A noite havia chegado mais cedo do que Rebecka havia esperado. Sua mente continuava bastante perturbada e seu coração estava cada vez mais apertado. Já havia pensado em várias possibilidades de resolver seus problemas, mas todos eles a levavam a mesma coisa: ela teria que ir embora dali.
Não poderia pensar na ideia de que qualquer um que ela conhecia no templo, poderia morrer por causa das displicências dela ao longo desses anos. Agora, enfim, a realidade a alcançara e isso era muito assustador.
Ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e continuou sua atenção na sua mochila preta de couro. Iria embora dali pela madrugada, e ninguém a impediria. Estava nesse afazer quando uma gota de água caiu em cima de suas coisas, ela percebeu que estava chorando e aquilo a fez sofrer ainda mais. Ela limpou as lágrimas, mesmo assim mais apareciam. Não queria fugir daquela forma, mas era preciso.
Rebecka fungou baixinho.
– Está mesmo pensando em fazer essa idiotice? Mesmo depois de tudo que eu te falei hoje? – Ela ouve alguém perguntar e se vira assustada.
Bryan estava escorado na porta do quarto dela. Naquele momento ele não estava de armadura e sim com uma roupa cinza e confortável. Parecia estar relaxado, mas seus olhos não paravam de repreender Rebecka.
Depois do susto tomado Rebecka deu de ombros e voltou sua atenção à mochila.
– O que eu faço não tem nada a ver com você.
Ela ouviu ele suspirando e ficou atenta ao que ele poderia falar em seguida.
– Você não é mais criança, então sabe das consequências de tudo que faz. Mas, antes de cometer sua idiotice, vá jantar. A dominus mandou eu chamar você.
Ela virou para ele com uma interrogação na face.
– Mas a hora do jantar já passou...
– Você vai jantar com a dominus. – Ele olha para a mochila de Rebecka em cima da cama e em seguida olha para ela. – É melhor se apressar, a dominus não gosta de ficar esperando. – Ele sai da porta do quarto e deixa Rebecka sozinha outra vez.
***
Rebecka trocou de roupa e foi até o escritório de Celine. Ela optou por uma calça preta (principalmente para esconder sua marca), uma blusa de alcinha preta e uma jaqueta da mesma cor, seus cabelos estavam amarrados em um rabo de cavalo e ela usava uma tiara preta. Ela pisava com força no chão com suas botas de cano longo. Vez ou outra se via esfregando as mãos de ansiedade. Será que Bryan havia dedurado ela para Celine naquele meio tempo?
Ela parou de frente a porta de Celine e bateu. Alguém mandou ela entrar, mas antes de fazer isso, Rebecka engoliu em seco.
Existiam três cadeiras de jantar no recinto, Celine estava sentada em uma delas e sorriu para Rebecka quando ela fechou a porta e se virou para encarar a dominus. A outra cadeira estava ocupada por Bryan que geralmente jantava com Celine para resolverem alguns assuntos enquanto comiam. A terceira cadeira estava esperando por Rebecka.
Celine apontou para a cadeira e esperou Rebecka se sentar para poder falar.
– Eu soube que você não foi jantar hoje com os outros e fiquei preocupada. – Celine a encarava como se a estivesse investigando. Ela começou a encher seu prato e os outros a acompanharam.
Rebecka olhou para Bryan antes de responder algo.
– Eu não estava com fome, Celine.
– Besteira. Você precisa se alimentar, sei que a madrugada não foi muito fácil para você. E hoje pela tarde você treinou bastante. Fiquei sabendo que você acabou quebrando uma de nossas fontes aquíferas. – Celine coloca uma porção de comida na boca e olha atenta para a outra.

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Eu, Rebecka
Paranormal⚠Atenção⚠: Para melhor entendimento leia: Os caminhantes ... Bastava se distrair um pouco e já era. A vida de Rebecka era um emaranhado de problemas. Seus pais já não suportavam o que vinha acontecendo na vida da sua filha mais velha e queriam dar...