♛ Verdades Passadas ♛

2.8K 267 23
                                    


Sou jogada para frente de forma brusca quando Kate freia o carro. A primeira coisa que fazemos é olhar para trás e ver que as crianças estão bem. Katherine me olha aflita quando vê que foi uns três ou mais carros que nos fecharam, mas seu olhar se alivia ao ver George descendo de um dos carros; ela desce correndo e vá abraçá-lo enquanto eu fico encarando tudo sem entender. O celular ainda está na minha mão, e eu já não tenho tanta certeza do que ouvi, mas... quando uma das portas do carro a nossa frente se abrem e eu o vejo descer, começo a ter certeza que a sua voz era real. Ele é real. Com cabelos grandes e castanhos, barba, seus olhos azuis fortes... papai...

Arranco meu cinto e empurro a porta do carro. Zonza. Encaro-o sem entender, mas ele está aqui, na minha frente. Me encarando da mesma forma que sempre fez quando eu era mais nova, da mesma forma que eu me lembro. Dou um passo cambaleante e sua direção, e ele não some ou foge como nos meus sonhos. Ele me encara, com dor, com pesar, pedindo desculpas com seus olhos. Mas eu não tenho que perdoá-lo. Nunca.

—Papai. —Sussurro sentindo as lágrimas escorrem.

—Oi, borboletinha. —Ele diz meu apelido e eu sorrio. Corro para seus braços e ele me recebe tirando-me do chão. Aperto meus braços com força ao redor do seu pescoço, para ter certeza que ele está aqui.

—Você está vivo. —Digo sem soltá-lo, temendo que ele se vá.

—Sim, eu estou. Eu estou. —Papai diz confortando-me.

—Como isso é possível? Ela me disse que você havia morrido em combate.

—Perdido em combate. Foi isso que aconteceu. —Papai sussurra olhando em meus olhos, então tudo faz mais sentindo.

—Você esteve fora...

—Anastásia, Ray, nós temos que sair daqui. —George diz ainda abraçando Kate.

—Tudo bem. —Papai diz olhando-me com ternura. —Katherine, leve-a para o carro, por favor.

—Tudo bem, padrinho. —Kate sussurra e eu a encaro alguns segundos confusa.

Ela se aproxima de mim e segurando meu braço. Caminho olhando para o meu pai, e ele entra em seu carro apenas quando Kate já entra. Minha amiga começa a dirigir e eles vão dando passagem, logo estamos indo em direção ao nosso apartamento.

—Desde quando meu pai é seu padrinho? —Pergunto confusa.

—Desde que eu nasci. —Ela diz como se fosse óbvio.

—Você sabia que ele estava vivo?

—Não, claro que não. Eu só sei das coisas quando tenho que fazer algo. Meu pai nunca gosto de me colocar em risco. Quando eu te encontrei, ele apenas me mandou uma mensagem dizendo que eu tinha que te pegar. Eu também pensei que você estava morta.

—Como ele sabe de todas essas coisas?

—Ana, nossos pais trabalharam juntos, você não lembra?

—Lembro, eles eram engenheiros. —Sussurro encolhendo os ombros.

—Não, pare de ser boba, eles eram agentes secretos.

—O que? —Pergunto com espanto enquanto Kate balança a cabeça.

—Eles não falavam nada porque sabiam que nós estaríamos em risco. Não faz sentindo para você? Seu pai sumir... você ter que morar com uma estranha?

—Ela sabia? A Mabel sabia? —As lágrimas começam a cair conforme tudo vai se encaixando.

—Sim. Por isso ela pegou você. Ela deveria estar chantageando seu pai, por isso ele deveria estar se fingindo de morto.

Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora