DOIS.

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Acorde, você precisa ganhar dinheiro.

Caramba, está ainda mais frio do lado de fora da Galerie. Droga! Droga! Droga!

Eu estou batendo queixo, a sensação térmica é de uns treze graus negativos, mas eu consigo ver naqueles termômetros enormes que ficam nas praças que são só dois graus abaixo de zero.

Ufa, que alívio! -Não!

Caminho com pressa para me esquentar, mas os meus ossos parecem estar congelados. Eu coloquei outra blusa por cima do moletom antes de sair da loja, mas ainda não foi o suficiente.

Vou apertando o passo, observando que os estabelecimentos estão todos cheios, mas as ruas estão relativamente vazias. Dois ou três gatos pingados, todos estão embaixo do edredom tomando chocolate quente, em frente á lareira com seus parceiros ou parceiras. Ou algumas pessoas estão em padarias procurando o café mais forte possível para enfrentar mais um dia de trabalho.

Londres não para por causa do frio. Aliás, algum lugar para?

A neve é leve, a fumaça sai da minha boca mesmo sem eu dizer nada.

Empurro o mais rápido possível a porta giratória do Starbucks, ansioso por um aquecedor no máximo.
Sinto meu nariz gelado enquanto olho ao redor, observando o movimento.

A grande maioria das pessoas estão acompanhadas de alguém, estão sentadas umas muito próximas das outras.

O cartaz que diz "PROMOÇÃO DO CAFÉ COM CREME" no quadro de giz, está no centro da parede atrás das atendentes. São só duas, para tanto movimento, mas mesmo assim, elas parecem tranquilas.

Dou dois passos até o cardápio fixado na vitrine e observo o café que vou pedir.

-Posso ajudar, Senhor? -A atendente se dirige a mim, prestando atenção em qualquer outra coisa, enquanto meus olhos confusos estudam o cardápio.

-Dois Baunilha Latte de 500ml pra viagem, por gentileza. -Respondo enquanto puxo a carteira do bolso interno da jaqueta.

Ela anota o pedido e entrega o papel para alguém que está atrás dela. É um rapaz de olhos claros e cabelos muito, muito escuros.

Ele me encara e me dá as costas, montando o meu pedido.

A outra moça entra na cozinha com algumas bandejas nas mãos, e eu fico ali sem saber pra onde olhar.

Olho em volta e nada me atrai mais do que imaginar o gosto do café na minha boca, enquanto a sua temperatura aquece o meu corpo constipado pelo frio da Inglaterra.

O garoto que ficou responsável pelo meu pedido, sai do que eu imagino ser a cozinha e vai até o balcão, me olhando fixamente.

-Seu nome? - Ele pergunta.

-Ahn, Louis Tomlinson.

-Esse nome vai nos dois cafés? - Me questiona enquanto tira da parte debaixo do balcão uma caneta.

-Não, não. Em um deles é Liam Payne. - Respondo deixando um sorriso gentil escapar, mas o rapaz sequer olha.

-Aqui está. Tenha um bom dia, senhor Tomlinson e volte sempre. - Ele me entrega os pedidos e eu, o dinheiro, sem saber direito se eu deveria estar pagando para ele mesmo ou em qualquer outro canto da loja. Mas ele aceita, então, deve ser.

Saio do café sem nenhum preparo psicológico para deixar o aquecedor para trás e enfrentar esse frio terrível para chegar na galeria.

Eu deveria ter pego o carro de Payne, já que o meu está na oficina, depois que eu, acidentalmente, atropelei uma lixeira e amassou a lataria, mas eu nem pensei nisso.

Scandal • L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora