Capítulo 11: Gloxínia

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"Quando eu vi você tive uma ideia brilhante. Foi como se eu olhasse dentro de um diamante e meu olho ganhasse mil faces num só instante."
Paulo Leminski

"Paulo Leminski

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Anos atrás

— É sério, não vai mesmo me contar onde está me levando? — perguntei pela centésima vez enquanto Filipe me arrastava, tentando fazer com que eu não caísse com os inúmeros tropeços que dava devido à venda.

— Se é uma surpresa, eu não posso te contar, Mari — ele respondeu rindo e, então, segurou em meus ombros para que eu parasse de andar.

Senti que ele parava em minha frente. Suas mãos, leves, desamarravam o nó da venda atras da minha cabeça e a primeira visão que tive foi um Filipe sorridente. Ao redor, uma toalha no chão de concreto, da cobertura do prédio em que ele morava, com uma cestinha em cima. Muito coisa de filme.

— Desculpa o concreto embaixo da toalha, era para ser uma grama verde, muito verde. Mas, nesse caso, teríamos que dividir o lanche com os moradores de rua ali da praça — ele disse, com toda sinceridade que sempre tinha, enquanto eu o abraçava.

Terça-feira, 24 de maio

Vini comia um pedaço de bolo de chocolate que fez usando os ingredientes que achou na minha geladeira, enquanto estava largado com os pés em cima do meu sofá. Vale ressaltar que ele estava apenas com o bolo na mão e sujava todo o sofá com cobertura de brigadeiro.

— Dá para você parar de tentar transformar minha casa num formigueiro? — perguntei, estendendo um prato para ele, que bufou e revirou os olhos, mas aceitou.

— O que vamos fazer no feriado? — perguntou de boca cheia. Sério, às vezes me pergunto se ele realmente recebeu educação.

— Não pensei em nada — respondi apenas. Era verdade que não tinha pensado em nada, apenas em deitar na cama e levantar somente para o que fosse realmente necessário.

— Podemos descer e passar uns dias lá na casa no litoral — ele disse, dando a ideia. — Sabe, esquecer um pouco tanta flor.

"Ou ficar mais doida ainda com elas", pensei. Se Vini fosse o admirador, como tinha a possibilidade de ser, ele entregaria flores mesmo que não estivéssemos em São Paulo? Eu já recebia flores em casa, mas receberia enquanto estou numa casa no litoral?

É, eu já estou ficando doida antes mesmo de ir.

— É uma boa ideia — falei e ele sorriu, levantando a sua mão em punho para que eu desse um soquinho nela.

Matheus não apareceu na floricultura hoje, o que eu achei muito estranho, mas pode ter aparecido enquanto eu estava no almoço e ninguém comentou nada. As meninas estavam agindo de forma estranha e eu não fazia a mínima ideia do porquê. Meu celular vibrou na mesa e eu o peguei. Falando nele...

Flores para uma florista - Livro I [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora