Capítulo 16: Amaranto globo

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"A mudança é o sinal mais rico da imutabilidade."
Leonardo Camargo Ferreira

Música do capítulo: Maybe - Janis Joplin

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Música do capítulo: Maybe - Janis Joplin

Anos atrás

Minha mãe estava sentada no sofá. Eu deitei a cabeça em suas pernas e ela mexia no meu cabelo calmamente. Fazia um ano que Filipe tinha ido embora, era Dia dos Namorados. Meu coração estava apertado de saudades.

— Sabe, Mari, ficar assim não vai resolver muita coisa — ela disse, depois de inspirar profundamente. — Não vai resolver nada, na verdade. Eu sei que vocês eram um casal muito apegado e que um não vivia sem o outro, mas mudança é algo essencial na vida. Filipe precisava estudar e você precisa entender este lado dele. Eu espero, realmente, que você não entenda isso de modo a parecer que eu esteja o defendendo e te crucificando, mas pense nisso. Talvez, apenas talvez, você pudesse repensar a atitude que teve um ano atrás. Ele amava você, você amava ele, os dois se amavam. Ele não queria te deixar, você não quis ir com ele e ele precisava mesmo ir. As pessoas são livres para fazerem o que querem e precisam, amarrá-las a si mesmo não é algo natural e, nem mesmo, saudável.

Eu ouvia tudo o que ela dizia, repassando as falas mentalmente e pensando em tudo isso. Talvez eu tenha sido mesmo dura. Talvez eu tenha sido precipitada. Talvez eu tenha feito muitas coisas que não deveria fazer. Mas o tempo passou e eu perdi todas as oportunidades de refazer os meus erros.

Maybe, maybe, maybe, maybe, maybe, dear
I guess I might have done something wrong
Honey, I'd be glad to admit it
Ohh come on home to me!
Honey, maybe, maybe, maybe, maybe... yeah

Domingo, 29 de maio

Minha vida está uma droga.

Foi o primeiro pensamento que tive assim que acordei no domingo ensolarado. Os raios de sol não estavam combinando com a tempestade que se iniciava dentro de mim. Sentei na cama, tentando não acordar Vini, que me acalmou até que eu, finalmente, conseguisse dormir.

Levantei e andei até a cozinha para que pudesse passar o café. Nada como um café doce para contrastar com a vida amarga. Sentei na cadeira e, no mesmo instante em que peguei o celular, me lembrei de quando fui comprar pão e do que encontrei aquele dia.

Abri o Instagram e digitei o nome. O perfil logo apareceu na tela e eu respirei fundo duas vezes, decidindo se abriria ou não. Uma olhadinha não mata ninguém, mata?

O perfil abriu na tela do celular e eu passava os olhos pelas fotos, abrindo uma ou outra para olhar melhor. Medicina, medicina e mais medicina. Algumas fotos com crianças no hospital e outras em eventos. Nenhuma com outra pessoa. A legenda da penúltima foto, dizia o que eu mais temia e, se tivesse visto antes, talvez não estivesse passando por isso agora.

Flores para uma florista - Livro I [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora