Capítulo 20

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Uma menininha corria de um lado para o outro na sua casa antiga. Ela se sentia muito feliz e era sempre sorridente naquela época, principalmente quando estava perto de sua mãe biológica, que ela não conseguia se recordar do nome dela naquele momento.

O seu pai também sempre foi muito atencioso com ela, o que ela amava, já que assim se sentia muito importante e especial.

Daquela casa antiga, ela só tinha medo de uma coisa: o porão aonde sua irmã ficava.

Não entendia muito bem, talvez por ser muito jovem naquela época. Mas quando ela ao menos passava perto do porão em que sua irmã estava, que ela também não recordava o nome, ela se sentia zonza e sua alegria diminuía drasticamente. Mas apesar de tudo isso, ela sempre queria tentar se aproximar da irmã. Mesmo com sua mãe dizendo não para ela.

Fazer aquilo era um desejo enorme que ela tinha e que não podia conter.

Então, sempre que sua mãe não estava alerta com ela, a menininha descia as escadarias e ia direto para o porão. Ia nas pontinhas dos pés, bem devagar, porque, ao seu ver, sua irmã ficava furiosa com ela, porque ela sempre a assustava ao chegar até ela muito rápido naquela escuridão toda.

Mas, mesmo ela fazendo todo esse ritual, com o maior cuidado possível, sua irmã sempre começava a gritar com ela enraivecida, puxando aquelas correntes grandes para tentar se aproximar dela. Então, era nesse momento, que sua mãe corria em desespero para tirá-la do quarto e lhe dar outro sermão de não entrar lá.

Ela era sempre afastada da sua irmã, porém, mesmo com sua irmã lhe fazendo mal de alguma forma, ela queria poder estar com ela. Esse era o desejo de seu coração quando pequena.

E foi disso que ela nunca esqueceu.

***

Julie abriu os olhos em um sobressalto. Ter aquelas lembranças martelando na sua cabeça sempre a incomodava e lhe dava uma sensação de vazio.

Ela nunca teve irmã alguma, aquilo era coisa de sua imaginação fértil. Ela teve sim aqueles pais biológicos. Mas eles morreram. Seu pai matou a sua mãe. Foi o que ela descobriu há um ano atrás, da pior forma possível. Mas ela nunca teve uma irmã, seus pais adotivos disseram que ela era filha única. Então essas lembranças não eram bem lembranças. Eram a sua imaginação.

Porque até parece que teria uma garota acorrentada dentro de um quarto em sua casa...

Ela olhou para o lado.

Rebecka parecia estar em um sono profundo, sentada no banco do motorista. Já não estava mais com o rosto sujo, na verdade, nem mesmo Julie estava mais com o rosto sujo de sangue.

Estava chovendo lá fora, o tempo estava bastante nublado e frio. Tinha uma jaqueta preta cobrindo os ombros de Julie. Era o mesmo que a outra estava usando na madrugada anterior.

Elas pareciam estar em uma espécie de doca abandonada. Aquele lugar lhe dava arrepios.

Julie destrava as portas do carro com muito esforço e se prepara para abrir a porta do carro e fugir dali.

– Pegue na porta desse carro e eu quebro o seu pulso. – Ela ouve uma voz ao seu lado e faz uma careta. Quando ela vira para olhar Rebecka, ela estava de olhos bem abertos e olhando para ela. – Não pense que eu tenho o sono tão pesado assim.

– Mas o tal "perigo" já deve ter passado. Já amanheceu, e com certeza essas coisas não andam por ai de dia. Se é que aquilo aconteceu mesmo. - Ela contempla os próprios pensamentos por u instante. Até sorri para outra procurando ser convincente. - Eu já posso ir embora agora.

Eu, RebeckaOnde histórias criam vida. Descubra agora