Capítulo 7

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Rebecka corria assustada na floresta. Não sabia mais para onde ir, não podia se esconder. Aquilo era um tormento. Sua mãe, Jéssica, não parava nem um mísero segundo de correr atrás dela. A mãe estava com o abdômen dilacerado, da mesma forma que Rebecka a vira da última vez. As entranhas estavam a um ponto de sair de dentro dela e cair no chão. Rebecka estava quase chegando ao ponto de entrar em pânico e começar a chorar. Enquanto isso sua mãe gritava:

– Não adianta correr, não adianta tentar fugir do seu passado, Rebecka! Ele sempre voltará para lhe assombrar.

– Não foi culpa minha! – Ela gritou com a voz estrangulada.

– Ah, a culpa sempre foi sua. Bastarda maldita! Eu devia ter te abortado quando tive a chance, mas eu não sabia que tinha um monstro no útero.

– Pare! – Rebecka parou de andar e colocou as mãos nos ouvidos tentando inutilmente não ouvir o que a mãe dizia sobre ela. Aquilo a machucava grandiosamente.

– Parar por que? Você sabe que a culpa é sua. Eu não estaria morta se você tivesse morrido antes de mim.

– Pare! – Rebecka implorou. Sentia que a respiração começava a lhe faltar. Ela se ajoelhou e colocou as duas mãos no chão procurando se apoiar, pois já estava perdendo todas as forças. Seu corpo tremia.

– Você devia ter morrido. Não eu.

– Pare, por favor... – A voz de Rebecka estava fraca agora e ela sentia sufocar.

– Ela nunca vai parar. – Uma voz masculina ecoou. Rebecka ouviu Jéssica rir com contentamento. – Sua mãe sofreu, por sua culpa, pelas suas próprias mãos. Então ela tem o direito de te atormentar. Porque você é a culpada. É a culpada de tudo.

Rebecka ergueu a cabeça e notou que um homem estava de frente pra ela, sentando no chão, a olhando com cobiça. Tinha os olhos verdes, os cabelos eram castanhos escuros. Ele sorriu para Rebecka com maldade. Ela sabia quem ele era. Não conhecia seu rosto, mas reconhecia sua maldita voz.

– Já fazem muitos anos, não faz, Rebecka? Quando você estava em casa, eu podia te atormentar como queria, mandava meus servos possuir o seu corpo e usá-lo para fins perversos. Mas você fugiu. Escapou dos meus dedos. Ah... como a procurei.

– Você não pode ter me encontrado. – Rebecka comentou. Assustada.

– Como não? – Ele aproximou a boca do ouvido de Rebecka. – Como você acha que eu estou aqui?

– Não está aqui.

– Pessoalmente, não. - Ele admite, enquanto passa a mão pelos cabelos cacheados e curtos. - Mas, depois de muitos anos, eu finalmente encontrei você. Confesso que foi difícil. Os meus servos haviam me dito que uma mulher, com codinome "Caçadora de Almas" perambulava pelas ruas a noite quando via um demônio livre por ai atormentando os humanos, você os matava. Sempre à procura de informações. – Ele sorriu com contentamento – Eu tinha plena certeza que era você. Então... eu só tive que bolar um plano. E hoje, na madrugada, deu certo. Você podia até não ter percebido, mas o meu servo que você matou fez uma marca em sua perna quando você empunhava uma espada em seu pescoço. Eu sei, eu vi tudo através dos olhos dele. – Ele a olhou de cima a baixo, com desejo. – Ah, Rebecka, você ficou tão linda. Esses dez anos fizeram muito bem para você.

– O que você quer de mim? Você me tirou tudo! - Ela grita o olhando nos olhos. 

– Tem certeza? Tudo mesmo? - Ele pergunta com maldade.

Imediatamente Rebecka pensou em Julie e seus olhos se arregalaram devido a sua compreensão. Seu coração acelerou.

– Ah, você se lembrou que tem alguém da família que ainda está vivo... - Ele dá pequenos aplausos. - Perfeito. 

Eu, RebeckaOnde histórias criam vida. Descubra agora