"Não gosto do efêmero, do jeito que as coisas são vividas em alta velocidade e com pequena validade. O eterno, ah o eterno! vibra esperança, mesmo que sua durabilidade seja tanto quanto um dia!"
Joany TalonSexta-feira, 20 de maio
Acordei me sentindo mais disposta que no dia anterior. Nada de sonhos com ex-namorados nem coisas ruins acontecendo. Tinha medo até de falar e acontecer algo.
Vini ficou comigo o dia inteiro. Assistimos filmes, ele pediu pizza e perguntava se estava tudo bem a cada cinco minutos, provavelmente com medo de que eu tivesse outra crise, como a que me abateu dois anos atrás. Ele se ofereceu para dormir aqui, mas eu disse que não precisava, que eu tinha que criar forças para enfrentar isso sozinha e que, caso acontecesse algo, o número dele estava no meu contato de emergência.
Levantei, fui para a cozinha e deixei a cafeteira preparando o café. O dia não começa antes da boa e velha xícara de café. Peguei meu celular e, como era esperado, havia duas mensagens de Vinicius.
"Bom dia, Marizinha. Dormiu bem? Nenhum sonho? Nada que possa estragar essa sexta-feira maravilhosa?"
"Aviso: não saia sem um casaco. Hoje o sol não quis dar as caras."
Fui até a janela da sala e retirei a cortina, encontrando um céu cinza, como um presságio da chuva que poderia cair em breve. Logo o café ficou pronto e eu me arrumei para ir ao trabalho, teria que compensar o fato de não ter ido ontem. O trânsito não estava tão insuportável hoje, provavelmente as pessoas estavam se preparando para descer ao litoral, o que já aliviava bastante as ruas. Quando cheguei à floricultura, encontrei um bilhetinho de Rafa e Nanda colado no balcão.
"Bom dia, Mari!
Como você sempre chega primeiro, resolvemos deixar este recadinho. Estaremos aí mais cedo para ajudá-la. Esperamos que esteja bem!
Nanda e Rafa."
Sorri com a mensagem e deixei o papelzinho perto da minha bolsa, coisas pequenas assim me faziam extremante feliz. Estava terminando de guardar algumas coisas dentro da sala quando ouvi o barulho do sino da entrada.
— Bom dia, chefinha! — disse Nanda quando eu voltei para a frente da loja. Ela largou sua bolsa no balcão e me deu um abraço apertado e, logo em seguida, Rafa fez o mesmo.
As duas perguntaram como eu estava e eu tentei explicar a elas que, pelo menos ainda, estava bem. Não havia crise nenhuma e nem pretendia ter. Não havia nada com o que se preocupar, ou era isso que eu tentava, a todo custo, enfiar na minha cabeça. Contei a elas sobre as flores que recebi ontem e sobre Vini ter cuidado de mim o dia inteiro.
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Flores para uma florista - Livro I [COMPLETO]
ChickLitO dia dos namorados é uma data que, gostem alguns ou não, movimenta todo o comércio das grandes e pequenas cidades. Ursinhos de pelúcia, flores, chocolates... é uma das datas que mais gera lucro para alguns setores. Marina, porém, vivia uma relação...