Vinte e quatro: O que acontece na madrugada, fica na madrugada

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|MADISON|

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|MADISON|

  Acordo com uma sede insuportável. Olho para o despertador ao meu lado e dou uma leve bufada ao perceber que ainda são três da manhã. Desvio os meus olhos dele e encaro a Allison e a Megan que dormem tranquilamente enquanto a lua ilumina os seus belos sonhos. Elas parecem tão serenas. Tento caminhar devagar até a porta para não acordá-las, afinal, amanhã cedo teremos que limpar o lago, que a diretora fez questão de nos avisar que está imundo.

Abro a porta lentamente e caminho devagar até a escada para não correr o risco de tropeçar em algo nesse escuro. Arqueio a sobrancelha ao ver a lareira acesa no andar de baixo. Eu sei que a temperatura caiu de repente durante essa semana, mas não tinha a necessidade de acender a lareira.

Sinto um vento frio passar por mim. Meus pelos do braço se arrepiam.

É, talvez haja sim a necessidade de acender a lareira.

Mas quem estaria acordado essa hora para acende-lá?

Desço as escadas de um modo hesitante. Encontro Nicolas encolhido sentado no chão ao lado do sofá. Ele está encarando o fogo sem piscar,  como se estivesse divagando em seus pensamentos. Em volta de seu corpo há um cobertos gigante. Ele parece...reflexivo? Não sei se seria essa a melhor palavra para definí-lo nesse momento. Não há como descrever o que ele pensa. Parece muito intenso.

— Olá, invasor de jogos de rugby! O que faz aqui à essa hora? — pergunto sentando na ponta do sofá. Ele está ao meu lado, sentado no chão. A distância entre nós é só em altura. Ele me lança um sorriso hesitante, me oferecendo um cobertor ao perceber que eu me encolho de frio de repente. — obrigada.

Nicolas dá de ombros.

— Então...o que te trás aqui?

— Estava sem sono. Resolvi acender a lareira. Ela me ajuda a pensar. — ele para um segundo para bufar. — Você deve me achar um idiota quando digo essas coisas, né?

— Na verdade, não acho. Achava você muito mais idiota há semanas. — eu sorrio, e ele também. — Definindo os seus pensamentos e emoções você parece muito mais real. — concluo.

— Você tem razão. — ele responde depois de alguns segundos.

— Quer dividir os seus pensamentos comigo? — pergunto.

Ele respira fundo durante alguns segundos. Talvez esteja se decidindo se deve ou não falar algo.

— Estou com saudades de algo que eu nunca tive. O carinho puro da minha família. Ela é tão conturbada e triste que eu me permiti ser assim também. Isso tudo vem me causando cada vez mais repulsa. Será que eu fiz alguma coisa errada para nunca ter recebido um abraço sincero, uma boa história antes de dormir, ou até mesmo um cafuné?! — Ele para por alguns segundos. Desvia os seus olhos dos meus e encara a lareira. — O que tem de errado comigo?

SOB O MESMO TETOOnde histórias criam vida. Descubra agora