Rebecka estava cansada, a noite ainda não havia acabado e algo a mais ainda poderia acontecer, por isso, ela estava bastante atenta. Odiava quando perdia o controle do próprio corpo e ele tomava conta de tudo. Gostaria muito de ter o controle, mas ainda não havia aprendido e ninguém queria lhe ensinar.
Sabia que sua mãe a temia, a amava muito, mas a temia. Seu pai a rejeitara isso ela tinha certeza desde o tempo em que ele decidiu a acorrentar. E sua irmã... Bem, Rebecka sabia que fazia muito mal a ela, não gostava de fazer aquilo, porém fazia. Ela fechou os olhos, seus braços a estavam incomodando.
Seus braços passaram da dor para a dormência devido ao tempo que eles ficaram estirados daquela forma e aquilo lhe dava uma sensação terrível. Sua mãe deveria ter abaixado a corrente para que isso não acontecesse, porém, como seu pai havia a chamado por algum motivo que ela não sabia, ela esqueceu de fazer isso antes de subir.
Ela sentia a garganta seca e tudo que ela queria naquele momento era ao menos um copo com água. Rebecka ouvira tudo que ele falara para sua mãe e tinha medo de que agora até ela a rejeitasse. Se sua mãe ao menos compreendesse...
Se ela ao menos a ouvisse antes de abandoná-la, ela poderia explicar o que entendia sobre o que ela mesma passava.
Mas sua mãe estava apavorada. Isso ela sabia. Perdera a confiança da mãe para sempre...
Ela escutou passos vindos da escadaria do porão. Ela ergueu a cabeça. Era sua mãe.
Rebecka estava tão feliz em vê-la que era capaz de chorar.
Jéssica estava com uma bandeja. Nela havia um pano, um jarro e um copo. Ela se aproximou de Rebecka e se ajoelhou ao lado da filha a observando com cuidado. Ela pegou no rosto da adolescente como se ela fosse a coisa mais delicada do mundo.
- Você passou por muita coisa hoje. - Jéssica comentou.
- Me desculpe mãe, eu tentei controlar... - Rebecka começou a chorar.
- Shhh... Não é culpa sua. - Jéssica olhou para as correntes e a cor que estava os braços da filha. - deixa eu dar um jeito nisso. - Ela se levantou e foi numa espécie de alavanca para aumentar as correntes e abaixar os braços dela.
Rebecka sufocou um grito. Aquilo era muito desconfortável. Jéssica voltou a ficar de joelhos de frente a ela.
- Melhor?
- Aliviou. - mentiu a garota. - Obrigada.
Jéssica sorriu de forma maternal. Rebecka via que ainda tinha uma chance de se redimir com a mãe.
- A senhora me odeia? - A garota pergunta de forma tímida.
Jéssica parou de molhar o pano e encarou Rebecka.
- E por que eu odiaria você? Rebecka...
- Eu sou um monstro, mãe. - Os olhos ficaram marejados. - Olhe para mim. Não posso ser controlada e não posso andar livre como uma pessoa normal.- Agora as lágrimas corriam livres.
- Não é verdade, meu bem. - Jéssica falou limpando o rosto de Rebecka com o pano molhado. O pano branco ficou manchado de vermelho, mas Jéssica não se importava. - Você é uma pessoa especial e vai fazer coisas maravilhosas no futuro, eu sei disso.
As lágrimas de ambas escorriam nos seus rostos, mas elas não se importavam.

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Eu, Rebecka
Paranormal⚠Atenção⚠: Para melhor entendimento leia: Os caminhantes ... Bastava se distrair um pouco e já era. A vida de Rebecka era um emaranhado de problemas. Seus pais já não suportavam o que vinha acontecendo na vida da sua filha mais velha e queriam dar...