A última coisa que May queria fazer era arrumar briga, principalmente com Gabriel. O Anjo não sabia brigar com fogo, apenas com água. Mas sabia muito bem esconder informações e chegar sorrateiramente. Sentada na cabeceira de sua cama, ela jamais o teria visto chegar se ele tivesse batido na porta.
_ Desculpe interromper.- pediu ele.
Ela balançou a cabeça,tirou os livros da cama e bateu para que ele sentasse.
_ Tem uma informação pessoal que eu não contei aos cadetes.- contou.
Ela piscou. Gabriel nunca fora de guardar segredos de ninguém, muito menos de seus cadetes. Era bom ver que o amigo se preocupava com ela e sua irmã o suficiente para fazer esse sacrifício por elas, mesmo que fosse em vão.
_ Conte-me.- pedi.
Eu vi sua boca se abrir três vezes antes dele falar.
_ As vítimas da brutalidade, não eram simples vítimas do acaso.
Rolei os olhos.
_ Isso eu já sei, Gabriel. São Viajantes Negros do Tempo.
Ele mostrou a língua.
_ Sabichona.- reclamou.- Não estão atrás de sua irmã, se quer saber. Estão atrás...
_ da outra garota.- cortei-o.- Francamente, Gabriel me diga algo que eu não sei.
Ele bufou e cruzou os braços.
_ Eles estavam atrás dela porque ela pertence a linhagem das Banshee. Não sabemos qual espécie, mas ela pode ser a causa da brutalidade.
Deixei que terminasse a sentença dessa vez, antes de ter uma reação. Eu olhei para baixo, deixando que ele se desse conta.
_ Como sabe mais que eu, sendo que estou na classe mais alta da hierarquia?
Sorri de modo malandro para ele.
_ Chama se tecnologia e esperteza.
Ele balançou a cabeça.
_ Só não te mato porque teria que lidar com Harriet, sabe disso certo?
_Se eu não o conhecesse bem, Gabe, diria que gosta de mim.
_ E eu diria que está errada.
Aquilo a pegou de surpresa, o Anjo realmente sentia algo por mim, e eu não tinha visto em todos esses anos. Sempre pensará nele como amigo, nada mais que isso. May sabia seu lugar no mundo, sabia que não podia pensar nele daquele jeito com a vida que levava, muito menos com o segredo que guardava.
_ Gabe, quando se trata de minha irmã, eu sou capaz de fazer tudo por ela.
_ Só espero que não seja capaz de nos trair.
Fiquei sem chão. É claro que ele sabia.
_ Como soube?
_ Também tenho meus truques. Estava esperando que negasse.
Ela mordeu o lábio em busca de conforto ao obter uma dor maior que magoar seu amigo.
_ E eu esperava o seu apoio.
_ Não posso apoiar alguém que está ajudando o inimigo, mesmo que seja minha melhor amiga. Mas se importo tanto para você, continuarei seu amigo, em qualquer circunstância.
Ela o abraçou e deixou algumas lágrimas caírem em seu ombro.
_ Isso era tudo que eu precisava ouvir.
Ao menos ainda teria o seu amigo. O que era bom, porque o que ela tinha que fazer, provavelmente a deixaria sem nenhum. Nem mesmo sua irmã, caso fosse descoberta. Era hora da general May sair de cena, para que a capitã Weaver entrasse.πππ
Uma vez fora daquela cidade, ela pode relaxar e se concentrar em como tudo se desenrolará até aquele ponto. Parte dela maquinava a ideia de viagem no tempo, enquanto a outra parte dizia que era besteira. E em meio a isso havia Kaitilin.
Ela tinha se demonstrado tão compreensiva que era estranho, até que tinha aceitado bem quando ela despejou toda a história em cima dela, falando sobre coisas que nem ela era mesmo era capaz de explicar por mais que tentasse.
_ Então, só para esclarecer, você teve um sonho, explodiu, atravessou um deserto sem mantimentos, entrou numa balada e fugiu de uma prisão com papel e caneta.- processou Kaitilin.
Eu tinha trazido destruição para sua casa, o mínimo que podia fazer era lhe contar a verdade.
_ Esqueceu que matei algumas pessoas no caminho.- acrescentei.
_ No caminho para onde?
Quando ela perguntou, que eu me toquei, não fazia ideia de para onde estava indo.
_ Eu gostaria de saber.- foi a única resposta que lhe ofereci.
Mal tinha mencionado o anel ou Ryan, afinal ele era apenas um figurante em sua história, alguém sem importância. Desde de seu último encontro, ela tinha ficado mais desconfiada de tudo e de todos, assim como menos crente de que tudo poderia ser apenas coincidência.
Tinham ido parar em uma casa a poucas ruas a frente a antiga casa de Kate, por mais que corressem , o labirinto de ruas e ciclovias que era a cidade, acabavam levando a prefeitura. Onde havia o governo e Adohena odiava governos só pelo fato de existirem, mas seu ódio vinha de algo mais profundo que isso. Era culpa do governo de seu tempo que ela não conhecido a mãe, que morrerá em seu parto, e mais incontáveis coisas injustas.
A cena brutal ainda estava em replay infinito no seu cérebro, assim como o lustre caindo sobre o Rei, e a morte de seu pai. Resumindo: Bem, não era uma definição para seu estado. Aguentando como podia, era mais preciso. Fora necessário três dias para que ela fosse capaz de articular sentenças completas sem tropeçar em uma cena chocante de sua memória. O mesmo valia para Kate, a experiência ficaria viva em suas mentes até que pudessem esquecer-la, o que não seria fácil para nenhuma das duas.
_ Então, esse seu poder... como funciona?-perguntou Kate
_ Isso também é algo que eu gostaria de saber.-admiti, sem graça.
_ Talvez eu possa explicar.- disse uma voz atrás de nós.
Estávamos tão imersas em nossa conversa que nem havíamos notado sua aproximação até que ela estivesse realmente em frente a nós. Juro, não é meu costume, mas assim que vi seu rosto, seus cabelos vermelhos trançados e sua aparência, eu tive um ataque de nervos.¥¥¥
Sorte das três que não havia nenhum objeto quebrável por perto, pois ele teria sido o primeiro a ir parar na parede mais próxima, junto com a ruiva que, aparentemente, tinha uma longa relação com Heyna. Do jeito que a garota prensava seu braço contra a traquéia da outra, logo ela não teria mais ar. Ponderei se deveria impedir-la, mas não sabia se valia a pena, não queria que fosse o meu pescoço ali. Entretanto, eu sabia que Heyna não teria coragem de mata-la, afinal a garota tinha desabado por dentro e por fora com a brutalidade que tinham presenciado.
_ Irmã...- engasgou a ruiva.
Irmãs? Ela olhou para as duas.
A ruiva tinha cabelo liso e trançado,era alta, magra, de olhos azuis , esbelta e se portava como alguém rico. Sua amiga, porém, era baixa , com cabelos castanhos ondulados com cachos nas pontas, olhos cinzentos, um rosto bem modelado com cada detalhe perfeito que era um pouco inacreditável, e ela era simples e humilde, de tudo. A única coisa comum entre as duas era a cor dá pele, branca como a neve. Decidi manter essa observação para mim, se meter em briga de família nunca era bom.
Heyna pareceu acordar de um choque, viu o que estava fazendo, soltou a ruiva, e então se trancou no banheiro. Eu fiquei sem reação, não esperava isso dela. Não sabia se ia atrás de minha amiga ou se ajudava sua irmã, que recuperava o ar ao seu lado. Minutos depois, a porta do banheiro se escancarou e uma Heyna envergonhada saiu. Antes que ela pudesse abrir a boca para pedir desculpas, sua irmã a cortou:
_ Não se explique.- pediu.- Não temos muito tempo antes que achem vocês. Façam as malas e se apressem.- mandou.
Heyna me olhou com o olhar de "podemos confiar nela" e eu acreditei o suficiente para ter minhas coisas arrumadas em dois minutos. Quando voltei, achei as duas discutindo e me escondi atrás da parede para escutar sem atrapalhar.
_ Quem está atrás de nós?- perguntou Heyna.
_ Eu te disse, não temos tempo para isso. Temos que ir atrás do seu amigo.
_ Que amigo?
_ Aquele que te deu o anel.
_ Ryan? Nosso último encontro foi uma balada atrás.
_ Que era exatamente onde ele não deveria estar. Agora, chega de perder tempo.
Antes que ela pudesse continuar, eu fui para atrás da porta , apenas para poder fingir que estive ali o tempo todo. Heyna já vinha ao meu encontro e antes que eu pudesse enche-la de perguntas (ou tapas) ela me olhou tipo "Vou explicar tudo depois, mas podemos confiar nela". Apenas respondi "Eu confio em você, não nela". Não precisávamos dizer que se algo desse errado, a culpa seria dela por confiar na irmã que aparecerá do além.
Fomos para a sala. Sua irmã nos deu um aviso:
_ Isso pode parecer um pouco mágico, mas é pura tecnologia. Eu explicarei tudo assim que o time estiver completo.
Não pude deter minha curiosidade.
_ Que time?- perguntei.
Ela olhou maliciosamente para mim.
_ Você verá.- foi a única resposta que ganhei.
A ruiva parou em frente a parede. Esperei que fosse até a porta por conta própria, o que não aconteceu. Ela abriu a bolsa, pegou uma baqueta (tipo aquelas de bateria) e desenhou um retângulo de seu tamanho na parede. Quando ela o completou, todo lugar onde a baqueta havia tocado, sumiu, dando uma vista para as estrelas. As estrelas rodopiavam em espiral a minha frente, formando um portal. Heyna não tinha mentido sobre aquilo, portais realmente existiam, eu só nunca tinha visto um antes. Enquanto eu e ela ficamos boquiabertas diante dele, a ruiva simplesmente sorriu, agarrou sua mochila e pulou dentro, como quem fazia aquilo todos os dias.
Esperei minha amiga pular para ter certeza se era seguro, mas parecia que ela também tinha suas dúvidas sobre entrar em um buraco estelar na parede. Antes que pudéssemos desistir, uma mão saiu de dentro do portal e a puxou para dentro. Relutante, ela agarrou minha mão, talvez para que eu a puxasse de lá, talvez para me levar junto, não sabia qual. No fim, escolhi a segunda opção.
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Once In A Lifetime
Подростковая литератураAdohena era uma simples adolescente do ano 4000 ,que vivia com um segredo que poderia jogar-la atrás das grades, até que um dia ela teve um sonho muito maluco e sua vida só desceu ladeira abaixo depois disso. Em meio a suas aventuras, ela logo desco...