Capítulo 12

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Rebecka estava sozinha sentada de pernas cruzadas no chão do grande salão do Caminhante. Sua alma estava pesando toneladas e ela não conseguia se concentrar em sua meditação.

O que realmente está acontecendo? Ela se perguntou em pensamento, mas por mais que tentasse, não conseguia chegar a uma conclusão e ela odiava toda aquela situação.

Estava nesse pensamento infeliz quando ouviu alguém chamar seu nome e passos se aproximarem dela. Rebecka bufou de frustração. Reconhecera muito bem aquela voz irritante.

– Então, agora vai me dizer o que aconteceu com você ontem à noite e em que lugar do seu corpo foi feito a marca? Ou eu vou ter que conversar com a dominus pra ela mesma te obrigar a mostrar? – Bryan pergunta ficando de frente pra ela, a olhando de cima com superioridade. Sua armadura prateada reluzia fazendo os olhos de Rebecka doerem.

Ela dá de ombros e volta a fechar os olhos fingindo que está meditando para que desista e vá embora, porém, não é isso que ele faz. Ela escuta o barulho de armadura batendo no chão e quanto abre os olhos para espiar, nota que Bryan estava sentado à sua frente. Ele estava com aquele maldito olhar de deboche.

– Não adianta tentar escapar das minhas perguntas. Você vai responder todas elas. – Ele falou a encarando nos olhos.

– E quem vai obrigar? Você? Eu acho que não.

– Você sabe o que eles querem de você? – Ele mudou um pouco de assunto e Rebecka se viu prestando atenção nas palavras dele. Bryan notou que ela não estava ciente da situação, e isso significava que Celine não conversara nada de muito interessante com ela. Ele ficou se perguntando se era adequado falar sobre isso com ela, mas quando pensava em não fazê-lo seu coração se apertava e ele não sabia o porquê. – Eles querem seu corpo para um ritual...

– Isso Celine me disse, só não disse para qual ritual eles me querem. – Rebecka estava irritada e fadigada com aquela conversa, queria que ele saísse da sua frente e a deixasse em paz.

Ele colocou os dedos nos lábios, estava bastante pensativo e quieto, o que era estranho para Rebecka.

– Bem, agora que eu sei que você tem a marca, eu posso ter uma ideia do que eles querem com você. Mas primeiro eu quero te perguntar uma coisa. – Ela resmungou ante as palavras dele. – Preste atenção. Você sabe o motivo de eu ter vindo a esse santuário a alguns anos atrás?

– Não sei e nem quero saber. – Foi a resposta dela. Mas ele a ignorou.

– Fui atacado por um grupo de demônios. Nessa época eu não acreditava muito nessas coisas, mas me vi em uma situação difícil com eles. – Ele parecia distante nesse momento e Rebecka sabia que ele estava revendo na mente tudo aquilo que estava falando para ela. Então ela resolveu deixar de implicar um pouco com ele e prestar mais atenção. – Os demônios começaram a fazer um ritual estranho e um deles tocou o meu rosto e me marcou com isso. – Ele tocou na tatuagem abaixo de seu olho esquerdo. – Foi bastante doloroso, se a dominus não tivesse chegado até mim naquele momento e me salvado, eu certamente teria morrido.

– O que faria um bem danado para a humanidade. – Rebecka comentou com maldade.

– Não haja como uma idiota, Rebecka! – Bryan a repreendeu, e ela percebeu um pouco de dor em sua voz. – Talvez o propósito deles seja o mesmo que o meu: eles estão querendo ressuscitar alguém.

– Ressuscitar alguém?

– Sim. Antes da dominus chegar para me salvar, eu ouvi um deles falar que estava quase na hora de inserir alguém em meu corpo. Não me pergunte quem é essa criatura, pois eu nunca soube e nem desejo saber, mas que eles me queriam como receptáculo, isso é a verdade.

Eu, RebeckaOnde histórias criam vida. Descubra agora