Capítulo 3

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Rebecka estava cansada, a noite ainda não havia acabado e algo a mais ainda poderia acontecer, por isso, ela estava bastante atenta. Odiava quando perdia o controle do próprio corpo e ele tomava conta de tudo. Gostaria muito de ter o controle, mas ainda não havia aprendido e ninguém queria lhe ensinar.

Sabia que sua mãe a temia, a amava muito, mas a temia. Seu pai a rejeitara isso ela tinha certeza desde o tempo em que ele decidiu a acorrentar. E sua irmã... Bem, Rebecka sabia que fazia muito mal a ela, não gostava de fazer aquilo, porém fazia. Ela fechou os olhos, seus braços a estavam incomodando.

Seus braços passaram da dor para a dormência devido ao tempo que eles ficaram estirados daquela forma e aquilo lhe dava uma sensação terrível. Sua mãe deveria ter abaixado a corrente para que isso não acontecesse, porém, como seu pai havia a chamado por algum motivo que ela não sabia, ela esqueceu de fazer isso antes de subir. 

Ela sentia a garganta seca e tudo que ela queria naquele momento era ao menos um copo com água. Rebecka ouvira tudo que ele falara para sua mãe e tinha medo de que agora até ela a rejeitasse. Se sua mãe ao menos compreendesse...

Se ela ao menos a ouvisse antes de abandoná-la, ela poderia explicar o que entendia sobre o que ela mesma passava.

Mas sua mãe estava apavorada. Isso ela sabia. Perdera a confiança da mãe para sempre...

Ela escutou passos vindos da escadaria do porão. Ela ergueu a cabeça. Era sua mãe.

Rebecka estava tão feliz em vê-la que era capaz de chorar.

Jéssica estava com uma bandeja. Nela havia um pano, um jarro e um copo. Ela se aproximou de Rebecka e se ajoelhou ao lado da filha a observando com cuidado. Ela pegou no rosto da adolescente como se ela fosse a coisa mais delicada do mundo.

- Você passou por muita coisa hoje. - Jéssica comentou.

- Me desculpe mãe, eu tentei controlar... - Rebecka começou a chorar.

- Shhh... Não é culpa sua. - Jéssica olhou para as correntes e a cor que estava os braços da filha. - deixa eu dar um jeito nisso. - Ela se levantou e foi numa espécie de alavanca para aumentar as correntes e abaixar os braços dela.

Rebecka sufocou um grito. Aquilo era muito desconfortável. Jéssica voltou a ficar de joelhos de frente a ela.

- Melhor?

- Aliviou. - mentiu a garota. - Obrigada.

Jéssica sorriu de forma maternal. Rebecka via que ainda tinha uma chance de se redimir com a mãe.

- A senhora me odeia? - A garota pergunta de forma tímida. 

Jéssica parou de molhar o pano e encarou Rebecka.

- E por que eu odiaria você? Rebecka...

- Eu sou um monstro, mãe. - Os olhos ficaram marejados. - Olhe para mim. Não posso ser controlada e não posso andar livre como uma pessoa normal.- Agora as lágrimas corriam livres.

- Não é verdade, meu bem. - Jéssica falou limpando o rosto de Rebecka com o pano molhado. O pano branco ficou manchado de vermelho, mas Jéssica não se importava. - Você é uma pessoa especial e vai fazer coisas maravilhosas no futuro, eu sei disso.

As lágrimas de ambas escorriam nos seus rostos​, mas elas não se importavam.

Eu, RebeckaOnde histórias criam vida. Descubra agora