♛ Tomando Chá ♛

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Saio de trás da parede onde estou sentindo minhas pernas tremerem. Katherine me olha e morde os lábios. Maldita! Ele está aqui, bem na minha frente, de costas. Vestido por completo em um terno azul marinho, mas... ainda há algo. Seus cabelos parecem os mesmos. O tamanho, a cor enferrujada.

Meu coração está disparado eu estou pensando seriamente em voltar para onde eu estava, ou fugir pelas portas dos fundos, e eu nem sei se tem portas dos fundos, mas eu estou apavorada..., porém, eu sei que não posso fugir.

—O que você quer Sr. Grey? —Katherine pergunta sorrindo.

—Bom, eu só fiquei curioso, esse prédio está abandonado faz tempo. —Ele diz calmamente e sua voz que causa arrepios.

—É mesmo? —Ela sorri. —E o que você tem a ver com isso?

—Bom, um prédio velho, caindo aos pedaços. Valeria muito mais a pena vendê-lo.

O que? Sinto a fúria me tomar. Esse idiota acha que pode vir aqui e querer comprar o meu estúdio? O estúdio da minha mãe? Quem ele pensa que é?

—Acho que ele não está à venda. —Kate murmura e eu a fuzilo.

—Tudo está à venda. —Ele diz e sei que está sorrindo.

Abro minha boca para falar algo, mas o desespero toma conta de mim. Eu não posso fazer isso. Eu não consigo. Viro-me e saio correndo para as escadas. Tudo... tudo está tão confuso. É ele, ele estava ali, eu poderia ter falado com ele, mas não... correr foi o que me favoreceu. O passado parece estar tão recente. Christian... Clarissa. Tudo isso é tão confuso. Não posso simplesmente sair por aí gritando para o mundo que eu estou aqui, que eu vou ser uma mulher forte e enfrentar tudo e todos.

Eu ainda me sinto presa, presa aos meus medos. Eu estou apavorada. Apavorada de enfrentá-lo. Ele pode me querer longe. Christian pode me afastar ainda mais. Eu só vi a Clarissa uma vez, e por mais que eu esteja com muito medo, eu sinto que ela é a minha filha e eu quero sim conhecê-la, mas eu estou apavorada. Com medo. Medo do que vai acontecer depois. Eu não posso correr e dizer que eu quero meus direitos como mãe. Que mãe que ficou fora a vida toda pode ter direitos?

—Ana? Ana. —Ouço Kate chamar. Ela empurra a porta e me olha sentada na escada. —Ana... eu sinto muito. Eu não sabia que ele viria aqui, nem que você ficaria assim.

—Eu estou confusa, Kate, não posso enfrentar tudo isso agora.

—Ei, está tudo bem. —Ela sussurra acariciando meu rosto. —Nós podemos ir agora. Ok?

—Ok. —Digo fungando me levanto com a sua ajuda.

Nós caminhamos para o hall e Kate pega as chaves na mesa que está pelo meio, a mesma onde os projetos da reforma estão. Saímos logo do prédio e eu nem se quer olho para os lados, apenas entro no carro e coloco meu cinto. Fico olhando Kate dar a volta e entrar no carro dando a partida. Nós paramos no mercado para comprar algumas coisas para o jantar, e principalmente o sorvete de Gabriela.

—Você pode ir pegar o sorvete se quiser. —Kate sussurra enquanto olha algumas massas.

—Tudo bem. —Murmuro sorrindo. —Me espere aqui.

—Eu esperarei.

Caminho pelos corredores um pouco assustada confesso. Eu estou sozinha, bem, com a Kate, mas literalmente sozinha, livre, andando por um mercado com centenas de pessoas e ninguém vai me causar mal. Isso é tão... louco. Avisto as geladeiras e me aproximo para pegar Bem e Jerry's. Isso literalmente virou a coisa favorita de Gabby.

—Olá... —A voz infantil e doce me faz virar rapidamente. Olho para baixo e vejo Clarissa. Ela está uma graça, usando vestido e meia-calça branca.

Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora