anjo em pessoa.
_ Sente- se, por favor.- pediu.

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Gabriel tinha se metido em meio aquela confusão por conta própria. Não era dever do Anjo fazer os interrogatórios, apenas julga-los, caso fosse necessário. Harriet estava ocupada perseguindo informações sobre os seus inimigos, e May estava atrás da irmã. Ele apenas queria fazer aquilo. Tinha tantas coisas em sua vida que queria mas não podia ter, tudo por causa de seu dever de Anjo. Ninguém imaginava ou entendia isso, apenas May, e ela já estava fora do seu alcance há muito tempo.
_ Estamos esperando alguém?- perguntou o garoto.
Isso o trouxe de volta para a realidade. Precisava realizar aquele interrogatório sozinho para obter respostas de verdade, não as meias respostas que sabia que suas amigas lhe dariam.
_ Não. Desculpe, estava pensando.- respondi.- Vamos começar de novo. Eu sou Gabriel Whitehall.
_ Até seu nome é de um Anjo.- comentou.
Eu deixei essa passar.
_ Não temos muito tempo. Então comece a falar. Como conheceu Adohena Heyna England?- continuei.
Ele esboçou um riso fraco.
_ Não tenho que fazer nenhum juramento de dizer a verdade ou algo assim?- indagou.
Eu não sabia. Quem cuidava dessa parte geralmente eram suas amigas. Ele teria que improvisar para que não aparentasse isso.
_ Não preciso. Você está sentado no meu detector de mentiras.- menti.
Droga. Mentir era pecado para um Anjo, e isso apenas porque eu queria fazer aquilo. Para minha surpresa, ele continuou sentado e tranquilo, como eu jamais estaria.
_ Vou responder sua pergunta. Eu não sei explicar tudo​ que estou prestes a lhe contar. Apenas sei que fui parar no teletransportado para o deserto, o que imagino ser coisa de algum de vocês.
_ E se eu te disser que não sei quem te colocou no deserto?
_ Alguém me colocou ali.-insistiu-De qualquer jeito, foi lá que a conheci.
Eu respirei. Tudo que ele me disse até agora, tinha o padrão de uma pessoa, mas eu me recusava acreditar na possibilidade dela ser capaz de fazer tal coisa.
_ Quando e onde foi a última vez que fizeram contato?
Ele começou a contar baixo.
_ Talvez duas semanas atrás. Numa balada de negócios.
Ele tinha sido direto, o que significava que certamente a experiência não foi boa.
_ Sobre o que conversaram?
_ Tínhamos de nos reunirmos após o episódio do deserto. Deu tempo de contar apenas como acabamos parando ali.
_ O que aconteceu depois?
Ele abaixou a cabeça.
_ Começou um tumulto, o que acabou nos separando. Eu só consegui ver-la trombar nos guardas, antes de a levarem por um portal. Não a vi mais depois disso.
Refleti por dez segundos antes de notar seu anel, mas assim que o fiz, não me restavam mais duvidas.
_ Onde conseguiu esse anel?
_ O que isso tem a ver com Adohena?
_ Tudo.
Ele pareceu ceder.
_ Na minha casa. Em uma passagem secreta, dentro de um livro.
Eu olhei para cima. Não tinha muito tempo antes de Harriet chegar e descobrir que eu assumirá o caso.
_ Você está liberado. Escute, quando sair dessa sala, vá falar com Tyrone. Apenas diga que você tem uma ligação com Adohena, ela saberá o que fazer.
Ele não perguntou, apenas acenou com a cabeça, e saiu porta afora. Aquele anel era a marca registrada dá família England, e só haviam duas delas remanescentes. Respirei , liguei para alguns contatos e fui atrás de May.

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_ Porque não me disse que o Anjo podia fazer os interrogatórios?- exigiu Ryan.
_ Porque ele nunca fez um interrogatório na vida. Sempre foi May ou Harriet que cuidavam, Gabriel odeia fazer perguntas para os outros.
_ Então por que foi ele que me interrogou?
_ Não sei. Ele o mandou fazer algo?
_ Falar com Tyrone. Conhece?
_ Infelizmente, sim.
Tyrone era o cara dá recepção. Qualquer que se precisasse, ele poderia arranjar em dois segundos. Com certeza ele tinha algum envolvimento com a inesperada atitude do Anjo.
Levei Ryan até Tyrone. Quando os dois se encontraram, senti que tinha apresentado um ladrão a um bandido. Eles poderiam ser irmãos se Ryan não fosse de outra realidade, mas a diferença entre seus corpos era bem proporcional. Tyrone tinha mais peitoral e idade que Ryan, e menos cabelo.
_ Will!-cumprimentou.-Bom te ver. O que posso fazer por vocês hoje?
Indiquei com a cabeça para ele ir em frente.
_ Eu tenho uma ligação com Adohena.- Ryan foi direto ao ponto.
Tyrone olhou para os dois com cara de quem comeu limão.
_ Essa garota é imã de problemas. Agora, me sigam.

***

Ele os levou até a sala dos registros. Will conhecia até bem demais aquele lugar. Se Tyrone estava os trazendo ali, tinham que fazer algo que era para não constar nos registros, pois ali não havia o sistema de monitoramento.
_ Eu tenho uma proposta para os dois. Uma missão que se cumprirem pode mudar sua vida aqui dentro.
Os dois se entreolharam, sem precisar de muita comunicação, decidiram que queriam saber no que estavam se metendo primeiro.
_ Essa missão... Como seria?
Tyrone sorriu.
_ Will já é familiarizado com nossos inimigos, ele explica quem são para você depois. Sabemos que há uma guerra vindo. Para podermos sobreviver, precisamos saber qual a posição deles sobre isso.- falou.
_ Então quer que nos infiltremos?
_ Exatamente.
Ryan sorriu para ele, se disfarçar de outra pessoa jamais seria problema para o filho de um preso.
_ Enquanto estiverem lá, usaram isto. São comunicadores.
Ele nos mostrou dois colares com moedas chinesas penduradas neles.
_ Mas? Tenho certeza que há um "mas".
Tyrone pareceu desapontado consigo mesmo.
_ Nós já mandamos alguém fazer a mesma coisa. Mas essa pessoa, acabou escolhendo o outro lado. Ela pensa que não sabemos, e isso deve permanecer assim.
_ Por isso fomos escolhidos. Ela não nos conhece.- deduziu Will.
_ Isso mesmo.
Will imaginou se teria outra chance de uma missão real tão cedo, ele sabia que a resposta era não. Embora não se importasse com sua posição, ele gostava do trabalho que fazia. Era honesto, pelo menos em sua cabeça. Mas Ryan aceitaria a missão, sem pensar em ser recompensado​, apenas porque queria viver uma aventura.
Para a sorte dele, Will também.













































































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