Capítulo 04: Camélia

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"A beleza agrada aos olhos, mas é a doçura das ações que encanta a alma."
Voltaire

Terça-feira, 17 de maio

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Terça-feira, 17 de maio

Desde que acordei, a única coisa em que consigo pensar é: que roupa usar para não parecer que estou ansiosa para o almoço e, ao mesmo tempo, não parecer tão relaxada. Encontros são situações difíceis.

Como minha vida amorosa era mais parada do que fila de posto médico, fazia tempo que não tinha  nenhum encontro, ou qualquer experiência que envolvesse algum interesse amoroso. Talvez, o mais próximo que eu tenha chegado de um encontro, tivesse sido nas horas livres que eu gastei jogando The Sims e fazendo várias famílias felizes para disfarçar a tristeza e solidão que eu sentia.

Tudo bem, isso ficou um pouco triste demais.

O fato é que eu estava nervosa. Andei a casa inteira, mal consegui tomar café e cheguei na floricultura mais cedo que o habitual. Organizei as prateleiras, montei novas tabelas para organizar os lucros e as despesas do mês, além de fazer o pedido de novas flores que ainda não tínhamos. Troquei algumas etiquetas de preços que precisavam ser trocadas e olhei para o relógio, vendo que faltava pouco tempo para que Rafaela e Fernanda chegassem. Tudo estava em ordem, talvez em ordem até demais.

— Bom dia, Mari — disseram, juntas, as meninas, enquanto entravam, fazendo soar o sino da porta.

— O que aconteceu com você? — perguntou Rafa, enquanto colocava suas coisas em cima do balcão e me encarava.

— Eu não sei. Estou nervosa, é aceitável, não é? — elas riram enquanto me olhavam e eu cruzei os braços. Não era engraçado. Eu estava desesperada. Completamente desesperada.

— É totalmente compreensível que você esteja assim, Mari. Nós entendemos, mas achamos que talvez você deva relaxar — Nanda me abraçou enquanto falava. — Acredito que, se você aparecesse desesperada assim, até ele seria compreensivo.

Elas partiram para dentro da floricultura, para arrumar suas coisas e começar o trabalho. Hoje era uma terça-feira ensolarada e as pessoas decidiram que era um dia propício para comprar flores.

Minha mãe sempre disse que flores são a cura para tudo. Novos amores, términos, nascimentos, mortes, chegadas, despedidas. As flores podem representar as mais diversas coisas, nas mais diversas situações. E essa era uma das melhores partes de ser florista: imaginar o destino final daquelas flores. Elas chegariam, enfim, às mãos da mulher amada ou, por alguma artimanha do destino, acabaria dentro de um cesto de lixo? Elas seriam postas em cima de um caixão que seria velado aquela tarde ou seria entregue em um hospital, para uma mãe que acabou de dar à luz?

Flores para uma florista - Livro I [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora